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A Pauta Que Os Pariu

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O grande debate que deveria estar sendo travado pelos meios de comunicação, no justo momento em que traço estas tortuosas linhas, envolve o maior fenômeno já produzido na política nacional desde 1889, qual seja, a desativação do balcão de negócios que vigorou desde sempre entre os poderes legislativo e executivo, desativação esta que engendrou a sonora queda-de-braço atualmente em curso entre a Câmara e o Governo Federal.

 Era de se esperar que toda a população estivesse debatendo fervorosamente, nas esquinas e bares, a respeito dos meios de tornar viável a tramitação no Congresso Nacional, das mais importantes reformas de nossa história recente — a da previdência e o pacote anti-crime — preservando-se intacto o compromisso de não mais retomar-se o abominavelmente depravado jogo político do “toma-lá-dá-cá”.
Deveríamos estar todos especulando sobre como o Presidente poderá valer-se do forçoso, porém velado, apoio que possui dos governadores dos estados de modo a lograr converter os “indecisos” a votarem favoravelmente às reformas.
Painéis de debates e mesas redondas deveriam estar sendo patrocinados pelos distintos segmentos da sociedade, em busca de alternativas e na avaliação dos potenciais cursos de ação disponíveis, de forma que o governo venha a efetivar a aprovação de tão relevantes emendas constitucionais.
Sociólogos e antropólogos deveriam extenuantemente dedicar-se a estudar os efeitos virtuosos que tal revolução no jeito de fazer política terá sobre a Nação no curto, médio e longo prazos.
Juristas e acadêmicos deveriam estar debruçados sobre propostas de novos mecanismos legais com vistas a evitar-se que, algum dia, a negociata de favores espúrios torne a repetir-se no Congresso Nacional.
E, obviamente o mais importante: toda a sociedade deveria estar empenhada em debater de que modo a população pode e deve pressionar os políticos para juntos nos assegurarmos de que as reformas prossigam nas duas casas legislativas sem atropelos e no mais curto espaço de tempo.
Isto é o que a mídia, os intelectuais e a sociedade deveriam estar dedicados a analisar e debater profusa e exaustivamente nos dias de hoje. O que realmente vemos, no entanto, são pessoas comuns, arrogando-se a “especialistas”, bradando, qual papagaios, aos sete ventos e a plenos pulmões, que “Bolsonaro não sabe articular”, “Ele não sai do Twitter”, “Isso é hora de ir ao cinema?” e, a mais batida de todas, “O governo está em crise!”
É simplesmente surpreendente a incapacidade que a população demonstra em enxergar a maior revolução pacífica de sua história, a desfilar lenta, solene e inexoravelmente perante seus olhos.
Esta contraditória reação popular aos eventos ora descritos é pútrido fruto de uma sociedade caudatária de suas oligarquias dominantes, refém da pauta de debates por elas criminosamente imposta através de uma mídia cada vez mais abjeta, decadente e cronicamente adicta a verbas públicas (das quais presentemente atravessa grave crise de abstinência) — verbas estas súbita e drasticamente estancadas por iniciativa do atual governo — e que tão fartamente jorravam-lhe nos “áureos tempos” da complacente social democracia e do pródigo petismo.
Este pequeno contingente oligárquico, representando menos de 1% da população — heterogeneamente composto de políticos, magistrados, sindicalistas, grandes jornais e redes de TV, burocratas e funcionários públicos, empreiteiras, cartéis institucionalizados pelo Estado, falsas ONGs e pseudo-movimentos sociais, empresários beneficiários de empréstimos do BNDES, os chefões do crime organizado e tutti quanti —, é quem docemente controla e pauta o debate nacional, exercendo um poder quase que hipnótico sobre o distinto público pagante, conduzindo-o a transitar ao largo das grandes questões nacionais, enquanto os incita a vociferar incessantes e renitentes bordões e chavões devidamente assimilados após a inescapável e irrefletida leitura de panfletos ideológicos de quinta categoria (eufemisticamente alcunhados de jornais) e a entorpecida audiência de propositadamente frívolos e pueris telejornais, telenovelas e programas de entretenimento, de conteúdo sutil, porém, eficazmente manipulador e tendenciosamente anti-governista (leia-se, de viés contrário às tão imprescindíveis reformas).
Desprovida das ferramentas intelectuais que lhe propiciariam uma reflexão autônoma da conjuntura (fruto de décadas de imbecilização por escolas que não ensinam a pensar e universidades que não autorizam a contestar), a população sai repetindo, qual matraca, os lugares-comuns devidamente mimetizados por adestramento, após sua imersão diária no mundo de fantasias monocórdicas para ela cuidadosamente confeccionado pela corrompida e subrepticiamente militante mídia impressa e televisiva.
Quando será que nossos cidadãos — senão todos, ao menos aqueles que se auto-intitulam intelectuais — irão compreender o que realmente está em jogo e não mais permitirão que uns poucos privilegiados e delinquentes — cujo único intuito é o de preservar suas ancestrais paróquias e sinecuras — pautem o debate público de modo tão desonesto e arbitrário, sobrepondo seus propósitos e interesses àqueles a quem intelectualmente subjugam e desviando seu foco daquilo que é efetivamente relevante e que representa, sem sombra de dúvida, o maior salto qualitativo político-social brasileiro de todos os tempos?
*Sobre o autor: Vicente Rondon é economista, professor, consultor e músico. Especialista e mestre em gestão de negócios, é estudioso das teorias sobre liberalismo econômico e conservadorismo.

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