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Carta aberta a Rodrigo Constantino. Ou: os liberais e a poligamia

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Caro Rodrigo,

Confesso que eu preferiria não ter de fazer isso, mas acho que uma das minhas obrigações como diretor deste Instituto Liberal é zelar, dentro das minhas limitações, pela correta divulgação dos princípios e valores liberais, os quais, nunca é demais frisar, não se limitam à esfera econômica, como gostariam muitos conservadores, mas envolvem também diversos tópicos relacionados a direitos individuais civis.

Você publicou ontem, no jornal Gazeta do Povo, com chamada em seu próprio blog, um contundente artigo sobre a questão da poligamia, ou “poliamor”, como vem sendo chamada ultimamente.  Sua diatribe começa na defesa, justificando a postura eminentemente conservadora e tentando “escapar” dos rótulos.  Diz você:

“Sou presidente do Conselho do Instituto Liberal, e algumas pessoas acham que liberalismo é sinônimo de libertinagem, ou seja, um liberal “verdadeiro” não deveria se importar com nada que é feito com consentimento entre adultos.”

“Ao defender a importância da família tradicional, sou “acusado” de ser um conservador por aqueles que têm necessidade de colocar tudo em caixinhas simplistas. Não ligo; tenho meu lado conservador mesmo, pois acho que devemos conservar aquilo que presta, e nem tudo que é “moderno” é melhor. Mas o debate ganharia sem a preocupação exagerada com os rótulos. Devemos defender o que julgamos certo, e ponto.”

A meu juízo, excetuando-se a última frase, há inúmeras inconsistências e falsas premissas no raciocínio acima.  A questão principal não é se um liberal deve “se importar” ou não com o que é feito consensualmente entre adultos, mas quais são as suas atitudes em relação a isso, principalmente no que concerne ao envolvimento do estado em questões que deveriam ficar restritas à esfera individual.

Em segundo lugar, defender a instituição da família tradicional não é uma exclusividade conservadora.  Dá perfeitamente para assumir uma postura liberal e, ao mesmo tempo, defender os valores da família.  Por outro lado, não sei de onde você tirou que os liberais pensam que tudo o que é moderno é melhor.  Pelo contrário, a posição liberal, como o amigo bem sabe, é de permanente ceticismo, não só sobre o que é moderno, mas também sobre o que é tradicional.  Ao contrário dos conservadores, não enxergamos o que é tradicional como sempre preferível ao que é novo, assim como discordamos dos progressistas em relação à preferência automática pelo novo.

Em resumo, o dualismo entre liberais e conservadores não é uma questão simplesmente de conceitos ou de rótulos, mas de postura, de atitude em relação a determinados princípios.  Como já tive oportunidade de dizer a você anteriormente, julgar condenáveis certos comportamentos individuais, como consumo de drogas, prostituição, eutanásia, pornografia ou poligamia não é privilégio de conservadores, assim como não o é defender valores éticos, religiosos e familiares.  Na verdade, você pode condenar todas aquelas atividades, defender aqueles valores e, ainda assim, ser um liberal radical (termo usado aqui em seu sentido primário, “de raiz”), bastando apenas que você não defenda o uso dos poderes de polícia do Estado para impor aos demais a sua moral ou obrigá-los a rezar pela sua cartilha.

Em outras palavras, embora possa não praticar nem estimular quaisquer dessas atividades, o liberal defende o direito dos outros de se drogar, de praticar eutanásia, de prostituírem-se, de consumirem pornografia, de se casarem com gente do mesmo sexo, enfim, de tudo quanto afete somente a eles mesmos. Analogamente, qualquer liberal ou conservador pode defender o direito individual de porte de armas, sem que, necessariamente, pretenda portar uma.

Portanto, a libertinagem não é, de forma alguma, intrínseca ao caráter dos liberais.  Estes tampouco são avessos a certos valores morais ditos conservadores.  A diferença entre nós está no uso que estamos dispostos a fazer dos poderes coercitivos do Estado para impor aos demais os nossos valores.  Resumindo, nossa diferença é de princípios, não de conceitos ou “rótulos”.

