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Impedimento

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hqdefaultTalvez a metade das polêmicas do futebol sejam por conta da existência da regra do impedimento. Se o “tira-teima” da transmissão da TV aponta o jogador 1 cm a frente da famigerada linha imaginária, a torcida do time que levou o gol passa a semana toda reclamando da arbitragem − “fomos roubados!”, gritam −, enquanto a torcida do time favorecido comemora. Porém, por mais polêmica que seja a existência dessa regra, é raro encontrar alguém que defenda sua extinção. Diante disso, lanço quatro perguntas:

1 – Alguém acha que para se acabar com os erros, basta treinar melhor o bandeirinha?

2 – Creem mesmo que algum dia os árbitros entrarão em campo condicionados como máquinas aptas para avaliar e julgar cada milímetro do campo e cada milionésimo de segundo de uma partida, isentos de erros?

3 – Quantas décadas precisam se passar para enxergar que o problema se resolve apenas extinguindo a regra do impedimento?

4 – Quantos séculos precisam se passar para entender que sem a tal regra, os jogadores ficarão mais espalhados pelo campo, a bola rolará mais, as partidas serão muito mais dinâmicas e interessantes?

Estou falando tanta besteira quanto aqueles que décadas atrás diziam que a Fifa deveria implantar chips nas bolas para se ter a certeza de que ela entrou ou não no gol. Os opositores de tal medida contra-argumentavam dizendo que tal medida iria tirar a autoridade do juiz ou até mesmo… “acabar com a magia do futebol”. Pois é… A Fifa demorou vinte anos para chegar a conclusão que deveria implantar os chips e hoje não há nenhuma pessoa neste planeta que acha que deveria se voltar ao passado.

Então, olhemos para o lado de fora do estádio: Essa campanha eleitoral está servindo para consolidar ainda mais a crença de que as soluções de nossos problemas são, na verdade, sentenças de morte. Enquanto algumas sociedades estão conseguindo minimizar o Estado, trocando leis por liberdade, por aqui cada candidato a presidência se esforça para criar uma forma própria de defender o mesmo que todos os outros:  o Estado como provedor de “bem-estar social”.

Um ou outro até promete diminuí-lo, caso seja eleito, mas a verdade é que “privatização” e “autonomia do Banco Central” e da economia continuam sendo termos satanizados, utilizados apenas na tentativa de colar uma imagem pejorativa no adversário. A despeito dos escândalos de corrupção que evidenciam o quanto uma empresa estatal é vulnerável aos interesses partidários, se Dilma, Marina ou Aécio dissessem uma única vez “privatizarei a Petrobrás”, perderiam metade dos votos no dia seguinte.

Vi agora a pouco, enquanto escrevo este texto, um vídeo de um carteiro entregando de casa em casa a panfletagem do PT. Ontem foi divulgado um vídeo com um deputado petista, num evento público, explicando detalhadamente a forma como os Correios estão sendo usados pelo seu partido na campanha de Dilma. O sujeito é aplaudido euforicamente. Esses dois vídeos bastam como provas de crime eleitoral gravíssimo, mas… e daí? A candidatura de Dilma será impugnada? A poucos dias das eleições e o TSE sendo presidido por um ex-advogado do próprio PT, qual seria o resultado? Nenhum. Ouso dizer que isso não renderá mais do que duas ou três reportagens. Tudo não passará de mais um caso entre tantos e tantos… Como no futebol, será só mais uma polêmica envolvendo uma regra (a necessidade de empresas estatais) que, apesar de emperrar a dinâmica econômica e de protagonizar tantos absurdos, não faz o público mudar de opinião. Por mais que o “tira-teima” do que resta de mídia, de polícia e de justiça independentes mostre os detalhes das jogadas, o povo empoleirado nas arquibancadas continua gritando e até cantando para que se mantenha Correios, Petrobrás, Eletrobrás, Caixa Econômica, Banco do Brasil etc sob o controle do governo. 47 milhões de brasileiros são assistidos por planos de saúde particular, ao mesmo tempo em que a quase totalidade da população, (incluindo grande parte desses 47 milhões) acredita que a saúde deve ser “pública e gratuita”, que basta o governo injetar mais e mais dinheiro no mesmo sistema do qual todos reclamam.

