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Esquerda e Direita, por Hélio Beltrão

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HelioA luta contra a proliferação do socialismo exige dos liberais um enorme exercício criativo. Diante da inocência de grande parte da sociedade, somos obrigados a fazer analogias didáticas para explicar o significado e as diferenças entre socialismo e capitalismo. Muitas vezes precisamos nos comportar como um professor que, diante de um aluno com dificuldade de aprendizado, substitui números por coisas na esperança de conseguir explicar regras matemáticas. 2 sorvetes + 2 sorvetes = 4 sorvetes. Esse exercício nos ajuda também a sintetizar com mais clareza o que pensamos e quais os caminhos que a sociedade deve seguir.

Dias atrás assisti à palestra Sistemas Econômicos Comparados, proferida na FAAP, em São Paulo, por Hélio Beltrão, presidente do Instituto Mises Brasil. Como sempre, Beltrão foi claro, objetivo e divertido na abordagem do tema, destacando-se pela analogia que fez para ajudar leigos a entenderem o que são esquerda e direita. Citando personalidades que as pessoas comuns associam à esquerda e à direita, o palestrante nos convidou a analisar cada um deles sob três diferentes pontos de vista: Econômico, Liberdades Individuais e Autoritarismo. Os resultados de cada avaliação, quando cruzados e comparados, direcionam o nosso raciocínio para uma verdade: “A crítica não é contra o socialismo como um todo, é contra o socialismo que infringe as livres trocas; e também contra o capitalismo que também infringe as livres trocas, que é o sistema sob o qual estamos hoje (Brasil), um sistema de favorecimentos, Petrobrás, máfias que se juntam à Receita Federal…”, em suas próprias palavras.

O mérito do formato e da linguagem da palestra de Hélio Beltrão evidenciou a limitação de grande parte dos liberais diante de oportunidades semelhantes. Nossa ânsia por explicar o significado de cada COISA muitas vezes nos leva a generalizar a abordagem de tal maneira que perdemos a coerência em nossa própria argumentação. Por isso é comum que as ideias liberais sejam ofuscadas pelos discursos socialistas, já que seus agentes apelam para retóricas morais e apostam no sentimento de culpa das pessoas enquanto nós, liberais, nos perdemos na tentativa de sintetizar complexas relações de mercado, as quais, na maioria das vezes soam como frias e egoístas.

Vale registrar também a importância de repetirmos mil vezes os números relacionados ao desenvolvimento do capitalismo, principalmente para esclarecer que as queixas dos socialistas referem-se à parcela da sociedade que AINDA não faz parte do sistema de trocas voluntárias, mas que podem fazê-lo, desde que os governos permitam.

Hélio Beltrão faz questão de relacionar o crescimento da população mundial com a eclosão da revolução industrial: No ano 0 (nascimento de Jesus Cristo) o mundo era povoado por 300 milhões de pessoas, o mesmo número registrado mil anos depois. No ano 1500 havia 500 milhões, no ano 1700 (século da revolução industrial) havia 640 milhões, no ano 1800 havia 1 bilhão, no ano 1900 chegamos a 1,6 bilhão e hoje já passamos dos 7,3 bilhões de habitantes – lembrando que a Inglaterra, no ano de 1750, era povoada por 6 milhões de pessoas, das quais 2 milhões eram indigentes!

O que causou esse crescimento populacional? Os investimentos de governos e de bancos de desenvolvimento? Não. O principal responsável foi o comércio, o empreendedorismo, o respeito à propriedade privada… Incontáveis pessoas dispersas e agindo em benefício próprio, gerando inconscientemente benefícios a muitas outras pessoas; e devemos sempre lembrar quem nos escuta que o capitalismo não produz apenas bens de consumo, mas também uma infinidade de remédios, de equipamentos médicos e de produtos de higiene pessoal.

Ao analisarmos o crescimento populacional descrito por Hélio Beltrão, acrescento um ponto de vista biológico: Toda espécie animal que registra aumento populacional e da expectativa de vida de seus indivíduos está, SIM, em franco desenvolvimento, ou seja: estamos andando para frente. O homem, por meio de suas ambições capitalistas, está se desenvolvendo enquanto espécie. Graças ao conjunto de interesses capitalistas, vivemos cada vez mais e melhor. Aos mais lúdicos, lembro também que nos tornamos pessoas mais sensíveis em relação aos problemas sociais e ambientais, algo nunca antes registrado na história. Se até poucos séculos atrás as mazelas humanas e a degradação ambiental faziam parte do cotidiano de praticamente todas as sociedades do mundo sem comover ninguém, hoje a grande maioria da população mundial se comove com a fome na África e com o desmatamento na Amazônia, por exemplo, enquanto os indivíduos e empresas que enriqueceram graças ao capitalismo financiam diversas iniciativas que tentam socorrer tanto os miseráveis africanos quanto a fauna e flora amazônicas.

Hélio Beltrão também sintetiza, de forma muito didática, a cadeia de eventos gerada pela liberdade econômica: Assim que um indivíduo (seja por si mesmo, seja por meio de uma empresa) não consegue consumir tudo o que produz, ele acumula capital, criando condição para que essa poupança seja destinada a financiar outros projetos, de outras pessoas e empresas, os quais, para serem realizados precisam admitir funcionários, comprar ou alugar imóveis e contratar fornecedores, iniciando, portanto, o ciclo de trocas voluntárias que é a essência do capitalismo. Beltrão nos lembra que os primeiros beneficiados pelas iniciativas capitalistas são os trabalhadores e fornecedores, pois são eles os primeiros a serem pagos, muito antes dos projetos começarem a dar lucro. A conclusão óbvia é que a ambição capitalista distribui recursos a todos os que cooperam com o sistema e seus lucros invariavelmente financiam outras tantas ambições capitalistas, expandindo e qualificando os benefícios públicos.

A palestra é finalizada com uma precisa explicação sobre a razão do socialismo não dar certo nem em teoria: “Se você é dono de todos os meios de produção, você não compra nem vende nada porque tudo é seu; então você não tem preço, e sem preço você não tem condições de saber se está tendo lucro ou prejuízo, nem de enxergar um indicador de escassez ou de abundância de recursos”, sintetiza.

A lição que devemos tirar de palestras como essa do Hélio Beltrão é que temos que investir não apenas nos estudos sobre o liberalismo, mas também e cada vez mais em formas de sintetizar clara e objetivamente o que significa o liberalismo. O movimento liberal precisa investir em workshops voltados exclusivamente para a argumentação didática das ideias liberais. O mundo não é feito apenas de economistas.

Aos que desejam assistir a palestra:

https://www.youtube.com/watch?v=ZsKONqBw7ME&feature=youtu.be

OBS: A palestra em questão fez parte do projeto “Imil em sala de aula“, do Instituto Millenium.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

3 comentários em “Esquerda e Direita, por Hélio Beltrão

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