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Como Portugal superou a crise econômica

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Ao contrário do que algumas narrativas criadas pela mídia já reproduziram, Portugal somente superou a crise econômica vivida na década passada ao adotar políticas de austeridade econômica para reequilibrar as despesas e receitas — ações que servem de lições para o Brasil.
A figura no site mostra a evolução do PIB per capita português. Repare que a trajetória de crescimento é interrompida durante a crise de 2008, depois ocorre uma queda e, em 2014, a trajetória de crescimento é retomada.
Curiosamente, uma reportagem da BBC Brasil afirmou que “Portugal chegou a ensaiar um forte pacote de austeridade entre 2011 e 2014”, ou seja, o crescimento retornou durante o período da política de austeridade. De fato, a política de austeridade foi revertida com a chegada de António Costa, do Partido Socialista, ao poder, em novembro de 2015. Dessa forma, o candidato socialista pegou a economia já crescendo.

A figura abaixo mostra o gasto do governo em Portugal. Em 2010, ano anterior ao início do ajuste, o governo português gastou €93,24 bilhões, enquanto em 2012 o gasto chegou a €81,72 bilhões, uma queda de mais de 10%. Em 2016, último ano da série que estou usando, o gasto foi de €85,92 bilhões, ainda menor que antes da crise. Não sei para os jornalistas que fizeram a reportagem, mas, para mim, uma queda de mais de 10% do nível de gasto governamental, relativamente mantido posteriormente, é uma política de austeridade.

A figura abaixo mostra o gasto como proporção do PIB. Repare que o gasto caiu de 51,8% do PIB em 2010 para 48,5% do PIB em 2012, mesmo com a economia em recessão. Na sequência, o gasto volta a subir em relação ao PIB e retoma a trajetória de queda em relação ao PIB. Vale notar que, mesmo em 2014, o gasto como percentual do PIB ficou abaixo do observado em 2010.

O que o Brasil pode aprender com Portugal?

Antes de responder, olhemos os dados e comparemos o dito “ajuste fiscal duríssimo” que aconteceu no Brasil com o que vimos de Portugal. Como estou preocupado com a trajetória e não com os níveis, preferi manter os dados nas moedas locais para não me preocupar com ajustes por câmbio ou paridade de compra.

A figura abaixo mostra os gastos do governo brasileiro (em reais) entre 2002 e 2016. Repare que, ao contrário de Portugal, não tivemos queda nos gastos, pelo contrário.

Entretanto, por conta das diferenças entre a dinâmica do euro e do real, alguém pode reclamar da comparação de gastos em moeda local. Olhemos então para a comparação do gasto como proporção do PIB. Repare que, desde 2014, quando o governo brasileiro reconheceu que era necessário fazer um ajuste fiscal, o gasto como proporção do PIB está sempre subindo. O máximo que foi feito ao longo do Governo Dilma foi diminuir a velocidade de crescimento, e é isso que alguns chamaram de “ajuste fiscal duríssimo”.

A comparação deixa claro que houve um ajuste fiscal em Portugal e que o crescimento de Portugal voltou durante o período do ajuste fiscal. Mesmo com a política expansionista do socialista António Costa, o governo português está gastando menos do que gastava antes do ajuste, tanto em euros como em proporção do PIB.

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Roberto Ellery

Roberto Ellery

Roberto Ellery, professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB), participa de debate sobre as formas de alterar o atual quadro de baixa taxa de investimento agregado no país e os efeitos em longo prazo das políticas de investimento.

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