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Acredite nas elites

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UBIRATAN IORIO *

Aquele taxista, ontem, foi taxativo (ou seria “táxi-ativo”?):“Doutor, o mal do Brasil são as elites que não saem do poder. Quer acabar com a corrupção no Brasil? Então acabe com as elites”. Ouvir taxistas é sempre uma boa alternativa para sabermos a média das opiniões de um grupo, porque em seu trabalho conversam com passageiros de grande variedade dentro da estrutura social e também porque a maioria – especialmente os diaristas – convive nos locais onde moram com pessoas que não podem pagar por corridas de táxi. Mas, afinal, o que nosso povo tem em mente quando ouve ou pronuncia ou lê a palavra “elite”? Nos dicionários, elite (do francês élite, que vem do latimeligire) é um substantivo feminino com dois significados. Segundo o Aulete, são estes: “1. O que é ou o que se considera o melhor ou o que tem mais valor em um grupo, em uma sociedade etc.; ESCOL; (FINA) FLOR; NATA; 2. Grupo de pessoas influentes numa sociedade, por estarem em posição de poder ou por serem altamente competentes em determinada área: Os times que formam a elite do futebol brasileiro”.

No entanto, o marxismo cultural simplesmente finge desconhecer a primeira acepção para fixar-se na segunda e, pior ainda – para deturpá-la, dirigindo-a para suas conveniências ideológicas, ao identificá-la tão somente com grupos dominantes ou localizados em camadas hierárquicas superiores na estrutura social e que têm interesse em manter milhões na pobreza. Essa identificação deturpada, conhecida em Sociologia como “teoria das elites”, remonta a Gaetano Mosca e sua doutrina da classe política. Vilfredo Pareto, em sua teoria da circulação das elites, utilizou o termo  como sinônimo do conceito de classe dominante de Marx e Robert Michels, com sua concepção de lei de ferro da oligarquia. Mas é Antonio Gramsci – sempre ele! – que, ao identificar elite com a categoria de classe dirigente, de intelectuais orgânicos, afasta o conceito de elite do de formação de opinião pública e o substitui pelo de construção ideológica, ou seja, a direção da política em um dado momento histórico, atribuindo a ela o importante papel de dirigente cultural. Você já viu esse filme ou assistiu a essa entrevista de um “intelectual” de esquerda antes, não?

A imensa maioria, que se deixa levar pelo que a mídia esquerdista expele diariamente, identifica a palavra elite ou com oligarquia, ou com aristocracia, ou com monarquia, ou com qualquer outra “ia” exploradora de pobres, exatamente aquela opinião que o taxista desferiu . A estratégia e as táticas de Gramsci são – reconheçamos – impecáveis! No caso das elites, a porta de entrada é a psicologia, ao exarcebarem os sentimentos de frustração, complexo de inferioridade e de inveja dos “explorados”.

Meu amigo Bruno Garshagen postou em um desses dias no Facebook estas sábias palavras, claramente em acordo com o primeiro significado da palavra: “Toda sociedade precisa de uma elite (o que há de mais valorizado e de melhor qualidade). E de homem médio acima da média. Se não há elite nem homem médio acima da média que possam influenciar e ajudar os que estão abaixo da média, não há sociedade bem-sucedida”. Bruno, em poucas palavras, resumiu que sem uma elite é impossível uma sociedade caminhar à frente, porque a mediocridade torna-se universal. Com efeito, ai das sociedades que não possuem uma elite de empreendedores, de trabalhadores, de artistas, de intelectuais, de professores, de médicos, de mecânicos, de operários, enfim, de pessoas de todas as atividades, porque são essas pessoas – exatamente essas, tão enxovalhadas pelo gramscismo – que, por suas qualidades excepcionais, seja de liderança, seja de formação de opinião, seja de apego ao trabalho bem executado, seja de pura inteligência ou arte, “puxam” as demais para cima, assim como, em Estatística, quando substituímos um componente de uma média por outro, maior, o resultado é que a média aumenta.