É claro que, como estudioso que é do liberalismo, você sabe de tudo isso, muito melhor até do que eu.  Repare, por exemplo, neste breve diálogo, entre você e um de seus leitores: L: “O problema não é você defender valores tradicionais, conservadores, como a típica família tradicional. Não. O problema é como se vai colocar essa visão, se através da força coercitiva do Estado ou da relação voluntária entre indivíduos”. R: “Aqui estou defendendo valores no campo das ideias. Sequer falei de leis.”

Sua resposta claramente admite que um liberal jamais poderia defender a criminalização da poligamia sem cair em contradição com seus princípios.  Mas você nem precisava falar de leis. A poligamia é proibida no Brasil. Logo, ao atacar aqueles que defendem a sua descriminalização, você, implicitamente, defende a manutenção do “status quo”.  Note que você não escreveu um artigo com argumentos a favor da monogamia, tentando demonstrar a sua superioridade moral ou os possíveis danos aos partícipes da poligamia, mas um texto extremamente agressivo contra todos aqueles que, sejam liberais ou progressistas, ousam defender o direito das pessoas adultas de, consensualmente, praticarem o amor a três, quatro ou cinco, sem que isso as leve para a cadeia.

Finalmente, uma palavra sobre o argumento escatológico segundo o qual todos aqueles que defendem o direito de adultos à poligamia consensual estariam contribuindo para a destruição da família tradicional e, consequentemente, da própria civilização.

Ora, não existe qualquer razão lógica para acreditarmos que a descriminalização da poligamia levaria à extinção da família como a conhecemos, e muito menos da civilização (acredito que você se refira aqui à civilização ocidental), sem falar daquela bobagem da “porta de entrada do fundamentalismo islâmico em nosso país”. (Inadvertidamente, você contaminou sua argumentação com a famigerada “slippery slope falacy”).

Não sei se isso irá acalmar o amigo, mas sugiro que você considere o fato de que, mesmo nos países onde a poligamia é permitida, o número de seus adeptos é muito baixo, estando restrito a uma pequena minoria, inclusive nos países islâmicos, onde a prática está autorizada pelo próprio Livro Sagrado.  Tal fato nos leva a intuir que talvez não tenha sido a proibição legal a responsável pela manutenção da instituição familiar no mundo, mas a própria natureza humana – até porque, a noção de família é muito anterior a qualquer lei positiva.

Forte abraço

 

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João Luiz Mauad

João Luiz Mauad

João Luiz Mauad é administrador de empresas formado pela FGV-RJ, profissional liberal (consultor de empresas) e diretor do Instituto Liberal. Escreve para vários periódicos como os jornais O Globo, Zero Hora e Gazeta do Povo.

39 comentários em “Carta aberta a Rodrigo Constantino. Ou: os liberais e a poligamia

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    11/01/2016 em 4:57 pm
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    Ótimo texto! Parabéns!

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    09/01/2016 em 3:10 am
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    Muito bom!!!! tem que ensinar ao Consta .. rs

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    09/01/2016 em 12:24 am
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    Obrigado por citar meu comentário. Esse era meu ponto acerca do artigo do Rodrigo Constantino. Excelente artigo.

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    08/01/2016 em 10:55 pm
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    Acho curioso que muitos conservadores utilizem os *possíveis* efeitos colaterais danosos de certas liberdades, como a de usar drogas, a de prostituir-se e a de formar estruturas familiares alternativas, para combatê-las, mas ignorem solenemente os efeitos colaterais de outras liberdades, como a de beber álcool, a de dirigir automóveis ou a de portar armas. Em todos os casos, pessoas morrem; por que não proibir todas elas então, a fim de evitar os efeitos colaterais da liberdade humana? Talvez seja melhor que cada um fique em casa e não se mexa, pois um vazamento de gás, um pai alcoólatra ou uma arma nas mãos de uma criança podem destruir uma família.

