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A paixão nacionalista que atrasa

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Em tempos de ataques maciços contra o capitalismo opressor, “gerador” de desigualdades sociais, não há temperatura mais adequada para que demagogos e populistas “reentoem” seu canto em prol de políticas nacional-desenvolvimentistas. Com a pandemia, elas estão cada vez mais na moda e nas bocas…

Como é sedutor verbalizar a defesa dos supostos interesses nacionais, do brio nacionalista de fomentar a produção e a compra nacional. Isso é nacionalismo, claro que não é patriotismo. O protecionismo é um dos nossos esportes favoritos e um de nossos vícios mais antigos; talvez por isso, a principal reforma que precisamos exercitar, a abertura econômica, para o bem da saúde econômica de indivíduos, de empresas e do país, não aconteça.

Embora essa retórica nacionalista possa fascinar incautos, comprovadamente tais iniciativas, de modo geral, não passam de embustes que se constituem em verdadeiros “tiros nos pés”. Olha que eu conheço “gente grande” que acaba engolindo essa bobagem embalada para presente…

Primeiro, parece-me essencial aclarar que o capitalismo, caracterizado pela economia de mercado, é o sistema econômico que gera eficientemente empregos, renda, riqueza e prosperidade – está atestado. Infelizmente, a ignorância econômica não permite observar que a economia de mercado é caracterizada pela livre concorrência nos mercados; vejam bem, eu disse concorrência.

O arremedo de capitalismo que temos no Brasil é, de fato, um mercantilismo de compadrio, em que os agentes estatais fazem festas pétit-comitê com “empresários”, por meio de intensas e absurdas intervenções estatais. Claro que esses “empresários” factualmente não querem e odeiam a livre concorrência. Isso aqui é mesmo o paraíso dos oligopólios – e o que é o pior, fundamentalmente nos setores estratégicos da siderurgia, da petroquímica, de energia, etc., etc. e etc.

O alardeado e requisitado nacionalismo econômico, viabilizado pelas práticas protecionistas, só conduz à ineficiência, à exploração nacional interna dos indivíduos e ao atraso. É justamente pelo mercado que mira o umbigo que, enquanto consumidores individuais e/ou corporativos, somos obrigados a comprar produtos e serviços nacionais mais caros e de pior qualidade. A turma que goza dos benefícios do fechamento econômico, no entanto, diz-se favorável à abertura, “pero no mucho”!

Não tendo acesso a produtos e a serviços, a matérias-primas e a componentes e tecnologias estrangeiras, pagamos mais caro por quase tudo, empobrecendo as pessoas e fazendo com que estas deixem de utilizar esses recursos para fazer tudo aquilo que desejam, de acordo com os seus próprios planos de vida.

O nacionalismo destrói a indústria, que, sem poder contar com os recursos e as capacidades internacionais inovadoras, não consegue ser produtiva e competitiva, definhando internamente e perdendo as condições necessárias para competir eficazmente nas arenas internacionais.

O nacionalismo econômico condena todos – pessoas, empresas e país – ao isolacionismo e ao atraso perpétuo.
A falta de concorrência é genuinamente o grande cancro nacional, atuando diretamente como um inibidor do comportamento empreendedor, dos investimentos e das inovações.

Nesse país do faz de conta, as pseudoverdades, comprovadas tolices econômicas, são populares e enchem os olhos e lavam corações apaixonados, ao mesmo tempo em que os achados da genuína ciência são estupidamente rechaçados, motivo pelo qual somos o eterno país do futuro.

A paixão nacionalista, verdadeiramente, continuará travando nosso acesso ao crescimento social e econômico, e um lugar ao lado dos países ditos desenvolvidos. Como esse país precisava parar de querer reinventar a roda brasileira, e seguir as boas práticas comprovadas, de antiga ordenação, mas de eficiência e de eficácia moderníssimas! Por menos inovadores econômicos verde-amarelos, por mais seguidores do grande Adam Smith.

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Alex Pipkin

Alex Pipkin

Doutor em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS. Mestre em Administração - Marketing pelo PPGA/UFRGS Pós-graduado em Comércio Internacional pela FGV/RJ; em Marketing pela ESPM/SP; e em Gestão Empresarial pela PUC/RS. Bacharel em Comércio Exterior e Adm. de Empresas pela Unisinos/RS. Professor em nível de Graduação e Pós-Graduação em diversas universidades. Foi Gerente de Supply Chain da Dana para América do Sul. Foi Diretor de Supply Chain do Grupo Vipal. Conselheiro do Concex, Conselho de Comércio Exterior da FIERGS. Foi Vice-Presidente da FEDERASUL/RS. É sócio da AP Consultores Associados e atua como consultor de empresas. Autor de livros e artigos na área de gestão e negócios.

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