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Putin e a Teoria da Ferradura

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A teoria política da ferradura não é novidade. Praticamente difundida no meio da internet, ela surgiu no começo do século XXI através do filósofo francês Jean-Pierre Faye, por meio de suas análises sobre os movimentos autoritários e totalitários do século XX.

Porém, a ideia não é nova. Na República de Weimar, já havia a ideia de que o grupo conhecido como Fronte Negro, uma secessão do partido nazista, surgido da direita extremada, tinha tendências de se igualar quase às mesmas ideias dos comunistas, criando uma estranhíssima convergência.

Na contemporaneidade, a teoria voltou à tona a partir dos movimentos políticos nascidos após o final da Guerra Fria, alguns muito antes da atual polarização democrática, como no caso da Alemanha e da Áustria; antes da crise de 2008, ambos os países passaram por uma onda de críticas ao processo da globalização semelhantes, mas optaram por saídas diferentes. Os alemães passaram a dar mais votos à esquerda radical, via Die Linke, e os austríacos optaram por votar em partidos à extrema direita, como o FPO.

O movimento após a crise de 2008 passou a se expandir cada vez mais sob a forma de movimentos extremados na política, e, à direita e à esquerda, passaram a nutrir pautas comuns, dando corpo e fundamento à ideia de que extremos estariam passando a confluir em ideias políticas quase idênticas.

Na atualidade, uma figura política parece encarnar uma prova sólida da realidade da teoria da ferradura: ninguém mais, ninguém menos que Vladimir Putin.

O ditador russo claramente não se encaixa nos tradicionais espectros ocidentais, mas passa a confluir uma sucessão de ideias que têm nutrido admirações à direita e à esquerda no espectro político, ao menos quando se trata de Brasil.

Grande fatia do espectro político brasileiro da chamada esquerda progressista há tempos se desdobra para tentar justificar e passar por cima das posições antiprogressistas de Putin contra a liberdade ocidental, como a perseguição a grupos LGBT em geral, a supressão do movimento feminista no país e um absurdo nacionalismo xenófobo que é usado de justificativa para suas guerras e intervenções militares em países vizinhos, alegando um apoio, pois herdaram da extrema-esquerda da Guerra Fria a mentalidade de que os EUA e a OTAN representam uma espécie de “Império do Mal”, mesmo este englçobando os mesmos países que asseguraram as posições progressistas que eles defendem de prosperar com mais tolerância em nossa sociedade civil.

No lado da direita, uma digressão do que significa conservadorismo fez muitos acreditarem por muito tempo que os valores antiocidente de Putin refletiam alguma espécie de conservadorismo e elegerem Putin uma espécie de “bastião dos valores ocidentais” apenas pelo fato de este ser cristão e perseguir o progressismo em seu país.

Ora, Putin defende o Cristianismo oriental, ao qual não tenho nada contra, exceto o fato de este ter tornado a igreja ortodoxa russa um braço particular do Estado russo e submeter o líder religioso à sua vontade política.

Putin, acusa o ocidente e seus valores, inclusive os conservadores, de serem seus inimigos, culpando a sociedade livre e tolerante, herança ocidental, de estar minando a cultura russa.

O mesmo Putin que, em um ápice de nacionalismo russo exacerbado, consegue convencer grande parte de seus apoiadores de que figuras antagônicas na história do país, como Stalin e o czar Nicolau II, sejam cultuadas como grandes líderes e referenciais de um “passado glorioso”.

Hoje não existe ferradura política maior do que o ditador russo Vladimir Putin e se colocar contra ele é a defesa dos valores ocidentais pelos quais os liberais precisam lutar.

Essa ilusão de que algum lado do ocidente triunfará com a vitória de Putin arquiteta o terreno perigoso sobre o qual a nossa sociedade e liberdade estariam duramente ameaçadas.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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