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100 dias de governo: até agora o presidente Lula cumpriu TODAS as suas promessas econômicas

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Começo este texto me desculpando por não ser telepata; sendo assim, ao contrário de outros analistas mais talentosos, não sou capaz de perscrutar a mente do presidente Lula. Nas minhas limitações, posso apenas comparar o que foi prometido durante a campanha e o que vem efetivamente sendo feito em seus 100 primeiros dias de governo.
 
Durante a campanha, o candidato Lula prometeu encerrar todos os processos de privatizações, e é inegável que o agora presidente Lula cumpriu sua promessa: Petrobras, Correios, PPSA, Ceitec são apenas alguns exemplos que mostram que, não importa o estágio do processo de privatização – se no final ou no começo, ou mesmo no processo de liquidação –, não importa, todos foram encerrados. Alguns críticos, por injustiça ou pura vontade de criticar, reclamam que foi prometida a reversão da capitalização da Eletrobras, mas até agora nada teria sido feito. Aqui honestidade é fundamental: o presidente está tentando e fazendo o que é possível. O mesmo vale para a venda de refinarias da Petrobras: é inegável que se tem tentado suspender esse processo (tal como prometido durante a campanha).

Na campanha, a lei das estatais foi criticada, e o candidato Lula mostrou seu apoio à sua revisão. Uma primeira revisão já foi aprovada na Câmara dos Deputados. Uma boa evolução para apenas 100 dias de governo; basta agora aprovar no Senado e teremos, novamente, mais uma promessa de campanha cumprida.

Ao longo de toda a campanha, o candidato Lula criticou a política de preços da Petrobras, e, em menos de 100 dias de governo, já deixou claro que mudanças estão a caminho. Já explicitou também, tal como prometido na campanha, que a Petrobras irá investir na construção de novas refinarias (prática que no passado recente não deu muito certo, mas isso é outra história).

O novo marco do saneamento não foi exceção: criticado durante a campanha pelo candidato Lula, temos que, em menos de 100 dias de governo, o marco já foi alterado, exatamente como foi prometido na campanha. Vou além: os dois novos decretos sobre saneamento vão na direção prometida durante a campanha, dando mais uma chance (ou duas, ou três mais) para que empresas estatais, talvez com alguma ajuda do BNDES ou da CAIXA, venham a ter amanhã uma capacidade de investimento que até ontem não tinham.

Tal como prometido na campanha, o teto de gastos foi extinto. Em seu lugar, temos uma nova regra fiscal que garante crescimento real do gasto público, uma versão moderna do popular “gasto é vida”. Desnecessário dizer ao leitor atento que mais gasto significa também mais impostos. Aliás, outra promessa de campanha cumprida. Afinal, não foram poucas as críticas durante a campanha sobre a redução de tributos promovida pelo governo anterior.

Verdade seja dita: o candidato Lula sempre criticou os juros praticados por um Banco Central autônomo. Eleito presidente, faz o que fez durante a campanha: critica os juros altos praticados pelo Banco Central para conduzir a inflação à meta estabelecida. Em resumo, o presidente está fazendo o que pode. Acho até que irão aumentar a meta de inflação. Quando isso acontecer, terei prazer em marcar “tarefa cumprida” nesse item.

Estou na dúvida se incluo no rol de promessas cumpridas a suspensão da entrada em vigor do Novo Ensino Médio. Por ora, vou marcar apenas como “quase lá”.

Existem outros exemplos que podemos citar: a volta do BNDES com taxas subsidiadas, a pouca ênfase na agenda microeconômica (notadamente nos marcos legais que promovam e fortaleçam o investimento privado), a volta das invasões das propriedades rurais, a maior indexação do gasto público, mas creio que os exemplos que dei já ilustram o ponto do texto. Enfim, com 100 dias de governo, posso dizer que, em relação à agenda econômica, o presidente Lula está fazendo tudo que prometeu que faria durante a campanha.

Acredito que quem votou em Lula esteja feliz, afinal, é bom eleger alguém que cumpra suas promessas. Certamente existem os descontentes como eu, que acreditam que essa agenda econômica irá nos levar a mais um fracasso, mas eu pertenço ao campo derrotado nas eleições.

Existem também os maus telepatas, os frustrados, os que achavam que teriam espaço no governo e foram deixados de lado, os que queriam que o presidente esquecesse as promessas de campanha, mas a esses lembro que não foram enganados; votaram num candidato que, até o momento, cumpre as promessas de campanha. Na próxima vez, pensem bem antes de apoiar um candidato… talvez ele esteja falando a verdade.

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Adolfo Sachsida

Adolfo Sachsida

Doutor em Economia (UnB) e Pós-Doutor (University of Alabama) orientado pelo Prof. Walter Enders. Lecionou economia na University of Texas - Pan American e foi consultor short-term do Banco Mundial para Angola. Atualmente é pesquisador do IPEA. Publicou vários artigos nacional e internacionalmente, sendo de acordo com Faria et al. (2007) um dos pesquisadores brasileiros mais produtivos na área de economia.

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