Fórum da Liberdade: construindo ideias e soluções para o Brasil
O Brasil, do alto de seus mais de 8 milhões de quilômetros quadrados e quase 200 milhões de habitantes, é um país de dimensões continentais. Como tal, apresenta também problemas de proporcional impacto e complexidade.
Resolver os problemas de um país imenso e dotado de uma multiplicidade tão grande de atores a influenciar o processo político, como no caso do Brasil, não é tarefa fácil. Algumas décadas atrás, o dramaturgo Nelson Rodrigues afirmou celebremente que “Subdesenvolvimento não se improvisa: é fruto de séculos”. O mesmo (talvez até com mais propriedade) pode ser afirmado a respeito do desenvolvimento de uma nação.
Muito mais do que aspectos geográficos, climáticos, étnicos ou culturais, hoje é praticamente consenso entre os estudiosos o papel vital das instituições no desenvolvimento nacional. Mas não são quaisquer instituições, é claro. Nenhum país alcançou o desenvolvimento ao longo da história sem aproximar-se, em diferentes graus, de conjuntos de instituições baseadas na democracia liberal no campo político e no livre mercado no campo econômico.
Mas é claro que tais instituições não caem do céu. São fruto de ideias que ecoam pela sociedade e, finalmente, chegam à política. O americano Joseph Overton (1960-2003) nos traz uma perspectiva interessante sobre a dinâmica das possibilidades de implementação de soluções na política. De acordo com sua teoria (que ficou conhecida como “Janela de Overton”, Overton Window), a viabilidade política de uma ideia inovadora que favoreça um incremento de liberdade individual em contraposição à intervenção governamental dependeria de sua aceitação pelo público. Até tornar-se uma política devidamente implementada, uma ideia passaria por cinco estágios: 1) impensável; 2) radical; 3) aceitável; 4) sensata; 5) popular.
A teoria de Overton assinala a importância de instituições atuando na vanguarda do pensamento e movendo a janela de possibilidades políticas ao longo dessa escala gradual. Antes de uma ideia tornar-se realidade na arena política, é essencial que seja lutada a “batalha de ideias”. Nos países de língua inglesa, essas instituições da sociedade civil atuantes no campo da promoção de conceitos e alternativas em políticas públicas são conhecidas como think tanks.
No Brasil, talvez pela falta de uma sociedade civil vibrante, como é o caso de países como Estados Unidos (onde estão os principais think tanks do mundo), a expressão ainda não encontra uma tradução que explique apropriadamente o conceito. Mas é justamente isso o que instituições como o Instituto de Estudos Empresariais (IEE) fazem, buscando influenciar o clima de ideias em voga no país visando a mover a janela de possibilidades políticas para tornar viáveis mudanças que possibilitem um clima de mais liberdade e prosperidade.
Para melhorarmos o Brasil, precisamos de uma mudança urgente na maneira como nos relacionamos com o Estado e a política. Um governo grande o suficiente para nos dar tudo o que desejamos é também grande o suficiente para tomar tudo o que temos. Ignorar isso é insistir no erro de tentar tapar o sol com uma peneira ou tentar evitar o derretimento de um cubo de gelo enxugando-o: inútil, ainda que bem intencionado. Nesse sentido, brindo o IEE pela escolha do tema do último Fórum da Liberdade (em sua 27ª edição, realizada nos dias 7 e 8 de abril, em Porto Alegre): “Construindo Soluções”. A política não pode, obviamente, ser esquecida, mas é essencial compreendermos que essa é somente a “ponta do iceberg”. É em eventos como o Fórum da Liberdade que soluções são efetivamente construídas.
*Artigo originalmente publicado na edição de abril do Fórum da Liberdade Insights.