    • João Luiz Mauad
      08/01/2016 em 11:07 pm
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      É isso aí rdagana! Concordo em gênero, número e grau.

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    08/01/2016 em 7:17 pm
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    O Rodrigo Constantino faz um bom trabalho pedagógico em favor do liberalismo e do entendimento do sistema de mercado em metade dos textos. Na outra metade, dá vazão à agressividade contra-producente, afirma que devemos “desprezar” a Chico Buarque j(por que devemos “desprezar” quem pensa diferente?) e busca intenções comunistas nas cores do logo da copa, virando piada internacional. Por causa dessa postura, Constantino virou uma caricatura. É uma perda para a defesa do liberalismo que um colunista tão inteligente se auto-sabote dessa maneira.

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    08/01/2016 em 5:45 pm
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    O grande problema é a regulação estatal: liberar drogas para o Estado tributar (péssima ideia); liberar poliamor para o Estado regular (horrenda ideia). Quando o Estado regula, automaticamente deixa de ser liberal e passa a ser ideológico. O Estado coloca sua ideologia por detrás, coloca varas de família. Imagine o entrave jurídico do poliamor! Imagine, conjuges disputando pensões, guarda de filhos, propriedades e a coisa toda. Já é um inferno com casais “normais”, imagine com arranjos alternativos!

    Indo além, se as escolhas pessoais redundam em traumas e enfermidades, o Estado deverá prestar assistência médica: O Estado deverá assistir os HIV+, eventuais vítimas do poliamor, o Estado deverá pagar clínicas de re-habilitação para drogados, tratamentos para câncer, enfim! Deveríamos tirar o Estado das obrigações, também. Realmente, nem tudo que é lícito, é conveniente, mas nem por isso deve ser proíbido.

    • João Luiz Mauad
      08/01/2016 em 10:45 pm
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      Caro Vertigini,

      O ponto central da minha discordância com o Constantino está justamente na questão da intervenção estatal. Vou dizer aqui o que disse a ele em pvt: Se ele dissesse: “Sou pela descriminalização da poligamia (art. 235 do CP), embora seja absolutamente contra a sua prática por isso, isso, isso”, eu não teria feito qualquer comentário a respeito de seu artigo. Mas o que ele fez foi exatamente o contrário. Todo o seu texto dá a entender que nós devemos tentar preservar o status quo.

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    08/01/2016 em 4:57 pm
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    “Ao contrário dos conservadores, não enxergamos o que é tradicional como sempre preferível ao que é novo”. Mas isso é apenas um “mecanismo de segurança”, porque o novo ainda precisa ser conhecido em um nível decente antes de ser aceito, exatamente pela sua novidade. E o tradicional que o conservador defende é aquele que mostrou-se firme e verdadeiro no transcurso do tempo. “O liberal defende o direito dos outros de se drogar, de praticar eutanásia, de prostituírem-se, de consumirem pornografia, de se casarem com gente do mesmo sexo, enfim, de tudo quanto afete somente a eles mesmos”. Mas como saber até que ponto afeta somente a eles mesmos?? Como medir isso? Acredito que essa análise de liberal não é sustentável. Li tanto o artigo do RC quanto este aqui e parece-me mais coerente e racional o do RC. Já este texto aqui foi apenas uma provocação desnecessária.

    • João Luiz Mauad
      08/01/2016 em 10:27 pm
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      Cara Geysi,

      Qualquer ação humana, em última instância, afetará alguém que não o próprio agente. Ainda que involuntariamente, o simples fato de nos sentarmos ao volante de um automóvel pode se transformar numa tragédia para outras pessoas, mas nem por isso defendemos que as pessoas deixem de dirigir, certo? Esse seu raciocínio é o mesmo dos intervencionistas de esquerda, quando propõem, por exemplo, proibir o consumo de alimentos gordurosos ou açucarados, que podem provocar doenças cardíacas e aumentar o gasto público (leia-se: impostos pagos pelos demais). Cuidado: pois o seu argumento pode acabar se voltando contra você.

