O mês de outubro na história do Brasil
O dia 12 de outubro é o dia de nascimento e Aclamação do imperador D. Pedro I (1798-1834), ícone da Independência do Brasil, primeiro imperador brasileiro e libertador de Portugal do tacão do absolutismo miguelista.
Como não poderia deixar de ser, ele é um dos personagens centrais de meu livro “Os Fundadores – O projeto dos responsáveis pelo nascimento do Brasil”, lançado em uma versão brasileira e uma versão portuguesa pela editora Almedina/Edições 70.
A seu respeito, escrevi: “De todos os nossos pais fundadores, o imperador em si mesmo deverá ter sido aquele que fez a escolha mais difícil. Se para a maioria a pátria era Portugal, mas em sua extensão americana, e a separação valeria para preservá-la em sua dignidade recém-conquistada, ainda que se separando politicamente do antigo povo que lhe deu origem, para ele era mesmo uma escolha entre a pátria de berço e a de adoção e criação – e a de berço era Portugal, não o Brasil. Era uma escolha que o afastaria da Coroa de sua terra de nascimento, mas proporcionaria a oportunidade de, como era de seu feitio, realizar grandes coisas. Era uma opção entre a periclitante preservação do imenso reino de seu pai e a chance de ser o criador formal de um grande e novo império – e, ao fim das contas, ele nos escolheu. (…)
Apesar da psicologia de liderança, da índole voltada ao poder, do desejo de dar ordens e vê-las obedecidas prontamente, do anseio por ser rei como o pai, D. Pedro tinha, ao mesmo tempo, a lucidez de perceber com clareza que as instituições monárquicas antigas não poderiam subsistir no século XIX exatamente da mesma maneira com que chegaram até ele. O reino (…) precisaria ser algo que nem fosse a abolição completa da tradição e das instituições existentes, isto é, nem algo que aniquilasse completamente o seu poder e a posição de sua família, mas também não algo que se mantivesse aferrado a um passado superado e irresgatável” (p. 121-122 e 127).