Foi mesmo a homofobia?
por ENÉZIO DE DEUS*
Parecidíssimos são os constantes assassinatos de homossexuais que saíram com homens perigosos e não escondiam sua atração por tais perfis, ao estilo “bofes e michês”, que estão em toda parte e, quando paquerados, soltam frases como: “vai me dar quanto? O que vou ganhar?”. Por que tantos gays (que vêm sendo mortos ou extorquidos) buscam reiterado prazer com estes aproveitadores, alimentando-lhes vícios/caprichos e se submetendo às suas violências? Eis o aspecto silenciado. Não se trata de culpar a vítima e, apesar da nossa irrestrita defesa da vida, se os gays mantiverem tais atitudes/riscos, as ocorrências destas mortes, infelizmente, não diminuirão.
É preciso diferenciar o crime homofóbico dos demais. Ninguém nega o caráter nitidamente homofóbico da morte do adestrador Edson Néris pelos Carecas do ABC, bem como dos crimes contra homens, só pela suposição de serem gays: o carinho entre pai/filho agredidos em São João da Boa Vista ou o abraço dos irmãos saindo de uma festa e espancados, um deles até o óbito, em Camaçari.
A homofobia, entretanto, NÃO tem sido motivo das reiteradas mortes de gays (quase inexiste lésbica em tais circunstâncias) que se arriscam em locais inadequados com homens perigosos ou os levam, o que é pior, para suas próprias residências. Argumentos cientificamente vazios/improváveis de ONGs generalizam a causa no preconceito como se todo assassinato desse tipo fosse homofóbico; e não é verdade. Justificar que gays levam “boys” desconhecidos para suas casas, para estabelecimentos precários ou locais desertos pela homofobia cultural ou por imposições discriminatórias de motéis/hotéis não se sustenta na atualidade.
Inquéritos e demais peças processuais comprovam a causa mais recorrente destes homicídios: vingança dos assassinos diante do que entendem como acordos ou pagamentos descumpridos. São comuns lutas corporais antes da consumação do crime por desentendimentos sobre finanças. O fio condutor, silenciado pelos militantes que veem homofobia em quase tudo, segue inalterado: a busca dos gays pelo prazer mediante condições de inegável risco.
Palestrando na OAB, questionaram-me sobre uma lésbica assassinada e a companheira agredida em 2012 após homens invadirem sua casa em Salvador. Respondi que aguardaria o trabalho da SSP. A causa comprovada com o tráfico de drogas foi desconsiderada por militantes que bradaram a lesbofobia e incluíram mais este caso em suas “estatísticas” de crimes homofóbicos.
Nada ajuda o incomprovado discurso de que “o Brasil é o país mais homofóbico do mundo”, “que mais mata homossexuais”, se as condutas destes não forem revistas. A questão é de prevenção/educação: enquanto a “chave” estiver nos desejos/deliberações dos gays como potenciais vítimas expondo-se a tais riscos, as incidências não diminuirão. Não há política pública ou criminalização que resolva, se tal aspecto (que sempre abordarei em prol da vida) estiver fora da luta.
*Advogado, Doutorando em Família Contemporânea pela UCSAL, autor do livro “Assassinatos de Homossexuais e Travestis” (Editora Instituto Memória).
Concordo que existem sim mortes que são causadas pelos motivos apresentados. Mas ainda sim existem muitos casos de pessoas que foram agredidas verbal e principalmente fisicamente pelo fato de estarem de mãos dadas com alguém do mesmo sexo na rua.
Esse artigo serve apenas para minimizar um problema real no Brasil que só mostra o quão atrasados somos principalmente em relação aos bons exemplos de liberalismo. Não se muda política e economia sem antes mudar culturas e pensamentos retrógados.
O que vejo muito e lamento em movimentos liberais é que o liberalismo é só quando convém. Não deveria esta, antes de qualquer outra ideologia, pregar pela liberdade do ser de agir conforme suas vontades?
Para ampliar esta multifacetada discussão sugiro:
Homossexualidade, religião, psiquiatria: uma evolução. (5)