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Inveja no Céu

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JOÃO LUIZ MAUAD *

Um amigo enviou-me o link para este artigo no New York Times.  Certamente, queria me provocar.  E conseguiu.  A começar pelo título: “Luta de Classes no Céu”.  Raramente tenho visto alguém destilar tanta inveja quanto o autor do artigo.  Não sou daqueles que acha que todo esquerdista é invejoso, mas é inegável que esse vício horroroso está estampado na cara dos mais radicais, como parece ser o caso desse autor.

O artigo fala das diferenças marcantes que há entre as classes, dentro dos aviões.  Mr. Atlas (esse é o nome do cavalheiro) começa reclamando de que, enquanto ele tem que virar-se com poltronas apertadas e matar a fome com snacks, o pessoal “atrás da cortina” se esbalda em poltronas aconchegantes e espaçosas, além de aproveitar a boa culinária com guardanapos de linho.  E eu acrescento: tudo isso regado a vinhos de boa safra e atenção redobrada dos comissários.

Ele não menciona, evidentemente, que aqueles afortunados estão pagando preços que variam de três a seis vezes o valor da sua (dele) passagem.  Provavelmente, é daqueles que acham que o mercado só deveria produzir um mesmo tipo de automóvel e casas rigorosamente iguais para todos.  Qualquer diferença é injusta, desde que alguém tenha mais do que ele.  Assim, se ele não pode comer caviar ou foie gras, todos deveriam comer ensopado de frango com batatas.  E ponto final.  Não se dá conta de que o preço pago pelos nababos das primeiras classes é que torna palatáveis os preços das econômicas.

Mas isso não o sensibiliza, pois, além da inveja, o moço deixa escapar um quê de elitismo também.  Atitude, aliás, não rara entre eles.  Isso fica claro quando fala dos “velhos tempos”, em que viajar, mesmo nas classes econômicas, era um “luxo”.  Nada muito diferente do que os eternos saudosos da velha VARIG costumam reclamar.  Mas quanto custava aquele “luxo”?  Pois eu lhes digo: custava o suficiente para afastar qualquer possibilidade de os mais pobres (classes “C” e “D”) usufruírem dele.  Um nordestino pobre que quisesse ir de São Paulo a Fortaleza para rever a família, precisava encarar 4 dias de estrada, em ônibus sem qualquer conforto.  Hoje, graças aos preços muito mais accessíveis, ele pode ir de avião e levará pouco mais de três horas.  Pergunte a esse cidadão se ela está insatisfeito?

Há muito aprendi que, quando alguém lamenta das “injustas” diferenças de classes, a melhor coisa a fazer é perguntar se ele/ela estaria disposto a admitir que o abismo entre ricos e pobres fosse ainda mais pronunciado, desde que isso implicasse num aumento significativo do bem estar das classes menos favorecidas. Se a resposta for “não”, equivale à admissão de que a verdadeira preocupação dele/dela é com o que os mais ricos possuem, e não realmente com o que falta aos mais pobres. Se, por outro lado, a resposta for “sim”, restará demonstrado que a desigualdade é, na realidade, irrelevante.

* ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

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