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Qual é o verdadeiro impacto do embargo econômico a Cuba?

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Há mais de 60 anos se repete uma narrativa constante entre marxistas e defensores do regime castrista para explicar o baixo crescimento econômico e a pobreza que se perpetuam em Cuba desde a revolução de 1959: o embargo econômico. Mas qual é o verdadeiro impacto do embargo econômico para além de narrativas e respostas simplórias? Vamos analisar.

O embargo a Cuba começou antes da revolução, quando o governo americano, ainda sob a gestão do presidente Dwight Eisenhower, cortou relações com Fulgêncio Batista, pois, na visão americana, a queda de uma ditadura por um regime democrático na ilha traria muito mais benefícios, tanto econômicos quanto geopolíticos, para os EUA.

Porém, na gestão Kennedy, o congresso, ainda suspeitando das intenções de Castro, se recusou a levantar o embargo até que fossem definidos os rumos para a ilha após a revolução.

O motivo se embasava nas compras de armas do governo soviético às claras pelo novo regime. Com isso, o governo americano barrou a compra de vários produtos de Cuba, com exceção de alimentos e remédios. Esse foi o primeiro embargo oficial ao regime Castro.

Em 1961, após o episódio da Baía dos Porcos, Fidel se declara abertamente marxista-leninista, assumindo pela primeira vez o caráter socialista da revolução. Com isso o embargo completo fora decretado e Cuba ficou suspensa da OEA por quase 40 anos, sendo a suspensão revogada apenas em 2009.

Porém, o embargo de fato acabou muito antes. Na presidência de Jimmy Carter, no ano de 1977, o embargo econômico foi derrubado, mas em 1982, já no governo Reagan, o embargo teve alguns poucos levantamentos, porém nada de tamanha restrição comparada àquela do começo da revolução. O status mudaria com o levantamento de um novo embargo em 1996, na presidência de Bill Clinton. No governo Obama, o embargo novamente sofreu um relaxamento, atingindo os menores patamares históricos desde a presidência de Jimmy Carter.

Quando se avalia a economia cubana a partir dos dados fornecidos pelo próprio governo, comprova-se que o embargo americano remete somente ao comércio entre EUA e Cuba, como se pode demonstrar apreciando os parceiros de importação e exportação.

Segundo o governo castrista, os principais parceiros de importação são os Países Baixos (21,8%), Canadá (21,6%), China (18,7%) e Espanha (5,9%). Já os de exportação são: Venezuela (36,4%), China (10,5%), Espanha (8,7%), Brasil (5,1%) e EUA (4,2%).

Sim, mesmo com o embargo levantado, os EUA são o quinto maior comprador de produtos de Cuba, e a segunda maior potência econômica, a China, que compartilha com Cuba o mesmo estilo de regime político, é o segundo maior comprador e vendedor de produtos na relação com Cuba. Portanto, é possível afirmar que Cuba, mesmo com as restrições impostas pela economia americana, ainda tem uma gama de parceiros que poderiam fortalecer a economia. Por que isso não acontece, já que o embargo não impede de comercializar com as demais nações do mundo?

A resposta é simples: o modelo econômico cubano é altamente defasado. A planificação econômica, modelo derivado da era stalinista, provou sua ineficiência e foi abandonada por nações de regime socialista há pelo menos três décadas, como na China e no Vietnã. O modelo, causador de estagnação econômica e social, segue sendo adotado à risca na ilha de Cuba, visando até mesmo a prever quantas canas de açúcar serão cortadas nas lavouras do país e tentando controlar até o menor aspecto econômico possível.

O próprio país compreendeu o problema de seu modelo e passou a permitir cada vez mais a entrada de empreendimentos de posse privada na ilha. Para efeito comparativo, em 1981, 91% da atividade econômica cubana estava sob posse do estado e apenas 9% em mãos privadas. Hoje, a proporção é de 76% sob o governo e 23% em mãos privadas. Porém, isso ainda é pouco. O país segue restringindo seus cidadãos com o amplo domínio sobre a atividade econômica, políticas salariais (equalizando a renda em situação de pobreza para todos os cidadãos) e até mesmo com restrições de posse de novos bens.

A saída para Cuba e sua pobreza é o livre comércio. Basta ver que muitos socialistas concordam com a ideia, criminalizando o embargo econômico americano e o acusando de prover a pobreza à ilha. Até eles reconhecem a importância do livre comércio, mesmo que o embargo seja apenas uma velha narrativa, já que as causas da pobreza passam pela estagnação promovida pelo sistema retrógrado de planificação econômica, mantido à base do puro orgulho cubano e responsável pela recessão do ano de 2019 (pré pandemia) de 8,5% do PIB, capitaneada pela queda econômica da Venezuela, seu principal comprador de produtos.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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