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De quem é a responsabilidade pela minha filha (e pelo seu futuro)?

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Com grande preocupação e muita segurança ao mesmo tempo, em meio a um complexo cenário de incertezas com a declaração de uma pandemia pela OMS em março de 2020, nasce a minha filha.

Repeti inúmeras vezes a seguinte história pelos meses seguintes: “Apesar de uma gravidez tranquila, de pequenos percalços ao longo do caminho, fomos surpreendidos com uma complicação repentina que quase acarreta a não sobrevivência da bebê. No fim (ou no começo, sob a ótica da pequena), tudo deu certo no parto e, após longos dezenove dias de estada em uma unidade de tratamento intensivo infantil, ela foi para casa seguindo firme no desenvolvimento desde então”.

Ao longo do acompanhamento da gravidez, uma médica, que esbanja competência, amparada por outros recursos de qualidade, foi crucial para a administração tranquila. De maneira repentina, tivemos que realizar a tomada de decisão mais crítica, a de arriscar realizar o parto.

Antes de tomar a decisão, em poucos segundos, fiz uma viagem no tempo. Não se tratava daquele ponto específico. Chegar até ali era uma construção de anos. Ter dedicado tempo para me qualificar e dar resultado no meu trabalho me fez ter recursos financeiros suficientes para estar naquela sala, com uma profissional altamente qualificada, com recursos e aparato tecnológico prontos e ao dispor da minha filha. Rapidamente, ainda naqueles poucos segundos, pensei se teria a mesma “sorte”, deixando-a à mercê da própria e pura sorte.

Hayek, em sua obra Os erros fatais do socialismo, analisa como a ordem ampliada ao longo do tempo realizou uma evolução espontânea do mercado em prol do lucro, da qual derivou a preservação da civilização. O mercado, pegando esse exemplo em específico, foi capaz de se desenvolver ao ponto de ter, hoje e ainda em atualização, profissionais e recursos melhores que, associados, podem salvar e manter vidas ainda mais que no passado.

A “própria e pura sorte”, petulantemente pensando como Hayek ao ler essa obra, seria deixar minha filha ser tratada pelo Estado ou, até pior, o Estado achar que deveria tratá-la e não eu. Ela não precisa de outro “pai” – o Estado (?).

Por fim, era a minha responsabilidade tomar a decisão, com uma explanação sobre o poder paterno, a obra O segundo tratado sobre o governo civil de John Locke, estabelece diferenças relevantes com o poder do Estado – mais importante, estabelece o papel dos pais na proteção dos filhos até que atinjam a maioridade para usarem de sua própria razão. “O poder do pai é fruto do dever incumbido a eles: cuidar (…), educar (…) e ditar ações (…), essa é a obrigação dos pais” (relata na p.61).

Há na relação de pai para filho, portanto, uma reciprocidade de respeito, gratidão e ajuda em diferentes intensidades e contrapartidas, desde a infância que percorre até o resto da vida entre o pai e seu filho, aborda Locke na mesma obra. Ele ainda deixa claro que isso difere de um poder político que tem fim e princípios diferentes.

A responsabilidade individual no sentido paternal, aplicada na prática, conforme demonstrado acima, é um valor que gera um compromisso com os atos e escolhas individuais para o seu filho também, enquanto ele não conseguir discernir utilizando sua própria razão. Ela, quando aplicada assim, além de valor, é a demonstração de algo maior.

*Felipe Fernandes é associado I do Instituto Líderes do Amanhã. 

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