Sim, a maior parte da sociedade acredita que um dia descerá dos céus homens dotados com as mais santificadas virtudes, responsabilidades e sabedorias para administrar empresas estatais e que farão delas magníficos vetores de desenvolvimento social.

Quando Dilma diz que um Banco Central “levaria miséria a população”, ela apenas reforça um senso comum – baseado na ignorância comum. Aécio repete mil vezes que vai “salvar” a Petrobrás porque Dilma tenta todos os dias colar nele a imagem de um “privatizador” – quanta desgraça! Enquanto Marina promete que administrará a Petrobrás “junto com a sociedade”, Luciana Genro consegue ser mais aterrorizante ao prometer, em pleno século XXI, o calote da dívida pública, o controle do fluxo de capitais, a revisão de privatizações passadas e mais uma pá de medidas típicas do socialismo latino-americano. Ou seja: O povo gosta de ter o juiz o tempo todo parando a jogada, apitando uma besteira atrás da outra.

Para o brasileiro, xingar o juiz é tão bom quanto comemorar um gol ilegal.

Enquanto a sociedade brasileira consolida cultural e institucionalmente sua subordinação ao Estado, alguns países do mundo já experimentam a vida sem um juiz apitando cada gesto de seus cidadãos. Exemplo espetacular é o da Nova Zelândia, que minimizou drasticamente o tamanho e o poder de sua máquina estatal. Para ser exato, reduziu o número de funcionários no Ministério dos Transportes de 5600 para 53; no Ministério do Meio Ambiente de 17000 para 17 e no Ministério do Trabalho de 28 mil funcionários para apenas 1 (um!). Para um brasileiro, tais números parecem piada. Para um simpatizante, militante ou líder da esquerda brasileira, números como esses são blasfêmias! Os neozelandeses foram além: Extinguiram o Ministério da Educação, transferindo toda a gestão das escolas para os pais dos alunos. Venderam os ativos em todas as áreas da economia e privatizaram quase todas as agências governamentais. O resultado: A economia deu um salto de desenvolvimento com o setor privado assumindo todas as atividades antes controladas pelo Estado, registrando maior eficiência, menores custos, empregando mais pessoas e pagando melhores salários. A dívida pública caiu de 73% para 17% do PIB. A Nova Zelândia foi a economia que menos sofreu com a crise de 2009 e mantém-se entre os mercados mais livres e com uma das melhores qualidade de vida do mundo.

Mais: Na semana passada a Suíça, em referendo, rejeitou pela 3° vez a ideia de voltarem a ter saúde pública. Reafirmaram que querem que cada pessoa, que cada família, tenha a liberdade de escolher e pagar pelo plano privado que desejar.

Resumindo: O Brasil rola na lama, de boca aberta.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

2 comentários em “Impedimento

  • Avatar
    07/10/2014 em 8:14 pm
    Permalink

    … ” Diante disso, lanço duas perguntas:

    1 – Alguém acha que para se acabar com os erros, basta treinar melhor o bandeirinha?

    2 – Creem mesmo que algum dia os árbitros entrarão em campo condicionados como máquinas aptas para avaliar e julgar cada milímetro do campo e cada milionésimo de segundo de uma partida, isentos de erros?

    3 – Quantas décadas precisam se passar para enxergar que o problema se resolve apenas extinguindo a regra do impedimento?

    4 – Quantos séculos precisam se passar para entender que sem a tal regra, os jogadores ficarão mais espalhados pelo campo, a bola rolará mais, as partidas serão muito mais dinâmicas e interessantes? ” São duas ou QUATRO.Fraco silogismo . Tente outra vez.

  • Avatar
    06/10/2014 em 10:03 am
    Permalink

    Caro Jõao, poderia citar as fontes das informações…
    Desde já agradeço.

Fechado para comentários.

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