Alberto Oliva fala sobre Karl Popper em Catanzaro, Itália
Colaborador tradicional do IL, o professor Alberto Oliva participou do Segundo Seminário da Escola de Liberalismo: “Conhecimento e Política em Karl Popper”, promovido pela Faculdade de Direito da Universidade “Magna Grécia” de Catanzaro, representando a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O seminário foi apresentado por Sandro Scoppa, presidente da entidade organizadora, que primeiro descreveu o perfil biográfico e a bibliografia de Karl Popper. 2014 marca o vigésimo aniversário da morte do pensador austríaco.
Vienense por nascimento e formação, Popper deve ser contado entre os mais importantes filósofos da ciência do século XX e, ao mesmo tempo, um dos mais perspicazes e tenazes defensores da sociedade aberta contra todas as formas de totalitarismo.
Seu legado intelectual, segundo Sandro Scoppa, inclui a crítica da indução, a proposta da falseabilidade como critério de demarcação entre a ciência e a não-ciência e uma contribuição fundamental para a tradição política liberal, contribuindo para colocá-la sobre novas e sólidas bases.
Alberto Oliva destacou que, sobre temas políticos e sociais, uma peculiaridade do pensamento de Karl Popper é basear a defesa da Sociedade Aberta em uma reflexão consistente sobre a natureza do conhecimento humano. Para o filósofo vienense, a Sociedade Aberta é ancorada na visão falibilista, segundo a qual todo o conhecimento científico é, e continua a ser, hipotético, conjectural.
A pesquisa científica não é nada mais do que uma tentativa de resolver os problemas, e os problemas se tentam resolver inventando hipóteses ou conjecturas ou teorias que são, então, testados. Este método, o método de tentativa e erro, que vale para todos os campos de pesquisa, aplica-se sempre que há um problema a ser resolvido. A sociedade aberta, também chamada de “Grande Sociedade” por Friedrich von Hayek e Adam Smith, – frisou Alberto Oliva – é, portanto, um fenômeno social complexo, que reflete uma sociedade livre, multiétnica e tolerante. Essa que se sustenta nos dois pilares da falibilidade do conhecimento humano, que exclui a possibilidade de que alguém possa intitular-se como depositário de um “ponto de vista privilegiado sobre o mundo”, e do politeísmo de valores, que reflete a consciência de que, no que respeita a valores últimos, vivemos e viveremos em um mundo politeísta no qual as regras do direito, gerais e abstratas, delimitam, inevitavelmente, os limites das ações humanas.
No final da apresentação, houve um amplo debate com os participantes do seminário, permitindo o aprofundamento do tema tratado.
Alberto Oliva também falou em Siena, com uma palestra mais técnica envolvendo a relação entre filosofia e ciência.
Além de integrar o corpo acadêmico da UFRJ, Oliva é pesquisador do CNPq, foi Membro do Conselho Editorial da revista Banco de Idéias, do IL, e publicou:
Entre o Dogmatismo Arrogante e o Desespero Cético. IL-RJ. 1993.
Ciência e Ideologia. Edipucrs. 1997.
Liberdade e Conhecimento. Edipucrs. 2a ed. revista e ampliada. 1999.
Ciência e Sociedade. Do Consenso à Revolução. Edipucrs. 1999.
A Solidão da Cidadania. Editora Senac. 2001.
Filosofia da Ciência. Zahar. 2003.
FONTE: http://catanzaro.weboggi.it/
TRADUÇÃO / EDIÇÃO: LIGIA FILGUEIRAS
edição atualizada em 15/03/2014