Celso Furtado, o teórico do desenvolvimentismo
Celso Furtado (1920-2004), nascido em um 26 de julho, merece nosso respeito por ter lutado na juventude, junto à Força Expedicionária Brasileira, contra a tirania fascista na Itália.
No entanto, mais velho, como economista, posição que o notabilizou e o levou a ser diretor da Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL), influente sobre o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek e ministro do Planejamento no (des) governo de João Goulart – bem como, posteriormente, ministro da Cultura no governo Sarney -, Furtado se tornou um teórico do desenvolvimentismo.
Apostava na intervenção do Estado para promover o avanço do que chamava de “países periféricos do capitalismo” – como se a economia brasileira fosse aberta o suficiente aos influxos do mercado internacional para poder responsabilizá-lo por seus dramas.
Em meu livro “Lacerda: A Virtude da Polêmica”, escrevi sobre a visão de Carlos Lacerda acerca da CEPAL, na página 90: “Lacerda também foi um crítico, ainda que não tão contundente (julgava-a respeitável), da (…) CEPAL, que, ao identificar o desenvolvimento econômico à industrialização, verificada tardiamente nos países latino-americanos, concluiu daí que o Estado se deveria encarregar de medidas estruturantes, como a substituição de importações adotada por Vargas, para acelerar a transposição da distância que separa países pobres, ditos periféricos, dos países ricos, ditos centrais. Lacerda afirmou que algumas diretrizes formuladas pela CEPAL se baseavam em regras equivocadas (…) Grosso modo, as orientações da CEPAL teriam ensejado a concentração de todos os recursos no financiamento de um esforço inflacionário: ‘Por meio de uma política de desenvolvimento que se caracterizou pelo desperdício, causado pela corrupção e pelo súbito enriquecimento de um pequeno grupo. Todo esforço concentrou-se na construção de fábricas para máquinas e veículos, garagens para os veículos, galpões para as máquinas, enquanto, ao que parece, foi esquecido que a principal máquina é o homem, que o principal objeto do desenvolvimento é ele’.”