Inflação, esquerda e a reação sindical
(1) Nos últimos anos (décadas?), a esquerda, que costuma liderar o movimento sindical, mudou o foco para questões identitárias e perdeu boa parte do vínculo com os trabalhadores homens, brancos (pelo menos para padrões brasileiros) e que fazem piadas com minorias. Não por acaso, parte dessa turma ajudou a eleger Trump nos EUA e Bolsonaro no Brasil.
Conseguirá a esquerda retomar o papel de liderança sindical em campanhas duras, provavelmente envolvendo greves, por reposições salariais? Os sindicalistas conseguirão ir muito longe sem a esquerda? A campanha conta arrocho salarial está pronta para sair às ruas com apoio popular? E os autônomos?
(2) Lula, que é das antigas e cresceu como líder sindical, deve concorrer com chances reais de voltar ao Planalto.
Qual vai ser a estratégia das lideranças sindicais da esquerda (sem ignorar o ponto anterior)? Vão para as ruas pedindo reposição de salários com risco de aumentar a pressão inflacionária que vai cair em um possível governo Lula? Vão segurar a turma (conseguem?) na esperança de uma reposição de médio prazo nas linhas do que aconteceu nas outras vezes em que Lula chegou ao Planalto?
Com um Banco Central que deixa cada vez mais claro que não está disposto a “fazer o que for preciso” para controlar a inflação, respostas às perguntas como as que fiz acima ganham importância na trajetória da inflação para os próximos anos. Aguardo as cenas dos próximos capítulos.