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A pandemia irá ajudar o meio ambiente?

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Atualmente tenho me deparado com algumas reportagens e comentários de especialistas que revelam os grandes impactos positivos que a pandemia está proporcionando ao meio ambiente no mundo todo. São exemplos de águas cristalinas em diversos canais, praias e rios, exemplos de animais que estão transitando, as cidades e fotos de satélite que mostram diminuição significativa de emissões de gases em regiões mais populosas.

De fato, a pandemia gerou impactos no consumo e na produção mundial, principalmente por conta do isolamento social optado pelas pessoas ou imposto a elas por decretos estatais. Hábitos de consumo e de comportamento foram altamente modificados.

Uma parcela das pessoas e dos empreendimentos foram mais afetados e sofreram fortes consequências econômicas, forçando algumas empresas a seguirem pelo caminho da falência, ou demissões em massa e suspensão do funcionamento, fazendo com que muitos ficassem desempregados. Com isso, para mitigar os efeitos econômicos, o governo anunciou medidas de apoio social, que são fundamentais para esse momento.

Empresas pararam de produzir, outras estão temporariamente fechadas. Pessoas reduziram consumo, outras faleceram e não possuem mais possibilidades de consumir nada. Muitas pessoas e empresas pararam de se deslocar, deixando o translado apenas para situações extremamente importantes.

Esses acontecimentos levaram a inevitáveis consequências para o meio ambiente: menor emissão de gases poluentes pelos automóveis e menos geração de resíduos em centro comercias, ruas e uma diminuição do consumo de diversos setores. E agora, finalmente, depois de muito tempo sendo sufocado e agredido, o meio ambiente pôde respirar. Será?

Todas as nossas decisões são pautadas em valores, que são intrínsecos ao ser humano e que variam de pessoa para pessoa, com base em princípios, crenças, experiência de vida, conscientização e conhecimento sobre diversos temas. A questão que vale análise é se realmente as pessoas tomam suas decisões baseadas em valores de sustentabilidade ambiental. Por exemplo, quando falamos de escolha de um produto ou serviço, quantas pessoas analisam a procedência das matérias-primas, a forma com que a empresa produz ou executa ou os valores que a empresa anuncia seguir e realmente executa? E indo um pouco além, pode até ser que leve esses fatores em consideração, mas em que nível eles estão na escala de valores? Em determinadas situações, uma indústria não atende a todos os requisitos de proteção ambiental, mas oferece produtos com preços muito vantajosos.

O mesmo vale para outras questões tidas como relevantes, como responsabilidade social e relação entre empresário e trabalhadores, ou seja, o quanto a empresa valoriza seus funcionários.

Voltando ao assunto da pandemia, os comportamentos dos consumidores foram modificados, entretanto, isso não foram motivado por consciência ambiental. A mudança foi ocasionada por questões sanitárias, higiênicas, necessidade de sobrevivência ou então por imposições dos legisladores. Dessa forma, pode até ser que tenhamos sinergia e que algumas mudanças de comportamento afetem positivamente o meio ambiente, mas não necessariamente teremos mudanças estruturadas que trarão resultados positivos em longo prazo. Quando analisamos friamente o pós-pandemia, é fácil perceber diversas hipóteses que nos levam à conclusão de que as agressões ambientais podem aumentar.

Por exemplo, existem iniciativas ligadas a transporte hoje que não são viáveis pelo intenso tráfego das cidades; logo, quando diminuir o tráfego, essas iniciativas podem ter protagonismo e novamente aumentar o tráfego. Além disso, com menos tráfego, menos compra de carros, e aumento da oferta de veículos, logo, redução do preço, e então muita gente que hoje utiliza o transporte público pode passar a utilizar veículos; novamente o tráfego aumenta.

A redução do tráfego pode ainda reduzir o tempo de entrega de mercadorias pelo já consolidado modelo delivery e estimular ainda mais a penetração em outros setores, substituindo ainda mais as compras presenciais por digitais (supermercado, móveis, eletrodomésticos e afins) – e aí, novamente, você tem aumento de tráfego nas ruas.

Saindo da ótica de trânsito, vale destacar os históricos incentivos governamentais, que visam à retomada da economia e do emprego. Tais planos governamentais acompanham grandes flexibilizações ambientais. Agora não será diferente. O debate ambiental é muito mais amplo do que animais voltando às cidades, canais de Veneza transparentes e mapas de poluição.

Independentemente dos problemas encontrados, qualquer solução sustentável passará por consumidores mais exigentes, afinal, são eles que sinalizam para os empresários, por meio de suas ações, o que está sendo feito certo ou não, seja em âmbito ambiental, social, gerencial, comercial ou qualquer outro.

* Vitor Bobbio é colaborador no Instituto Líderes do Amanhã.

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