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Economia dos esportes: desempenho do Brasil e país vencedor de cada olimpíada

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Animado pelo espírito olímpico, resolvi dar uma olhada no desempenho do Brasil em todas as Olimpíadas. Encontrei no Kaggle (link aqui) uma base de dados com nome, país, modalidade e demais informações de todos os atletas que ganharam medalhas olímpicas de 1896 a 2016 (link aqui). Da Wikipédia, peguei as medalhas por países na Olimpíada de Tóquio. Depois de arrumar os dados, percebi algumas imprecisões. Com mais análise, notei que a grande maioria dessas imprecisões decorria de medalhas canceladas após os jogos ou de empates na mesma categoria. Como a distorção ficou muito pequena, resolvi seguir adiante; por exemplo, para o Brasil a conta bateu com o dado da Wikipédia em todas as Olimpíadas que chequei. Para a China, achei apenas uma inconsistência entre meus números e os da Wikipédia. Ainda pensei em procurar uma base histórica com medalhas por países e não por atleta, mas arrumar a base que encontrei me pareceu mais divertido.

De posse dos dados, parti para analisar o desempenho do Brasil e, no caminho, decidi checar qual o país com melhor desempenho em cada edição dos jogos. Começo com o Brasil. A figura abaixo mostra as medalhas de ouro ganhas por atletas individuais ou equipes representando o Brasil em cada edição onde ganhamos pelo menos uma medalha. Por esse critério, os melhores desempenhos ocorreram em 2016 e 2020, o que é interessante, pois seria razoável esperar que o desempenho de 2016 fosse o melhor, porque naquele ano os jogos foram no Rio de Janeiro. Outro aspecto interessante é a melhora no desempenho depois dos jogos de 2000 quando ficamos sem medalhas de Ouro. Se o amigo está pensando que eu deveria ter levado em conta o aumento no número de medalhas, informo que fiz e está mais abaixo, mas, antes, vou mostrar o total de medalhas.

Considerando a soma de todas as medalhas ganhas pelos atletas e equipes que representam o Brasil, o melhor desempenho ocorreu em Tóquio, quando ganhamos 21 medalhas, duas a mais do que no Rio de Janeiro. A figura também mostra a melhora do Brasil nas últimas olimpíadas.

 

Como alertei acima, o número de medalhas distribuídas a cada ano aumentou e isso pode influenciar na avaliação do desempenho de um país pelo número de medalhas. Por exemplo, na minha base de dados, foram distribuídas 120 medalhas em 1896, 532 em 1968 e 1080 agora em Tóquio. Com isso em mente, repeti os dois exercícios acima levando em conta a proporção no total de medalhas. A figura abaixo mostra as medalhas de ouro ganhas pelo Brasil como proporção do total de medalhas de ouro ganhas por todos os países. Por esse critério, o desempenho no Rio de Janeiro foi superior ao desempenho em Tóquio, o que não chega a ser uma surpresa. Também é possível perceber que o desempenho do Brasil no século XXI, em média, foi melhor do que no século XX, até agora.

Considerando o total de medalhas do Brasil como proporção do total de medalhas, o desempenho em Tóquio foi melhor do que no Rio de Janeiro. Vale registrar que, pelo critério de proporção das medalhas totais, o resultado das Olimpíadas de 2000 não foi ruim, o que mostra que medidas importam. Assim como as outras, a figura abaixo mostra que o desempenho dos atletas brasileiros vem melhorando nas últimas Olimpíadas.

Conhecido o desempenho do Brasil, é hora de procurar saber qual país teve o melhor desempenho em cada uma das edições dos jogos. Inicialmente será considerada a proporção de medalhas de ouro; na sequência, apresento a proporção de medalhas totais. Com dezoito vitórias, os Estados Unidos aparecem como o maior vencedor de Olimpíadas, a antiga União Soviética ganhou seis, mais a de 1992 com a Comunidade de Países Independentes que jogou como “Unified Team” – a sigla é EUN. França ganhou duas, e China, Reino Unido e Alemanha cada um ganhou uma. A hegemonia americana na Olimpíada de 1904 me chamou atenção: pensei que tinha achada um erro grave na forma por que arrumei os dados. Fui conferir na Wikipédia e o resultado é esse mesmo: os Estados Unidos levaram 78 das 96 medalhas de ouro distribuídas nos jogos de St. Louis, no estado do Missouri. Não encontrei uma explicação para tamanha discrepância em relação a outros jogos.

Considerando o número total de medalhas, o resultado não muda muito. Os americanos continuam na liderança, porém agora com dezesseis vitórias. A União Soviética levou sete, mais a de 1992 com a Comunidade de Países Independentes. A China sai da lista, mas entram a Grécia, que teve o maior número de medalhas nas Olimpíadas de 1896 em Atenas, e a Suécia, que, por esse critério, ganhou nas Olimpíadas de Estocolmo em 1912.

Economia dos esportes é um assunto interessante, mas não é algo que eu domine ou sequer possa dizer que conheço. Para falar a verdade, a razão do artigo, mais do que o espírito Olímpico que citei no começo, foi arrumar os dados de medalhas por atletas em medalhas por países. Os esportes por equipe me deram um certo trabalho, pois na base aparece uma medalha por cada membro da equipe. Eu me diverti fazendo o artigo, espero que a leitura tenha sido interessante.

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Roberto Ellery

Roberto Ellery

Roberto Ellery, professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), participa de debate sobre as formas de alterar o atual quadro de baixa taxa de investimento agregado no país e os efeitos em longo prazo das políticas de investimento.

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