Líderes com mentalidade de crescimento
É interessante notar que, no campo empresarial, costuma-se afirmar que os “tempos atuais” são turbulentos. Na verdade, os tempos sempre são tempestuosos. Nesse sentido, uma das poucas coisas constantes é a mudança.
Existem aqueles líderes de negócios defensivos, muitos dos quais têm temor e procrastinam nas fundamentais mudanças estratégicas que uma organização deve operar, a fim de prosperar no longo prazo. Por outro lado, há líderes que gerenciam os desafios de curto prazo, como também – e de forma estratégica – centram esforços para fazer escolhas que contemplam oportunidades de crescimento no longo prazo.
Esses líderes sabem que não é possível esperar resultados melhores executando sempre as mesmas coisas.
Eles possuem uma mentalidade de crescimento, focando no presente e no futuro, gerenciando adequadamente o apetite pelo risco.
Em última análise, esses líderes conhecem que, em negócios, é essencial fazer escolhas, mobilizar recursos, e executar eficazmente aquilo que foi decidido. Eles são dotados da virtude excelsa da coragem. Winston Churchill afirmou que a coragem era a primeira das qualidades humanas, já que garantiria todas as outras Parece-me que é justamente essa coragem, um tanto escassa nos turbulentos tempos atuais, aquela que faz a diferença organizacional positiva, especialmente no que diz respeito à prosperidade/sobrevivência de uma empresa no longo prazo.
Importante destacar que, entre 2010 e 2019, apenas uma em cada oito empresas alcançou mais de 10% de crescimento de receita, anualmente. Para crescer é necessário ter coragem e ousadia, um compromisso objetivo com investimentos e com escolhas de longo prazo. É preciso “arriscar racionalmente”!
De alguma maneira, surpreende negativamente o nível de procrastinação em relação às oportunidades que empresas possuem para criar uma condição, no presente e no futuro, mais lucrativa. Líderes corajosos buscam adaptar seus modelos de negócios e operações, investindo na formação de recursos e de capacidades funcionais, mesmo que isso signifique reduções de ganhos no presente. Essa é a fórmula de crescimento sustentável e lucrativo no longo prazo.
Logicamente, primeiro é necessário que os líderes de organizações compreendam – e se comprometam – com as mudanças fundamentais a serem implementadas. Essas não necessariamente são mudanças transformacionais; podem claramente ser incrementais.
Penso que organizações devem abrir espaços para discussões efetivamente estratégicas, envolvendo uma série de possibilidades de crescimento presente e no longo prazo. Elas podem analisar oportunidades de adicionar novas operações e/ou pontos de venda locais e regionais, adaptar produtos e serviços, inovar em processos e em determinadas linhas de produtos e estabelecerem parcerias estratégicas com fornecedores e/ou outras organizações que possuam produtos e/ou serviços complementares.
De fato, parece-me pequeno o número de organizações que busca identificar seus reais pontos fortes e/ou diferenciais competitivos – alguns “escondidos” – e que podem ser a base para uma eventual expansão e construção de um novo negócio, a partir de vantagens competitivas exclusivas.
Também tenho identificado várias oportunidades para empresas adicionarem ao seu portfólio produtos e serviços de maior valor agregado. Similarmente, existem grandes possibilidades de segmentar mercados e clientes, buscando, por exemplo, segmentos “premium”, que garantem “tickets médios” de venda maiores.
Felizmente, já há uma firme tendência a operação em canais de vendas de maior crescimento, tais como o comércio eletrônico.
Há também oportunidades claras para o provimento de melhores ferramentas para a equipe de vendas, a fim de tornar o discurso comercial mais persuasivo e eficiente. Muitas empresas se deram conta da importância do alcance da excelência comercial, necessária para que uma organização enfrente, satisfatoriamente, os desafios no curto prazo, alcançando suas metas de crescimento e de lucratividade.
É mister lembrar que uma organização opera em “dois tempos”: no presente e no futuro. Não basta sobreviver, vencendo os desafios no presente; é crucial possuir uma mentalidade de crescimento e, portanto, ter coragem para fazer as escolhas estratégicas, visando à construção de um futuro promissor, esse edificado a partir do presente.
Derrotar a procrastinação exige coragem para abraçar a mudança positiva e um futuro favorável. Líderes com mentalidade de crescimento são corajosos e sabem que gerenciar, com base no olhar para as árvores, no curto prazo, é insuficiente.
Essencial é mirar a floresta, fazendo as mudanças estratégicas necessárias para a criação de uma posição competitiva vantajosa no futuro. É assim que se alcança um crescimento sustentável e lucrativo, em ambos os tempos.