      • João Luiz Mauad
        08/01/2016 em 10:40 pm
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        Geysi,

        Acabei esquecendo de comentar o final do seu comentário. O que você chama de provocação, eu considero debate de ideias. Acho ótimo que, depois de ler os dois artigos, você tenha formado uma opinião a respeito, mesmo que contrária à minha. É para isso que serve o debate.

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          09/01/2016 em 5:14 pm
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          Caro João Luiz, ao ler o seu artigo e alguns de comentários, me lembrei de uma dúvida que tenho acerca das posições liberais. Você, inclusive, tratou nas suas respostas a Geysi. A postura liberal é a de que o indivíduo deve ter a liberdade para fazer o que quiser, mesmo que seja uma atitude não valorizada socialmente, desde que comprometa a somente a sua pessoa. Como bem lembrado por você, utilizar drogas, praticar a Eutanásia ou praticar o poliamor, etc. Vou tomar como exemplo o caso das drogas. Muitos liberais falam que o indivíduo tem o direito de usar o que quiser desde que afete somente a si próprio. Como podemos definir isso? Quem se droga, ao se comprometer quimicamente e perder o discernimento sobre suas atitudes, passa a interferir na liberdade de outros indivíduos. Primeiro os membros de sua família e na sequencia pessoas que não conhece. Uma pessoa em crise de abstinência, pode pegar uma arma e matar por muito pouco, apenas para alimentar seu vício. Como fica a liberdade daquele que escolheu não se drogar e tocar a sua vida em frente, aceitando os desafios da vida e de repente tem a sua vida interrompida por alguém que escolheu se drogar? Como fica a postura liberal? Sei que você vai falar das leis para quem comete um crime…mas é somente isso mesmo?
          Outro exemplo, as cracolândias, onde centenas de pessoas drogadas, que destruíram suas vidas, que tem o poder de decisão totalmente diminuído pela dependência química, se aglomeram, causando terror aos moradores e transeuntes, sem contar o problema de saúde pública. Como fica a postura liberal? Alguém que passar por lá, deve pensar que aquilo é problema daquelas pessoas e que fizeram suas escolhas?
          Mas outra dúvida, agora um caso “lícito”. Um motorista que decide dirigir sem cinto de segurança ou um motociclista irresponsável que dirige em zigue e zague pelo trânsito. Vamos dizer que qualquer um dos citados se acidentem e se machuquem. Eles serão atendidos por um serviço de resgate público, talvez até um helicóptero da PM, serão encaminhados a um hospital, talvez do SUS e serão atendidos. A liberdade que eles tiveram de dirigir como quiseram trouxeram consequências a eles em um primeiro momento mas em um segundo momento, toda a sociedade deverá pagar por esses “deslizes”. Qual deveria ser a posição de um liberal?
          Desculpa fazer estes questionamentos e espero que você não tome como provocação. É que é dúvida mesmo, ao ver muitos liberais tendo um mesmo posicionamento para um problema inicial (liberdade de escolha) e nunca vi uma opinião de um liberal quando o problema extrapola a liberdade dos outros. Parabéns pelos textos, leio sempre que posso. Abraço.

          • João Luiz Mauad
            09/01/2016 em 8:51 pm
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            Prezado Ahyr,

            Tento responder algumas de suas perguntas num novo artigo que acabei de publicar no blog: “A nossa liberdade e os outros”. Abrs

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    08/01/2016 em 4:51 pm
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    “Em outras palavras, embora possa não praticar nem estimular quaisquer dessas atividades, o liberal defende o direito dos outros de se drogar… enfim, de tudo quanto afete somente a eles mesmos” Dificilmente um drogado afeta somente a ele mesmo, começa afetando a família, depois a sociedade

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      08/01/2016 em 8:42 pm
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      Bem ao chamar alguem que curte drogas de drogado vc ja mostra seu lado conservador ,alem de que ,minha familia , eu e a sociedade nunca foram afetadas durante esses 20 anos de simples divertimento

      • Avatar
        08/01/2016 em 9:02 pm
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        Me desculpa se não entendi direito, vc diz que usa a vinte anos e nunca afetou ninguém, tá bom, de quem vc compra suas drogas? De um traficante, consegue perceber o que seu dinheiro sustenta e que se vc não faz mal a ninguém diretamente, indiretamente vc financia o tráfico de droga com tudo que ele traz junto, armas ilegais, mortes, etc, etc.

