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As seis lições

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O livro As Seis Lições apresenta uma abordagem pragmática e objetiva sobre as ideias da liberdade e do capitalismo, dispostas em seis capítulos que representam seis palestras ministradas por Ludwig Von Mises na Argentina, em 1958, revisada e publicada por sua esposa Margit Von Mises, em 1978. Cada capítulo apresenta uma temática, seguindo a ordem: O capitalismo; O socialismo; O intervencionismo; A inflação; Investimentos externos; e Política e ideias. Cada um destes temas é abordado de forma simples, com contextualização histórica e apresentação de exemplos que nos fazem refletir e entender diversos aspectos da política. Alguns pontos relevantes dos capítulos serão apresentados a seguir.

Inicialmente, o autor apresenta o contexto histórico do surgimento do capitalismo por volta de 1750, nas ilhas britânicas. Tal fato ocorreu em decorrência do elevado número de pessoas pobres existentes no período, que beirava a um terço da população. Essas pessoas que viviam em extrema pobreza começaram a empreender (embora tal termo não existia na época) para criar produtos úteis para população e, com isso, garantir recursos para a sua sobrevivência. Com o passar do tempo, a sociedade se organizou e deu origem a grandes indústrias e fábricas. Entretanto, mesmo com o desenvolvimento e melhoria da qualidade de vida da população, ainda existia muito receio ao capitalismo.

Um exemplo apresentado pelo livro é o das empresas ferroviárias, que cresceram, dominaram o mercado e criaram um monopólio, que, devido à alta necessidade de investimentos para entrar neste mercado, acabavam por tornar inviável o surgimento de concorrentes. Então grande parte da população concluiu que o capitalismo havia chegado ao seu limite neste setor. Entretanto, neste sistema denominado capitalismo, são os clientes que ditam as regras e as suas necessidades (ou a satisfação delas), que justificam o surgimento e o desenvolvimento de solução. Logo, o que ocorreu na História foi o surgimento de outras modalidades de transporte, mais efetivas e adequadas para os diversos momentos, mostrando-se o capitalismo um modelo econômico, livre e orientado ao cliente, permitindo, por meio destes princípios, um maior desenvolvimento e auto-organização da sociedade.

No segundo capítulo do livro, Mises apresenta uma análise sobre o socialismo e as consequências de um modelo que tem o Governo como centro controlador e tomador de decisões relevantes para a sociedade. Como exemplo, o livro apresenta a situação da censura, que, inevitavelmente, ocorreria à medida que as notícias vinculadas não fossem de agrado do Governo. Além disso, esse tipo de regime interfere em vários outros fatores, como a questão da carreira das pessoas, determinando as funções que cada uma deve exercer, e até mesmo no planejamento do país, que passa a ser um plano orientado para o interesse do grupo que exerce o poder, eliminando a liberdade de escolha do povo.

Após isso, a terceira lição abordada é sobre o intervencionismo, que se trata da interferência direta do Governo em fatores de mercado com o objetivo de preservar a ordem. Entretanto, conforme apresenta o importante economista liberal Frédéric Bastiat em sua obra O que se vê e o que não se vê, toda intervenção do governo, mesmo que bem-intencionada, é originária de um planejamento central, em que o interesse de um pequeno grupo irá prevalecer frente às necessidades e vontades de cada cidadão. Ou seja, quando o governo intervém em determinado setor, estabelecendo regimes ou políticas de mercado, justificando a manutenção da ordem e o bem-estar social, os efeitos em cadeia que estas ações podem gerar são altamente maléficos para a população, prejudicando a livre economia e seu desenvolvimento.

A quarta lição fala sobre a inflação, que é um fenômeno comum de mercado, ocorrido de acordo com a oferta e demanda de dinheiro, em que o governo imprime dinheiro para conseguir arcar com suas despesas, gerando a desvalorização da moeda. Desta forma, a inflação acaba por beneficiar apenas alguns elementos primários da cadeia produtiva, afetando, negativamente, vários outros elos da cadeia. Acaba por ser uma medida política e temporária, mas prejudicial para grande parte da população.

No capítulo seguinte, Mises fala sobre investimento externo, iniciando uma abordagem sobre a diferença entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento. Basicamente, esta diferença existe devido à disponibilidade de dinheiro/capital nos países por pessoa, que faz com que as mesmas atividades tenham valorização diferente em cada país. Neste contexto, o investimento externo é um mecanismo com potencial para acelerar o desenvolvimento da população que o receberá.

Para finalizar o livro, o autor aborda políticas e ideias, apresentando as experiências históricas e políticas experimentadas pelo mundo, chegando até as construções partidárias permitidas pela democracia, mas que desvirtuaram de discussões baseadas na preocupação em conferir bem-estar à população para debates que visam a agradar grupos de interesse. Além disso, ele destaca o intervencionismo e a inflação como elementos com capacidade de prejudicar fortemente o desenvolvimento das nações.

O livro é uma grande obra que contribui muito para a introdução básica, porém qualificada, do debate das ideias liberais, reforçando a importância e os benefícios de uma economia livre. Ludwig von Mises é um grande entusiasta do pensamento liberal e apresenta argumentos fundamentais para embasar reflexões políticas necessárias, para que tenhamos uma nação que busque a melhoria da qualidade de vida por meio de autonomia e liberdade.

*Vitor Bobbio é colaborador no Instituto Líderes do Amanhã. 

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