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Devemos levar em conta a política nacional ao selecionar os candidatos municipais?

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Estamos próximos de mais uma eleição municipal, eleição esta que em muitos aspectos se difere das eleições federais e estaduais. É claro que mesmo no âmbito municipal os eleitores podem ter suas predileções partidárias, mas as paixões políticas parecem ser muito menos acentuadas do que quando tratamos do âmbito federal. De fato, a política nacional sempre monopoliza mais o tema político, o que acredito seja sempre mais verdade em países com governos mais centralizados, afinal, tais governos concentram um poder muito maior de se fazer notar no cotidiano dos cidadãos. Ao mesmo tempo, muitas pessoas levam em conta as opiniões dos candidatos acerca de temas concernentes à política nacional antes de ir às urnas. Será que tal consideração faz sentido?

É evidente que as matérias de que trata um vereador diferem das tratadas por um deputado; seria bizarro imaginar a Câmara de Deputados decidindo o nome de ruas, por exemplo. Tal fato, pode sugerir que devemos simplesmente ignorar aquelas posições que não se relacionam com os assuntos municipais, mas, embora eu acredite que essa não deva certamente ser a consideração principal, não só faz sentido, como atentar às posições políticas gerais de candidatos é uma estratégia inteligente de escolha de vereadores e prefeitos.

O primeiro argumento que apresento para sustentar tal método é sua aparente eficácia no combate ao fisiologismo. Não raro nos desgastamos em razão de divergências ideológicas, mas tão ruim quanto aquelas ideologias espúrias que gostaríamos de ver definitivamente alijadas do debate político é a total ausência de ideias e políticos que sempre buscam seguir a corrente e dizer/fazer todo o necessário para serem eleitos. Claro que candidatos fisiológicos podem também forjar determinadas simpatias por atores políticos nacionais, se entenderem que isso “está na moda”, mas o bom observador será capaz de enxergar a fraude, mesmo porque ela não costuma subsistir por muito tempo.

O segundo argumento é que, com base em posições gerais, que costumam significar posições sobre a política nacional, é possível ter uma melhor compreensão da linha de pensamento do candidato(a) e, por analogia, tentar imaginar como ele(a) votaria em determinadas matérias em âmbito municipal. Um político que defende todo tipo de irresponsabilidade e descontrole fiscal por parte do governo federal, opondo-se a coisas como a Reforma da Previdência, por exemplo, muito provavelmente seria um prefeito fiscalmente irresponsável e gastador – ou um vereador que faria coro e falharia em fiscalizar tal tipo de prefeito.

O terceiro e talvez principal argumento é que a política municipal costuma ser a porta de entrada daqueles que visam a alçar voos mais altos. Ao votar ignorando o conjunto de ideias de um vereador ou prefeito, focando tão somente nas questões municipais, você pode acabar estimulando a carreira política de alguém que, no futuro, na esfera estadual e/ou federal, votará e defenderá o avesso do que você defende. Pela mesma razão, faz sentido usar o voto como forma de estímulo às carreiras políticas (não confundir com carreirismo) daqueles que melhor representam os seus anseios. Para os liberais isso significa, obviamente, dar preferência a candidatos liberais que, no futuro, podem vir a concorrer a outros cargos, disseminando o liberalismo em outras esferas.

Concluo dizendo que devemos sim nos ater às questões municipais e lhes dar foco principal, mas também devemos levar em conta as posições – ou ausência destas – daqueles que visam a ingressar, ou se reeleger, em cargos públicos. Ao proceder tal análise, conseguimos melhor discernir aqueles que de fato têm espírito público dos que buscam, em nosso linguajar popular, uma “boquinha”. A política não é para todos e, como sabemos bem, pode se tornar um ambiente pútrido, mas cabe a nós tentarmos nos livrar dos fisiologistas e populistas e investir para tais cargos em homens e mulheres de espírito público, munidos de um ideário que contemple a liberdade.

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Gabriel Wilhelms

Gabriel Wilhelms

Graduado em Música e Economia, atua como articulista político nas horas vagas. Atuou como colunista do Jornal em Foco de 2017 a meados de 2019. Colunista do Instituto Liberal desde agosto de 2019.

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