        • Avatar
          08/01/2016 em 9:21 pm
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          Seu papo , esse discurso é o chavão do conservador. Quem determina que é ilegal é o estado(com minuscula mesmo) e sinceramente eu não estou nem ai para o “ëstado”, não é essa a filosofia liberal? Seu chavão é tão batido que veja , nunca fui a uma favela abastecer.Não financio ninguem não e mesmo se financiasse indiretamente , o tráfico só existe devido a definição do estado.Novamente , será que voce não está no lugar errado?

          • Avatar
            08/01/2016 em 9:35 pm
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            hahaha Vc se diz liberal e quer determinar o meu lugar kkkkkk não precisa subir na favela pra comprar droga de traficante, até por telefone vc consegue. Esquece o estado com letra minúscula, no Brasil e em uma caralhada de países, drogas são proibidas, só se compra na mão de bandido, vc abastece com seu dinheiro classe média o tráfico da sua cidade, ponto. Pra sua informação tenho 62 anos e usei muita droga, sei do que estou falando.

          • Avatar
            09/01/2016 em 12:58 am
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            Novamente voce não entendeu.Não determinei , apenas perguntei diante da sua posição conservadora .Drogas são proibidas por quem mesmo?Pelo estado ; parece que tem apreço pelo estado;e em outros tantos paises e estados americanos por exemplo ,é liberado .Não novamente não abasteço não , no caso então da maconha , a coisa é mais livre e mais fácil do que voce pensa.Seu tempo foi outro meu caro , não queira comparar com hoje .Voce esta caindo no mesmo lapso que o Rodrigo Constantino caiu ,tema do texto do João Luiz Mauad.Tirando “poligamia”por “drogas” aqui olha :”Logo, ao atacar aqueles que defendem a sua descriminalização, você, implicitamente, defende a manutenção do “status quo”, entendeu?

          • Avatar
            08/01/2016 em 10:59 pm
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            As drogas arrasam e destroem famílias inteiras, causa morte dos dependentes, sofrimento e vergonha dilacerante dos seus pais e ainda leva famílias inteiras para à falência financeira e psicológica. As drogas é que levam aos assassinatos, assaltos, sequestros e etc. As drogas prejudicam muito a sociedade. Mesmo se elas fossem legalizadas, a devastação sobre a sociedade continuaria sendo a mesma ou até muito pior.

          • Avatar
            09/01/2016 em 12:59 am
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            Nada disso acontece aqui , isso é um texto do Datena?

          • Avatar
            09/01/2016 em 6:28 pm
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            não cara, é o trafico causado pela proibição q causa isso.

    • João Luiz Mauad
      08/01/2016 em 10:30 pm
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      Caro Marcelo,

      Um divórcio ou mesmo um simples rompimento de namoro também podem afetar e magoar outras pessoas, às vezes de forma profunda. Por isso, vamos proibir as pessoas de namorar?

      • João Luiz Mauad
        08/01/2016 em 10:30 pm
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        Desculpe, onde se lê “Marcelo”, leia-se: Marco. Sorry!

