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Centro Latinoamericano da Atlas Network avalia reveses no Chile e na Bolívia

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Participamos, representando o Instituto Liberal, da reunião desta sexta-feira (6) do Centro Latinoamericano da Atlas Network. A organização, que congrega mais de 80 organizações independentes da sociedade civil na América Latina dedicadas a defender pautas, políticas e ideias voltadas para a liberdade individual e o império da lei, planeja realizar bimestralmente encontros como esse entre seus membros, facultando percepções diretas da realidade latino-americana e dos desafios para o liberalismo na região. O IL é parceiro da Atlas desde a década de 80.

No encontro desta sexta, tivemos oportunidade de travar contato mais direto com dois temas sensíveis na América hispânica que chamaram a atenção nos noticiários recentes e acendem um sinal amarelo para todos os países da região: a aprovação de um referendo no Chile para desenvolver uma nova Constituição, bem como os possíveis cenários que podem se desenvolver a partir da elaboração dessa carta magna, e a eleição na Bolívia de Luis Arce, do partido do ex-presidente Evo Morales, Movimento ao Socialismo.

O principal benefício do encontro foi oferecer uma percepção bastante nítida dos riscos que esses dois fatos representam e da importância de os defensores das ideias liberais se organizarem para desenvolver uma massa crítica capaz de reagir aos reveses liberais e às vitórias do socialismo bolivariano. O primeiro tema abordado foi o caso chileno, relatado por Axel Kaiser, escritor e cientista político, Presidente do Conselho Administrativo da Fundación para el Progreso e recém nomeado Senior Fellow do Centro Latinoamericano.

Axel Kaiser avaliou que a atmosfera estabelecida na política chilena está contaminada pelo igualitarismo, que promete provocar no país um grande retrocesso. Isso terá implicações não apenas objetivas nos indicadores chilenos, como também simbólicas, já que o país é considerado um exemplo pelas políticas econômicas liberais adotadas desde a gestão dos chamados “Chicago Boys”.

Kaiser enxerga em ascensão plataformas como a subordinação do Banco Central às ingerências políticas. Embora considere altamente improvável que aventuras militares coloquem o Chile no caminho de se tornar uma réplica da Venezuela chavista, ele receia que uma trajetória rumo ao modelo da Argentina, hoje mergulhada em profunda crise e governada pelo peronismo de esquerda de Alberto Fernández, é bastante plausível.

Já o Dr. Sergio Daga, economista e vice-chancellor da Universidade Privada de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, se encarregou de tecer comentários acerca da situação em seu país. Ele traçou um histórico desde as eleições fraudulentas em 2019, que ensejaram uma reação na sociedade civil, com apoio militar, para depor o presidente Evo Morales, representante do socialismo latino-americano.

Infelizmente, os meses subsequentes foram marcados por uma fragmentação política entre as oposições e arroubos que Daga considera terem sido contraproducentes, como a atitude da presidente interina, Jeanine Áñez, de se anunciar candidata. Somando-se esses fatos à má gestão da crise provocada pela pandemia do coronavírus pelo governo de transição, criou-se um cenário lamentável para o retorno rápido dos socialistas ao poder, na figura de Arce. Apesar de haver quem acredite que ele fará um governo mais moderado, Daga acredita que, infelizmente, será apenas uma “marionete” de Morales.

Os dois acontecimentos provocam uma reflexão quanto ao que indivíduos e instituições como o IL podem fazer diante desses riscos – nada inéditos – que se desenham na América Latina. Para Axel Kaiser, é preciso criar uma grande conscientização, baseada em dados factuais, quanto aos retrocessos que o Chile vivenciará, a fim de educar a comunidade internacional sobre os perigos do dirigismo e do igualitarismo.

Já Daga, na mesma linha, afirmou que nenhuma reação efetiva ao presidente socialista virá do Poder Judiciário ou das forças policiais, mas da sociedade civil, na qual existe uma grande resistência. No enfrentamento aos males típicos de nossa região, apesar dos retrocessos, não parece restar dúvida de que não existem atalhos ou saídas que não passem pela mobilização de correntes de opinião, a fim de que se consolidem como vozes influentes nos processos históricos.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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