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O Brasil e as reformas nas visões de Winston Ling e de Paulo Moura

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As reformas econômicas no Brasil são temas que geram muita discussão. Tanta celeuma por questões elementares me faz ver nisso a resposta que explica o motivo do nosso atraso em desenvolvimento como nação; pois discutir o indiscutível é, não posso deixar de dizer, atitude de país terceiro-mundista. 

Quanto à classe política, sabemos que interesses são o muro que barra as reformas. Quanto aos brasileiros em geral que não apoiam tais medidas fundamentais para que o país saia da lama, o problema  é, em parte, cultural – isso devido à doutrinação ideológica promovida pela cartilha da esquerda; em outra, por ingenuidade e pelo desinteresse das pessoas pela verdade, contando, claro, com a desinformação clássica ao estilo “KGB” disseminada pelos militantes do PT, do Psol e dos revolucionários.

A situação da Previdência, por exemplo: se pesquisarmos, veremos que somente em outubro de 2018 – mês em que foi realizado o pagamento da primeira parcela do décimo terceiro salário do ano passado aos segurados -, o déficit da Previdência foi de 31,5 bilhões de reais (arrecadação de 30 bilhões e despesa de 61,5 bilhões). Ou seja, sai mais dinheiro do que entra. Alguém tem que pagar essa conta. 

Só para termos se ter uma ideia, de acordo com dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), entre os anos de 1995 e 2017, cerca de 55 países elevaram a idade mínima para aposentadoria, sendo que 60 reduziram o valor pago aos segurados e 76 países elevaram a taxa de contribuição previdenciária – o que demonstra uma clara tendência internacional em mudança previdenciária para evitar a falência. Mas no Brasil há quem acredite que Milton Friedman estava errado e que, sim, existe almoço grátis. Ou seja, que o dinheiro para pagaraposentadorias e pensões vem das nuvens.

Sempre lembrando – e escrevi isso em artigo recente – que o povo venezuelano acreditou no conto do almoço grátis e foi enganado por Hugo Chávez, sendo agora refém do tiranete Nicolás Maduro. A Venezuela se rendeu ao socialismo, e eis o resultado: o sistema de saúde está falido, não há emprego, não há comida nas prateleiras dos supermercados e nem papel higiênico para… você entendeu, caro leitor. Tempo atrás, li uma matéria da BBC que abordou a crise da Venezuela. A reportagem se deparou com o caos. Venda de carne podre é algo comum lá, por causa dos constantes cortes de energia elétrica, o que também faz com que cadáveres explodam nos necrotérios por falta de refrigeração. Assustador, não?!?! Os relatos são fortes e impressionantes! Esse é o socialismo, meus amigos, com apenas algumas de suas consequências. 

Para o Brasil não chegar a tal ponto de miséria como o do nosso país vizinho, no entanto, nas eleições de 2018 Jair Messias Bolsonaro recebeu sobre seus ombros a responsabilidade de recolocar o país no caminho do crescimento. Para tanto, era – e é – preciso romper com as amarras burocráticas históricas do Brasil que travam a  economia. Isso sem falar na herança maldita herdada do PT com seus 13 anos de governos que levaram o país à bancarrota, com um projeto de perpetuação no poder bem fundamentado via Mensalão, Petrolão e por meio de desvios e mais desvios de verbas públicas. Pra piorar, assistimos a uma aula de como não se deve governar um país, ministrada pela estocadora de vento. 

E o escolhido pelo presidente para comandar a economia com a missão de salvar o Brasil da venezuelização projetada pelo PT, foi Paulo Guedes, nomeado como ministro. Nesse sentido, este jornalista que vos escreve conversou com Winston Ling, o empresário gaúcho que apresentou Guedes ao presidente  Bolsonaro e o sugeriu para ocupar esse cargo tão importante. Também entrevistei o professor e cientista político, Paulo Moura, que, entre outras ocupações profissionais, atualmente produz um documentário sobre a Escola de Chicago.

A duas breves entrevistas na íntegra:

Winston Ling

IZ – qual sua expectativa inicial com a indicação de Paulo Guedes e sua efetivação como ministro?

WL -Minha expectativa inicial era a de um forte choque liberal na economia.

IZ – Quais avanços já foram alcançados? O que falta de fato para a aprovação das reformas necessárias?  

WL – Os avanços foram tímidos, tardios, e desidratados pelo Congresso, prejudicando a efetividade dos resultados. Infelizmente os eleitores não fizeram a renovação necessária no Congresso, e isso deixou o governo à mercê dos interesses especiais e das chantagens políticas da democracia.

IZ – Em qual ano você se foi para Chicago, por que buscou essa formação e como conheceu Guedes?

WL – Eu cheguei lá em outubro de 1978 com um bilhete que me foi dado por Afonso Celso Pastore, para procurar o outro brasileiro que ainda restava no departamento de Economia, no programa de Ph.D., um tal de Paulo Guedes. Mas houve um desencontro: o PG acabara de concluir seu doutorado e retornado semanas antes para o Brasil. Fui conhecer pessoalmente o Paulo Guedes somente 39 anos depois, no mesmo dia em que eu o apresentei ao Bolsonaro.