  • Avatar
    08/01/2016 em 2:57 pm
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    Boa argumentação. Praticamente todos sabem que Mr. Catra tem mais de uma mulher (são 3) e nem por isso saem por aí querendo fazer parte de uma poligamia, por exemplo

  • Avatar
    08/01/2016 em 1:06 pm
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    Outro ponto que eu gostaria de colocar.
    Confesso que não sei até onde vai a proibição da poligamia no Brasil, mas julgo que essa matéria não conste do Código Penal, ou seja, ninguem iria preso somente por ter mais de uma mulher. O que eu entendo é que quando um homem se casa com uma mulher, ele esta admitindo a exclusividade dessa união e se abstém de manter outra relacionamento. O que ele não pode é formalizar outra relação nos mesmos moldes sem romper o primeiro contrato. Não sei até que ponto isso dá cadeia.
    Ocorre que atualmente existe uma pressão fortíssima justamente para que o Estado reconheça um tipo de arranjo poligamico onde possam existir vários partícipes. Honestamente não vejo porque o Estado deva se meter na vida privada das pessoas, nem que vantagens os progressistas vêem com esse consentimento desnecessário. Sendo assim, qual seria o posicionamento de um liberal? Defender o reconhecimento estatal em diferentes tipos de arranjos interpessoais ou deixar que as pessoas façam o que bem entenderem sem a participação do Ente Coletivo?

  • Avatar
    08/01/2016 em 12:36 pm
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    Tenho um imenso respeito pelo autor do texto, mas eu sou forçado a dizer que ele não entendeu bem o que o Rodrigo quis dizer e colocou uma carapuça na cabeça dos liberais que, tenho certeza, o Constantino (que não se disse conservador) nunca teve intenção de colocar.
    Quando o RC diz que é acusado (por algumas pessoas) de ser conservador, e que nem tudo que é moderno é bom, ele está justamente imputando essa crença aos progressistas (seus acusadores) e não aos liberais, como está corretamente colocado no final do 6º parágrafo.
    Outro ponto: o RC diz que algumas pessoas pensam que liberalismo = libertinagem e (essas pessoas) concluem que um liberal “verdadeiro” (vejam bem: entre aspas) não deve se preocupar com o que adultos fazem consensualmente entre si. Não é ele que diz que liberalismo é isso, mas sim, ele acusa o erro em que incorrem algumas pessoas que fazem esta confusão.
    Espero ter contribuído em alguma coisa com essas ponderações. Obrigado

    • João Luiz Mauad
      08/01/2016 em 2:33 pm
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      Caro Wolmar,

      Conheço o Constantino de longa data para saber exatamente de quem ele estava falando.

    • João Luiz Mauad
      08/01/2016 em 2:51 pm
      Permalink

      Caro Wolmar,

      Conheço o Constantino de longa data para saber exatamente de quem ele estava falando.

      • Avatar
        08/01/2016 em 3:56 pm
        Permalink

        Tive a mesma impressão que Wolmar e creio, consequentemente, que o texto parte de premissas equivocadas. Além do mais, conhecer o Constantino a ponto de saber a quem ele se refere não é suficiente para embasar um texto direcionado a um público tão vasto. Acredito que, com base nesse conhecimento privilegiado, deveria ser feita, no máximo, uma carta fechada e direcionada a quem é de direito. Mas, se nem liberais se entendem, quem sou eu pra querer entender.

        • João Luiz Mauad
          08/01/2016 em 10:36 pm
          Permalink

          Caro Felipe,

          De fato, eu poderia ter enviado a carta ao Rodrigo de forma privada. Mas como eu deixei claro no início da missiva, acredito que a principal função de um INSTITUTO LIBERAL é divulgar e defender as ideias liberais. Por mais que muitos possam não gostar, o liberalismo é uma doutrina atrelada a certos princípios. Por isso, optei pela divulgação da mesma nesse espaço.

  • Avatar
    08/01/2016 em 12:08 pm
    Permalink

    Mas, então, segundo essa lógica, eu não deveria frequentar este site, cujas análises considero excelentes, inspiradoras, estimuladoras de reflexão – porque sou conservadora?

    • João Luiz Mauad
      08/01/2016 em 2:34 pm
      Permalink

      Cara Bianca,

      De que parte do meu texto exatamente você tirou esta conclusão?

