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Carlos Tevez e a patrulha ideológica

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Carlos-TevezCarlos Tevez é jogador de futebol argentino conhecido internacionalmente, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas em 2004, com duas Copas do Mundo disputadas e passagens por Corinthians no Brasil, West Ham, Manchester United e Manchester City na Inglaterra e pela Juventus na Itália e que recentemente voltou para o futebol argentino para jogar no clube que o revelou, o Boca Juniors.

Em entrevista recente para o programa “Animales Sueltos”, da TV América, uma espécie de “The Noite” argentino, Tevez falou de diversos assuntos: o retorno ao país mesmo no auge da carreira, família, seleção argentina, as situações que passou nos três países em que jogou, sobre sua origem humilde e também algumas declarações sobre o atual momento que a Argentina vive, o que desagradou boa parte dos partidários do Frente Para A Vitória, partido da presidente Cristina Kirchner.

O jogador argentino falou coisas como:

“Quando eu ainda vivia em Forte Apache (comunidade onde Tevez foi criado), vivíamos com uma média de dez pesos diários. Não era muito, mas não passávamos necessidade, e de vez em quando comíamos até torta de batata. Fui feliz com isso. Os milhões que ganhei com o futebol não me mudaram e a prova é todo o tratamento que recebo dos torcedores do Boca Juniors e até de outros clubes todos os dias quando vou treinar. E hoje com a situação do país como está, vejo algumas pessoas de lá passando fome. Na minha época, vivíamos com pouco, mas necessidades nunca tinha visto em Forte Apache antes dos governos K.”

“A pobreza que existe em Formosa (cidade próxima a Buenos Aires) é enorme. Fui recentemente com a minha esposa para um caminho que levava ao hotel que o clube me disponibilizou enquanto eu não finalizava a compra da minha casa nova. Aquele hotel por dentro me lembrava de Las Vegas, tinha até cassino. Porém quando saía de lá, boa parte das pessoas no entorno estavam pedindo esmolas e chorando de tanta fome. Aquelas pessoas não merecem esse tipo de coisa.”

Por essas declarações contra o governo Kirchner, o jogador argentino tem sofrido perseguições por parte de membros do Frente Para A Vitória, como o do assessor parlamentar Jorge Manuel Santander. Santander disse em uma rede social:

“Tevez é um visitante europeizado. Que lave a boca para falar da nossa cidade. Quanto que Maurício Macri (candidato oposicionista a presidência) tem lhe pago para denigrir a cidade dos outros, seu fedido de m**?”

Talvez um dia Tevez tenha recebido dinheiro de Maurício Macri: quando Tevez era jogador do Boca Juniors entre 2002 e 2004, quando Macri ainda  era o  presidente do clube xeneíze, e portanto era Maurício que assinava o contracheque do jogador com os seus vencimentos, como o de todo o elenco. Mas, para Santander, o fato de que o atual candidato à presidência argentina um dia já tenha sido o “chefe” de Carlos Tevez já é comprobatório para sair dizendo que o atual prefeito de Buenos Aires esteja pagando ao jogador para falar na mídia posições contra o atual governo argentino.

Pode-se perceber que a tolerância com oposicionistas não é o forte da esquerda latino-americana: na Venezuela, opositores como Leopoldo López e Daniel Ceballos estão encarcerados por serem vozes fortes do enfrentamento à ditadura chavista-madurista; Na Bolívia, o senador Jorge Pinto Molina está até os dias de hoje morando no consulado brasileiro em La Paz, por razões de segurança; e mesmo no Brasil já aconteceu caso parecido no ano passado, quando Synara Polycarpo, executiva do banco Santander, recomendou que clientes de altos rendimentos na sucursal brasileira do banco espanhol se preparassem para a recessão econômica que se aproximava do Brasil devido à política econômica mal gerida pela trinca Mantega-Tombini-Barbosa e a casos de corrupção envolvendo estatais e figurões do governo, e Synara teve como prêmio uma demissão do banco, forçada pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, com a argumentação do ex-presidente de que a profissional “não conhecia nada de Brasil”.

O maior inimigo da esquerda não é o liberalismo, a economia, a política ou a cultura. Na verdade o maior inimigo da esquerda chama-se realidade. Quando suas políticas que já são fadadas ao fracasso devido a sua inviabilidade acabam por falhar, buscam-se “culpados” numa tentativa de “limpar a barra”. E esses inimigos podem ser desde um veículo de mídia a um banco internacional. Sempre na busca de culpados pelo fracasso, a esquerda ataca os opositores que mostram que a realidade diverge da propaganda mostrada, dando um jeito de ofender e assassinar a sua reputação, em busca da desmoralização e da mancha do currículo alheio.

Normalmente, o assassinato de reputações acontece com políticos, como aconteceu no ano passado nas inúmeras vezes no período eleitoral com o oposicionista Aécio Neves (PSDB), que enfrentou uma campanha desmoralizante por parte da campanha da atual presidente Dilma Rousseff (PT) durante o pleito presidencial e também com professores, como aconteceu com o diretor executivo do Instituto Liberal, professor Bernardo Santoro, que foi perseguido por um coletivo feminista na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a ponto de o professor ter que se desligar da instituição. Entretanto, pela primeira vez, a patrulha ideológica das frentes de esquerda ataca uma personalidade esportiva-cultural, como fez no caso de Tevez, mas pelo mesmo motivo do assassinato de reputações com políticos e acadêmicos: a mostra da realidade divergente com a propaganda transmitida.

 

 

 

 

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Jefferson Viana

Jefferson Viana

Jefferson Viana é estudante de História da Faculdade de Formação de Professores da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, coordenador local da rede Estudantes Pela Liberdade, presidente da juventude do Partido Social Cristão na cidade de Niterói-RJ e membro-fundador do Movimento Universidade Livre.

Um comentário em “Carlos Tevez e a patrulha ideológica

  • Avatar
    28/08/2015 em 11:39 am
    Permalink

    Jefferson,
    Parabéns pelas palavras coerentes. Atualmente, em minha rotina de leituras diárias, o Instituto Liberal é como uma luz que ainda sobrevive na escuridão. Um dos poucos redutos dos pensadores brasileiros.

Fechado para comentários.

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