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Por que é importante defender o livre comércio?

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Uma das queixas frequentes da equipe de Donald J. Trump era que as empresas americanas não tinham capacidade competitiva devido às altas tarifas de importação que países em desenvolvimento – como Índia e China – aplicavam aos produtos estrangeiros. Um dos exemplos mais citados pelo ex-presidente americano era o da indústria automobilística: enquanto os EUA tinham uma tarifa de 2.5%, Canadá, China e Índia cobravam, respectivamente, 10%, 15% e 125%.

A reclamação de Trump faz sentido: realmente os países mais pobres tendem a ser mais protecionistas que os americanos. Porém, se colocarmos em contexto, a situação não é tão ruim quanto parece. Nas últimas décadas, as tarifas de importação foram reduzidas ao redor do mundo – muitas vezes de maneira unilateral, ou seja, sem qualquer contrapartida.

Isto foi mostrado em um estudo recente feito por Robert Z. Lawrence, da Peterson Institute for International Economics. De acordo com o pesquisador, nos últimos 30 anos, os países em desenvolvimento reduziram seus impostos sobre produtos estrangeiros, inclusive abaixo do que a Organização Mundial do Comércio exige. Em outras palavras, o cenário de liberdade comercial melhorou bastante de 1990 para cá.

Se Trump reclamava do protecionismo dos países em desenvolvimento durante sua estadia na Casa Branca, ele deveria ter visto o que aconteceu até o ano 2000. Naquela época, as médias das tarifas de importação do Brasil, China e Índia eram 5 vezes maiores que as americanas. Em 1990, esses três países taxavam em média os produtos estrangeiros, respectivamente, em 19%, 32% e 56%, frente a 3.9% dos americanos. Em 2018, os números estavam em 8% (Brasil), 3.4% (China), 4.9% (Índia) e 1.6% (EUA). É importante destacar que, de todos os países e regiões pesquisadas no artigo, o Brasil tinha as maiores barreiras protecionistas em 2018.

Parte do declínio das taxas de importação é resultado de negociações na Organização Mundial do Comércio, mas a boa notícia é que a maior parte delas se deu de maneira unilateral. Em outras palavras, os países perceberam que é bom estar aberto a produtos estrangeiros ao invés de ficar com políticas mercantilistas do século XVIII. Qualquer liberal deveria apreciar essa mudança de mentalidade nos líderes globais.

Outra excelente notícia no trabalho de Lawrence é que, aparentemente, a humanidade aprendeu com seus erros. Durante a Grande Depressão, os EUA criaram a lei Smoot–Hawley, que aumentava os impostos de importação – a primeira grande medida do governo americano para combater a crise. A ideia era simples: desencorajar a compra de produtos estrangeiros, forçando os americanos a comprarem produtos feitos por americanos para assim reduzir o desemprego no país. Bem, não deu certo: antes da medida, o desemprego, que estava em 6%, foi parar em mais de 10% em poucos meses.

Durante a crise de 2008, barreiras protecionistas não foram levantadas e seguiram abaixando até 2018. O mesmo vale para a atual crise da Covid-19: pelo menos até agora, não há evidência de que a pandemia alterou a tendência mundial de queda nas tarifas de importação.

O Brasil não pode ficar de fora dessa tendência global de maior integração das cadeias produtivas e liberdade comercial. Devemos aproveitar a recente demissão de Ernesto Araújo e colocar um chanceler capaz de costurar o acordo de livre-comércio com a União Europeia, algo que já está “na cara do gol”. Outra dica que este humilde autor gostaria de dar ao futuro chefe do Itamaraty é tentar ressuscitar a ALCA, que infelizmente foi posta de lado devido a um nacionalismo infantil em 2005.

* Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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