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Inflação americana: Biden e a curva de Laffer

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Eu sei que o assunto da inflação americana é um assunto recorrente aqui em nossa página, e provavelmente o leitor já deve estar meio cansado desse assunto. Porém, uma recente declaração de Joe Biden merece destaque. Escreveu o presidente americano na (futura) rede social de Elon Musk: “You want to bring down inflation? Let’s make sure the wealthiest corporations pay their fair share.” (Você quer reduzir a inflação? Faça com que as empresas mais bem sucedidas paguem um preço justo em impostos). Em outras palavras, Biden disse que a culpa de a inflação americana estar alta é das grandes empresas, que são pouco tributadas.
Sim, a afirmação é absurda e gerou uma resposta de Jeff Bezos, CEO da Amazon. Escreveu o segundo homem mais rico do mundo no dia 13/05: “O recém-criado Conselho de Desinformação (espécie de agência de checagem do governo americano) deveria revisar este tweet (…). Aumentar os impostos corporativos é algo para discutir. Domar a inflação é fundamental. Misturar os dois é apenas uma forma de desorientar o público.”

Porém, para ser justo com Biden, o tweet não é uma salada de palavras tão incoerente quanto possa parecer. Para começar, no seu plano anti-inflacionário, o mandatário americano já havia deixado claro que era necessário “reduzir os custos que as famílias enfrentam e diminuir o déficit federal, fazendo com que as grandes corporações e os americanos mais ricos paguem sua parte justa (em impostos)”.

E como esse processo funcionaria? De acordo com a sabedoria convencional sobre economia expressa pela Investopedia: “Um dos principais perigos de um déficit orçamentário é a inflação (…). Nos Estados Unidos, um déficit orçamentário pode fazer com que o Federal Reserve (Banco Central Americano) libere mais dinheiro na economia, o que alimenta a inflação”. O que isso quer dizer exatamente? Em resumo: devido ao déficit, é necessário que o governo imprima dinheiro para pagar suas contas, mas, se aumentarmos os impostos sobre os ricos (para cobrir o déficit), não será necessário imprimir tanto dinheiro assim.

O problema dessa linha de raciocínio nos foi mostrado por Arthur Laffer, criador da famosa “curva de Laffer”. De acordo com este economista da Universidade de Chicago, alíquotas de impostos mais altas não significam necessariamente maior receita tributária. Thomas Sowell vai na mesma linha. De acordo com Sowell, a verdade é que, quando o governo baixa ou aumenta impostos, não temos a remota noção do que acontecerá com a arrecadação. Por isso, a ideia de aumentar impostos para frear a inflação não parece ser das mais eficazes.

É por isso que Bezos não compra essa lorota – algo que aconselho todos a fazerem. Os EUA – assim como o Brasil – não têm um problema de baixa arrecadação, mas sim de muito gasto público. Em 2021, o governo dos EUA gastou US $6,82 trilhões, o que representou 30,5% do PIB. Este é um aumento gigantesco em relação aos gastos de 2019, que foram de US $4,4 trilhões e 21% do PIB. Com a pandemia acabando, o esperado era voltar para os números de 2019, correto? Bem, não é isso que Biden pretende fazer. O gasto planejado de seu governo este ano será de 6.011 trilhões de dólares com déficit planejado de 1,8 trilhões.

A fortuna de Bezos está calculada em 132 bilhões de dólares. Assim, se toda a fortuna do bilionário fosse confiscada, o déficit americano seria coberto por apenas 1 mês. Em outras palavras, achar que mais impostos irão reduzir a inflação tem a mesma lógica de acreditar que ficar somente um dia sem beber vai curar o alcoolismo de alguém. Não vai. É uma solução meramente paliativa.

*Artigo publicado originalmente por Conrado Abreu na página Liberalismo Brazuca no Facebook.

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