Francamente, o caso das montadoras no Brasil é de morte por excesso de sucesso. Sucesso no sentido de que praticamente todas as demandas do setor automobilístico foram atendidas ao longo de várias décadas.

Quer mais subsídio? Toma. Quer uma política de transporte que priorize o modal rodoviário ante todos os outros? É para ontem. Quer benefício fiscal que deforma a economia em prol de um seleto grupo de lobbistas? Claro. Entre outros exemplos, isso basicamente resume a relação de vários governos – desde JK ao menos – com as montadoras.

Como diria Marcos Lisboa, as empresas automobilísticas no Brasil caíram vítimas de crises que elas mesmas fabricaram, proporcionadas pelo simples fato de as demandas do setor terem sido acatadas até demais.

Viciadas em subsídios e vida boa, essas empresas só ficaram no Brasil enquanto conseguiam se pendurar nesses benefícios; mas, quando a conta das escolhas feitas chega (ex: estagnação da produtividade), essas empresas mais do que depressa saem do Brasil e vão atrás de outro país para sugar.

Uma pena que no processo de saída as montadoras deixam uma conta para o BNDES e um rastro de desempregados e fornecedores que repentinamente perdem seus maiores clientes.

*Artigo publicado originalmente na página Liberalismo Brazuca no Facebook.