Transformação organizacional, envolvendo a todos
A mudança é a única coisa constante, em qualquer tempo e lugar. Nesse “novo mundo do instantâneo”, porém, há duas coisas em nível de transformação organizacional, que aparentam não se alterarem.
Primeiramente, é fundamental esclarecer que como seres humanos, temos uma enorme aversão à perda. Desse modo, nosso sistema cerebral age intensamente para tentar evitar esse sentimento “negativo” de perda. O cérebro se acostumou à “rotina” e, assim, quer se desviar da incerteza e do medo do desconhecido.
Quase todo mundo sabe – e sente – que o nosso ego é o nosso pior inimigo. Nossa avaliação do que somos e do que fazemos, normalmente, contém altas doses de superestimação, além de desejarmos ter o controle a qualquer custo de todas as variáveis envolvidas em uma determinada situação.
Evidente que sabemos, é do bicho-homem: muitos creem que entendem de tudo, mas, genuinamente, não sabem de quase nada. Mudar exige grande esforço pessoal, uma intenção e disciplina para conviver com a incerteza e o risco. Difícil.
É chover no molhado afirmar que os mercados são cada vez mais turbulentos. Há novos hábitos de comportamento, compra e consumo, novos tipos de concorrentes e uma miríade de novas tecnologias disponíveis. Similarmente ao nosso cérebro, que necessita de novidades para ser desafiado e avançar, as empresas precisam, sistematicamente, inovar a fim de criarem diferenciais competitivos e entregarem benefícios superiores aos clientes-consumidores. Elas precisam criar valor distintivo – percebido – para os clientes e para si próprias. Assim é a vida.
Em um processo de transformação organizacional, uma das etapas mais cruciais é, sem dúvida, a inicial de sensibilização e convencimento. Compulsório reunir todo o pessoal e informar a necessidade de mudança, enfatizando os benefícios dela para a sobrevivência da organização, da imperiosidade do crescimento lucrativo sustentável e da prosperidade dos funcionários.
A fim de trazer todos a bordo, o ponto-chave para reduzir o medo do desconhecido está em realçar os benefícios para a empresa e seus funcionários, para além da indiscutível necessidade de mudar. Qualquer sujeito com alguma experiência gerencial sabe que sempre existirão pessoas que resistirão à mudança, inclusive, podendo esses “opositores” se transformarem em grandes obstáculos, via “contaminação negativa”, para a implementação dos necessários e novos processos rumo à transformação organizacional.
Humano, natural, que alguns não queiram deixar conhecidas zonas de conforto; a incerteza traz, claro, desconforto. Estes têm preocupações em relação à sua posição atual, futura e, certamente, referentes às suas capacidades e habilidades para fazer frente aos novos processos e desafios.
A resistência é uma constante, trivial. Muitas vezes, deparo-me com executivos atuando com muito temor de como determinados funcionários enxergarão e se comportarão frente à transformação. A resignação a tais comportamentos, a meu juízo, é uma das piores atitudes que se pode adotar. Penso que a exposição de todo o contexto envolvido e suas circunstâncias, de forma franca e honesta, a esses resistentes, sempre é a melhor ação a ser tomada.
Talvez se tenha que “maneirar” na forma de dizer, mas falar a verdade deve auxiliar a desobstruir a resistência ao movimento para a frente. A grande sacada para a virada de chave é envolver, de fato, todos na mudança. Eles se sentirão parte do negócio, incluídos e comprometidos, aumentando a moral e a segurança de todos funcionários.
Tenho atuado muito com vendas. Uma iniciativa que tem produzido bons resultados é solicitar aos vendedores, aqueles que estão na linha de frente, vivendo – e percebendo – as necessidades e desejos dos clientes, inclusive “ouvindo o silêncio” e enxergando a dinâmica competitiva, para captarem e trazerem insights estratégicos do mercado.
Como líder, atue possibilitando ampla liberdade e voz para que eles participem efetivamente da transformação organizacional. Crie um plano e processo de geração de ideias do pessoal comercial, incentive-os a participar ativamente, e demonstre que a empresa, factualmente, está interessada e comprometida com a implementação de boas ideias, de ideias produtivas e inovadoras que agregam valor para o negócio e para os próprios funcionários.
Reconheça o bom trabalho e o premie com recompensas. Renuncie ao medo. Transforme seus funcionários nos donos, criadores e agentes da transformação necessária. Informe os avanços, comunique abertamente, informe, comunique sempre. Desse jeitão, penso que a onda transformadora embalará a todos, e eles sentirão que abraçar a mudança positiva é o melhor caminho – para todos. Vale a pena, para a empresa e para os funcionários!