    • João Luiz Mauad
      08/01/2016 em 2:37 pm
      Permalink

      Cara Bianca, De que parte do meu texto exatamente você tirou esta conclusão?

      • Avatar
        09/01/2016 em 3:15 pm
        Permalink

        No meu entendimento, Rodrigo, prevendo a reação de alguns (e certos comentários que se seguiram bem demonstram como pode ser violenta) à sua defesa da família tradicional, fala em “rótulos”, “caixinhas simplistas” para, deliberadamente, inserir a questão em um horizonte aberto, sem a preocupação de definir princípios, similaridades, contrastes entre liberalismo e conservadorismo.
        À luz das consequências da extinção da família tradicional (apontadas, por exemplo, por Th. Darylmple, em A vida na sarjeta/Nossa cultura… ou o que restou dela), somadas a outros fatores, nos permitem, sim, falar que a civilização ocidental corre o risco de desaparecer. E nós, liberais e conservadores, não queremos que isso ocorra – até porque é exatamente isso que a esquerda quer, para, assim, pulverizadas as noções de indivíduo, democracia, direitos, construídas ao longo da história, implantar a utopia do inferno coletivista na Terra.
        Prezado Mauad, o artigo (ligeiro, sem dúvida) do Rodrigo era, enfim, mais para se desviar das pedradas por apresentar a questão de um ponto de vista que, em geral, é associado exclusivamente ao conservadorismo. E quando ele escreve “conservar aquilo que presta”, “nem tudo que é moderno é melhor”, penso (por todos os artigos dele que li) que tem em mente desmontar os clichês do senso comum e/ou os decorrentes da doutrinação da esquerda, e não se contrapor ao liberalismo. Pretende suscitar reflexão, independentemente de doutrinas (no melhor sentido do termo). Unir, e não o contrário.
        Na sua carta, colocando-se como diretor do IL, a zelar pela perfeita compreensão dos princípios liberais, você deu uma dimensão que o texto do Rodrigo não tinha, criando uma certa tensão entre conservadores e liberais… pelo menos em mim, rs.
        Mas, reconheço, sua carta não leva conservadores a logicamente inferir que não devam frequentar o site. Ainda bem, pois sairíamos perdendo!

        • João Luiz Mauad
          09/01/2016 em 5:09 pm
          Permalink

          Prezada Bianca,

          Embora eu discorde de que a família tradicional corre risco de extinção, pois, como expliquei no texto, ela é uma instituição que vai ao encontro da própria natureza humana, respeito a sua opinião e a dos que pensam diferente de mim.

          Gostaria que os conservadores que por ventura me leem entendessem que eu nada tenho contra os valores conservadores. Muito pelo contrário. Sou fiel à maioria deles, constituí família (sou casado com a mesma mulher há 33 anos) e criei meus dois filhos de acordo com eles. Minha única e fundamental discordância com os conservadores está na utilização dos poderes coercitivos do estado para impor esses valores. Isso eu não aceito, pois valorizo a liberdade de escolha (um princípio caríssimo aos liberais) acima de tudo. Entendo que um liberal não só pode como deve defender os valores em que acredita, mas sempre deixando claro que respeita o direito dos demais de viver de acordo com valores diferentes. Assim, eu jamais incentivaria a poligamia, mas acho que é minha obrigação defender o direito daqueles que queiram praticá-la, pois o estado não deve se intrometer nisso.

          • Avatar
            09/01/2016 em 7:15 pm
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            Très élégant. Obrigada pela resposta e pelo artigo que propiciou uma ótima oportunidade para nos aprofundarmos nessas questões. Aliás, recomendo a todos a leitura do apêndice filosófico Liberalismo versus Conservadorismo (no livro O que é conservadorismo, de Roger Scruton). De minha parte, também lerei mais obras da perspectiva liberal.

            (E “vamo que vamo” pessoal: qual será o próximo instigante/ /bombante artigo do Mauad?)

Fechado para comentários.

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