Jovens de 25 (ou 29) anos
JOÃO PEQUENO*

O professor de sociologia Frank Furedi, da Universidade de Kent, discorda da causa econômica a que se costuma atribuir a tendência. Tendo a concordar com ele, ao menos se o suposto motivo for falta de bens ou de dinheiro. O aumento inédito do acesso a comida, eletrodomésticos etc. – culpa da liberalização econômica especialmente da Ásia – coincide com a maturação das ideias politicamente corretas plantadas por Marcuse e cia., mentores da geração professora da atual.
Pode ser só acaso, mas, na galera mais contra “o patriarcalismo, o capitalismo e tudo-isso-que-está-aí”, não falta gente que desfruta de vida em altísimo nível material com pouquíssimo mérito pessoal – graças à família e “tudo-isso” contra o que se rebela por saber que não corre nenhum risco.
Nem se trata dos tais “ritos obrigatórios”. Quem é solteiro e leva uma vida hedonista aos 40, por opção, é mais maduro que quem se casou e teve filho, ciente de que dependeriam dos pais/avós. Pode ser só acaso, mas coincide com quem hoje vive a defender a versão nacional do que Luiz Felipe Pondé já definia, há dois anos, sobre os “jovens” de Londres que “quebram tudo porque a malvada sociedade do consumo os obriga a desejar iPads”.
*JORNALISTA
**PUBLICADA ORIGINALMENTE NO JORNAL DESTAK
***Parágrafo-bônus: o projeto se origina de uma iniciativa da deputada federal pelo Rio Grande do Sul Manuela D’Ávila, recém-eleita presidente do PC do B, partido que domina a UNE (União Nacional dos Estudantes), da qual ela também já foi presidente. A entidade tem nas carteirinhas de estudante para meia-entrada sua principal fonte de financiamento, mas é claro que a parlamentar não quis dar uma forcinha. Também foi puro acaso.