O que seria da humanidade sem Platão, Aristóteles, Tomás de Aquino, Leonardo da Vinci, Michelangelo di Ludovico Buonarroti, Luiz de Camões, Miguel de Cervantes, Dante Alighieri, Galileu Galilei, Bach, Mozart, Blaise Pascal, Isaac Newton, Thomas Hobbes, Niccolò Paganini, Immanuel Kant, Thomas Edison, Graham Bell, Enrico Caruso, Albert Einstein, Louis Armstrong, Steve Jobs, Bill Gates, Irineu Evangelista de Sousa (o barão de Mauá), Pelé, Garrincha, Rivellino, Messi, Winston Churchill, Luigi Einaudi, Sam Walton, Octavio Gouvêa de Bulhões, Noel Rosa, Thomas Watson Jr?

Chega ou queremos mais? Tom Jobim, Bill Evans, Henry Ford, Pierre e Marie Curie, Jack Welch, Albert Sabin, Euclides, Epicuro, Charles Merrill, Cícero, o Infante Dom Henrique, Vasco da Gama, Cristóvão Colombo, Sêneca, Agostinho de Hipona, Claude Debussy, David Sarnoff, Adam Smith, James Mill, Dom Pedro II do Brasil, Ludwig von Mises, Konosuke Matsushita, Machado de Assis, Eugenio Gudin, Friedrich August von Hayek, Francesco Matarazzo, Vincent van Gogh, Roberto Goizueta, Delmiro Golveia, Luís B. Mayer, Maria Callas,  Assis Chateaubriand, Walter Moreira Salles, Stée Mentzer…

Mais ainda? Amador Aguiar, Ray Crock, Ray Charles, Pedro Alvares Cabral, Cole Porter, José Mindlin, Victor Civita, Antônio Ermírio de Moraes, Gordon Moore, Adoniran Barbosa, Ernesto De Curtis, Sophia Loren, Rock Marciano, Walt Disney, Akio Morita, Giuseppe Verdi, Jorge Paulo Lemann, Ruben Berta, Giacomo Puccini, George Gershwin, Konrad Adenauer, Rolim Amaro, Eddy Toyoda, Arturo Toscanini,  John Lennon, Zeca Pagodinho e milhares de outros grandes nomes? Pois todos faziam e fazem parte de uma elite, porque eram ou são os melhores, estavam ou estão bem acima da média e o mínimo que podemos afirmar é que sem esses nomes e os dos milhares que omitimos por economia de espaço, a humanidade seria diferente, “para menos”…

No entanto, se você entrar no Google e digitar “elite frases” a primeira que vai aparecer é:

“Pobre gosta do dinheiro da elite. E a elite gosta do trabalho do pobre”. Sabem de quem  é esta profunda divagação filosófica? Da socialite Vera Loyola… Preciso acrescentar mais o quê, a não ser o que escreveu Nelson Rodrigues (outro membro de nossas elites)? Disparou o dramaturgo: “A verdadeira grã-fina tem a aridez de três desertos”.

E, já que citamos o nosso Rochefoucault torcedor do Fluminense, que nasceu como um clube de elite e mantém até hoje essa tradição, que tal encerrarmos com uma frase sua que, embora aplicada em outro contexto, reflete bem o espírito deste despretensioso artigo? “O homem não nasceu para ser grande. Um mínimo de grandeza já o desumaniza. Por exemplo: — um ministro. Não é nada, dirão. Mas o fato de ser ministro já o empalha. É como se ele tivesse algodão por dentro, e não entranhas vivas”.

Os idiotas da objetividade gramsciana mostram seus dentes e ganem:  “Fulano é um elitista!”. E o Fulano médio, ao ouvir isso, senta-se no meio-fio e chora lágrimas de esguicho, tamanho é o trabalho de lavagem cerebral a que foi submetido desde criança. Mas, meus amigos, ser “elitista” não é um xingamento; é um elogio!

* ECONOMISTA E PROFESSOR

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