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Eleições pós-Campos

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pos-camposAlguns amigos me perguntaram sobre a situação das eleições pós-Eduardo Campos, tentarei expor minha visão.

Não acredito que Marina Silva chegue sequer ao segundo turno, tanto, que desde a morte de Eduardo Campos estou falando isso e acrescentando: “Marina aparecerá no máximo nas três primeiras pesquisas à frente de Aécio, devido à comoção pela morte de Eduardo Campos e a diminuição que ela provocará nos grupos de brancos e nulos e indecisos. Marina deve ter mais votos vindos desse pessoal do que dos demais candidatos”.

A primeira pesquisa, do Datafolha, aponta Dilma com 36% das intenções de votos, Marina com 21% e Aécio com 20% (empate técnico no segundo lugar). Há uma diminuição de 5% em cada um dos grupos que mencionei, de brancos e nulos e indecisos. Ou seja, antes havia 5% a mais em um grupo e 5% a mais em outro, Eduardo Campos aparecia com 8% das intenções de voto e o Pastor Everaldo com 4%. Eis que Marina tem exatos 13% a mais que Campos (número nada auspicioso).

Minha teoria é que praticamente todos os votos que seriam brancos e nulos e indecisos (somados significam 10% dos eleitores) e boa parte do 1% que saiu do Pastor Everaldo foram para Marina (que também é evangélica).

Agora, se Aécio permaneceu com os mesmos 20% e Dilma com seus 36% anteriores, de onde vieram os demais 2% (supondo que os 11% já citados foram todos para Marina)? Além da conta não fechar e eu na ser dos mais entusiastas quando se trata de pesquisas (lembram-se do que ocorreu com Celso Russomano na disputa da prefeitura de São Paulo em 2012?), ainda há outras situações.

Por exemplo, em um cenário onde o PSB não indicasse ninguém, Dilma teria 41%, Aécio 25% e o Pastor Everaldo 4%, com brancos e nulos somando 13% e indecisos em 12%. Dilma e Aécio sobrem exatos 5% cada um, Pastor Everaldo recupera seu 1% e os grupos de brancos e nulos e indecisos somados sobem para 25%. Novamente, minha tese de que Marina tem mais chance de obter votos dos brancos e nulos e indecisos, o que aumenta o quociente eleitoral e valoriza sua porcentagem, em detrimento dos demais (o que alguns dizem ser o motivo de a conta não fechar; o que não parece ser o caso), parece estar correta.

Também tenho a tese de que Aécio é mais conhecido (ou ao menos lembrado) pelos eleitores, do que Marina Silva. Esta tese dá indícios de estar correta também, pois na mesma pesquisa do Datafolha, em um cenário onde não foram oferecidos nomes de candidatos, Dilma aparece com 24%, Aécio com 11% e Marina com 5% (menos da metade de Aécio?).

Ainda há quem fale sobre os votos dos evangélicos. Nesta primeira pesquisa (lembrando que é só a primeira e em um momento de comoção forte, devido à ainda estar muito próximo da tragédia que vitimou Eduardo Campos) parece que realmente Marina divide os votos dos evangélicos do Pastor Everaldo. Contudo, devo lembrar que, em 2010, Marina Silva desagradou aos próprios evangélicos devido à sua falta de firmeza sobre assuntos que afetam a opinião destes eleitores, sendo o ápice, o aborto.

Uma candidata que teve 20 milhões de votos em 2010, sendo que um dos candidatos era desconhecido (Dilma) e o outro possui uma rejeição absurda (José Serra), não pode ter tal eleição usada como parâmetro absoluto para medir sua força. Ora, sequer conseguiu fundar um partido para chamar de seu. Alguns dizem que foi culpa de boicote do PT, mas discordo. Ora, se Marina fosse tão forte, com seus 20 milhões votos, por mais que fosse boicotada, conseguiria validar as 483 mil assinaturas necessárias e para isso teria apoio de outros políticos, empresariado, etc.

Falam em boicote do PT por causa de atraso nos cartórios e invalidação de assinaturas sem justificativa, ou seja, cria-se essa teoria por causa de ocorrências comuns. Como se os cartórios não atrasassem e ações arbitrárias fossem exceções, ao invés de regras, em pleno país da burocracia, que beira ao Estado Máximo.

Sabe o porquê Marina Silva realmente não conseguiu fundar seu partido? Porque é péssima articuladora, sem carisma algum e tem o péssimo hábito de queimar qualquer um que sequer a questione.

Marina não sabe efetuar a costura política que Eduardo Campos conseguiu e que agora poderia beneficiá-la nestas eleições. Mas sabendo o quão Marina é ruim não só para formar, mas para manter alianças (e sua recente passagem pelo PV, como sua história no PT comprovam isso), não me surpreenderá se houver um racha na base, mesmo havendo uma série de acordos nos Estados entre PSB e outros partidos. Sem contar a insegurança para o PSB, de ter Marina como candidata, sabendo que ela pretende fundar seu partido, do qual será a chefe suprema. Neste caso, ou o PSB se entrega nas mãos de Marina e ameaça o projeto de longo prazo do próprio partido, ou se arrisca a perdê-la após as eleições (o que seria ainda mais trágico caso ela vencesse as eleições, o que duvido que ocorra).

Por fim, diferente do que disse recentemente Diogo Mainardi, no programa Manhattan Connection, não acredito que Marina Silva tenha tudo para vencer de lavada estas eleições, pelo contrário, não acredito sequer que chegue ao segundo turno.

O que realmente definirá o destino dos candidatos será o tom que cada um dará as suas campanhas e seu desempenho em entrevistas, debates, horário eleitoral, enfim, frente à opinião pública e aos eleitores. Suas propostas e seus posicionamentos frente aos mais variados temas, desde os “menos polêmicos” até questões como drogas e aborto. E para uma candidata sem carisma, má articuladora e com histórico desfavorável em posicionamentos frente diversos assuntos, principalmente os mais polêmicos, não há muita esperança.

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Roberto Barricelli

Roberto Barricelli

Assessor de Imprensa do Instituto Liberal e Diretor de Comunicação do Instituto Pela Justiça. Roberto Lacerda Barricelli é autor de blogs, jornalista, poeta e escritor. Paulistano, assumidamente Liberal, é voluntário na resistência às doutrinas coletivistas e autoritárias.

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