IZ – Se as reformas não forem aprovadas, qual o tamanho do estrago que pode acontecer na economia do país?

WL – Se as reformas não forem aprovadas, ou se forem desidratadas e aprovadas após procrastinação excessiva por parte do Congresso, como tem acontecido, o Brasil corre o risco de perder o bonde mais uma vez, e se isto acontecer, o país quebrará de vez, entrando numa espiral descendente do estilo venezuelano.

Professor Paulo Moura

IZ – Qual sua expectativa inicial com a indicação de Paulo Guedes e sua efetivação como ministro?

PM – A expectativa inicial com PG foi muito grande visto que pela primeira vez temos um capitalista liberal gerenciando nossa economia e com carta branca para fazer o necessário. Havia um temor inicial com o fato de que ele nunca tinha estado em governos anteriores. No entanto, o ministro tem se revelado uma excelente “político”. Os obstáculos políticos que ele enfrenta para levar adiante sua agenda decorrem do conflito de interesses que essa novas (no Brasil) políticas púbicas despertam nas corporações e na classe política. Não obstante a Reforma de Previdência em vias de aprovação não ser a idealizada por PG e sua equipe, trata-se da mais profunda reforma desse tipo já feita no Brasil. No Chile, por exemplo, onde as ideias da Escola de Economia de Chicago foram postas em prática e deram o resultado que vemos, havia um regime militar que impedia a contestação. Nas democracia tudo é mais lento e negociado. Há concessões às resistências para que as reformas sejam aprovadas. Mas, com o tempo colheremos os frutos desses avanços, se deixarem o homem trabalhar.

IZ  – Quais avanços já foram obtidos mediante seu trabalho? O que falta de fato para a aprovação das reformas? E  o modelo da reformada da previdência aprovado em primeiro turno no Senado… nos ajuda? 

A agenda de reformas tem uma ampla pauta. Reforma Tributária; Pacto  Federativo; privatizações, abertura de mercado, desregulamentação e desburocratização para aumentar a liberdade econômica. Enfim, há um longo caminho. Na vitrine já aprovamos a Lei da Liberdade Econômica e estamos para aprovar a Reforma da Previdência. Fora do campo visível, muitas mudanças microeconômicas estão em curso no governo. Há muito o que fazer ainda. O estrago feito pelos governos petistas é de grande magnitude. Consertar dá trabalho e toma tempo. Mas, creio que a partir de 2020, já começaremos a ver resultados.

IZ – Se as reformas econômicas não forem aprovadas, qual o tamanho do estrago que pode acontecer na economia do país?

PM – Creio que, dada a gravidade da crise fiscal e da recessão brutal produzida pelos governos petistas, a classe política brasileira e a maioria da nossa sociedade assimilaram de forma consensual a necessidade da adoção das ideias liberais como solução para a crise em que nos encontramos. Ainda que mitigadas pelos políticos, creio que vamos avançar um conjunto de reformas capazes de botar o Brasil no rumo do desenvolvimento. Sou otimista com relação a isso. Creio que os políticos e a maioria da sociedade já entenderam que a outra hipótese, isto é, a não aprovação dessas reformas será o caos. Temos o exemplo da Venezuela como visão do inferno. E temos, também, o exemplo da Argentina aqui ao lado. Macri hesitou em levar a fundo essas reformas. A inflação voltou, o déficit público que é o pai da inflação não foi equacionado. E a esquerda está em vias de voltar ao poder. Se alguém tem dúvidas das consequências de não dar suporte político ao ministro Paulo Guedes e ao presidente Bolsonaro para ir fundo nas reformas liberais, já tem esses dois vizinhos como modelo de cenário que resultará desse erro.

IZ – Qual sua expectativa em relação ao documentário  sobre a escola de Chicago?

PM – O documentário Chicago Oldies, que está em fase de produção para ser lançado nas mídias digitais em abril de 2020, recupera a memória das reformas liberais do Chile dos anos 1970; registra esse início da implantação das reformas no Brasil e trás um enorme carga de informações, desconhecidas no Brasil, sobre os fundamentos da Escola de Economia de Chicago, seus protagonistas e sucesso de suas ideias postas em prática no Chile dos anos 1970. Por fim, além de registrar a luta pela implantação dessas ideias no Brasil , pretendo sugerir uma agenda para o futuro, supondo um Brasil que já terá superado essa primeira etapa do trabalho que o ministro Paulo Guedes e sua equipe está implementado com o aval do presidente Bolsonaro.

Para findar esse artigo, lembro que as políticas do socialismo sobrevivem até que o dinheiro dos outros termine, como bem disse Margaret Tatcher, Primeira-Ministra do Reino Unido, de 1979 a 1990, e grande expoente do liberalismo econômico.

Que venham as reformas!

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Ianker Zimmer

Ianker Zimmer

Ianker Zimmer é jornalista formado pela Universidade Feevale (RS) e pós-graduado em Ciências Humanas: Sociologia, História e Filosofia pela PUCRS. É autor de três livros, o último deles "A mente revolucionária: provocações a reacionários e revolucionários" (Almedina, 2023).

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