O dia 24 de agosto é uma data de grande relevância na história do Brasil. Neste dia, no ano de 1954, o ex-ditador Getúlio Vargas cometia suicídio após a desencadeada crise de agosto, surgida após elementos de sua guarda pessoal tentarem assassinar o jornalista Carlos Lacerda.

A data, para muitas ideologias políticas do Brasil, seria motivo de alívio, mas no imaginário popular ainda perdura a imagem, não do ditador, mas sim do político populista demagogo autointitulado “Pai dos Pobres”.

Mas a verdade é muito mais espinhosa que a maleável propaganda do Departamento de Imprensa e Propaganda de sua ditadura. Começando pelas figuras proclamadas “anti-ditaduras” e “antifascistas” que louvam o ditador que mais se aproximou ao fascismo na história deste país. Até mesmo comunistas, alvos favoritos de sua polícia política, hoje saúdam o ex-ditador como um grande arauto dos direitos sociais por criar direitos trabalhistas inspirados em uma legislação trabalhista de Mussolini.

Mas está enganado quem pensa que sua ditadura foi pura inspiração fascista; ela também se inspirou em outros regimes autocráticos da época. O próprio nome Estado Novo está relacionado ao nome estabelecido por Antònio de Oliveira Salazar para designar sua ditadura em Portugal, que durou de 1933 a 1974, com elementos de exacerbada política de caráter católico. Estavam presentes também elementos do conservadorismo católico de Jackson Figueiredo, que se inspirava muito no próprio Salazar.

Atualmente, até seguidores modernos do Integralismo louvam a figura do ditador de maneira surpreendente. O mesmo ditador que, ao aplicar o golpe de novembro de 1937, prometendo mundos e fundos ao líder integralista, Plínio Salgado, perseguiu implacavelmente o seu partido.

Este dia 24 de agosto é, com toda a certeza, o dia em que emergem hipocrisias latentes na política nacional, ao lado do populismo que o fascistoide tupiniquim deixou como legado para o nosso país.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.