fbpx

A lição do caso Lázaro aos desarmamentistas

Print Friendly, PDF & Email

Após vinte dias de fuga, Lázaro Barbosa, conhecido nas redes como “serial killer do DF”, foi finalmente tirado de circulação. Tendo entrado em troca de tiros com a polícia, acabou baleado, tendo o óbito confirmado em um hospital local. Durante mais de duas semanas, o país acompanhou apreensivo os desdobramentos do caso, o que, acredito, me exime de ter que dar maiores detalhes. No entanto, vejo nas particularidades da fuga de Lázaro um gancho para tratar de outra questão: desarmamento.

Se o país acompanhou com atenção o desenlace, só podemos imaginar o quão tensa toda a situação deve ter sido para os moradores do entorno de onde Lázaro se escondeu. A tensão tinha sua razão de ser, afinal o criminoso deixou um rastro de sangue por onde passou. Lázaro não era um ladrão de galinhas, era um assassino frio, que, apesar de jovem (32 anos), colecionava uma longa ficha criminal, incluindo assassinatos, estupros e fugas de presídios, tendo primeiro recebido atenção nacional após chacinar uma família inteira no Distrito Federal.

Agora imaginem se o temor generalizado gerado pela fuga de um elemento como Lázaro fosse combinado com a proibição absoluta da posse de armas por civis, desiderato máximo dos desarmamentistas. Não faço aqui concessão ao bolsonarismo, afinal, armamento civil não é política de segurança pública, tampouco panaceia, mas pode ser matéria de dignidade.

Os que se opõem até mesmo à posse (não estou tratando de porte, que deve sempre ser tratado de forma separada), costumam argumentar que uma eventual reação poderia piorar ainda mais a situação, sendo a melhor estratégia “colaborar” com os bandidos, caso não seja possível chamar a polícia. Tal lógica pode até se aplicar quando estamos tratando de pessoas sem meios (tal como uma arma) e preparo para reagir, e diante de criminosos apenas interessados em roubar. Ocorre que não só de ladrões de micro-ondas é composta a criminalidade, e o caso Lázaro é um lembrete disso – ao invadir a sua casa, a última coisa em que ele poderia estar interessado é em roubar. A verdade, nua e crua, é que existem bandidos da pior espécie, assassinos, estupradores, psicopatas, para os quais a “colaboração” não terá poder de dissuasão. Ou, por acaso, recomendam os desarmamentistas que vítimas de estupros aceitem passivamente o abuso? Imagino que não.

Pouco importa dizer que se trata de um caso de exceção, pois é justamente a potencialidade da exceção que motiva civis a comprarem uma arma legalmente. Você pode não achar essa alternativa eficiente e nunca querer comprar uma arma – direito seu -, mas cercear o direito à legítima defesa, especialmente com as consequências em uma situação como essa, é simplesmente imoral. Ainda que haja um risco inerente à reação, a escolha em incorrer, ou não, nesse risco, não pode ser retirada do cidadão que cumpre requisitos mínimos e razoáveis para adquirir uma arma, do contrário lhe seria sequestrado o direito à legítima defesa, um dos direitos mais fundamentais, reconhecido até mesmo em meio a uma defesa do absolutismo no Leviatã, de Thomas Hobbes.

O fato de a fuga de Lázaro ter durado vinte dias, período em que continuou a cometer crimes, incluindo o sequestro de uma família, e com fortes indícios de que vários erros foram cometidos pela polícia local, faz cair por terra a tese desarmamentista de que as forças de segurança pública podem assegurar com total eficácia a segurança da população, sem que esta nunca seja compelida a um papel ativo. O governo não pode, afinal, colocar um guarda armado na frente de cada residência do país e uma viatura 24 horas em cada esquina. Diante dessa verdade, proibir a posse de armas por civis é uma abominação que pode condenar pessoas a sofrerem passivamente o destino que bandidos da pior espécie lhes queiram impor. Poderia ter sido esse o destino de um caseiro de Cocalzinho (GO), que alega ter trocado tiros com Lázaro, o afugentando da propriedade. Assumindo a veracidade do relato, uma arma pode ter salvado a sua vida e as dos demais moradores.

Fonte:

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/06/09/pai-e-os-dois-filhos-sao-mortos-a-tiros-e-facadas-em-area-rural-no-df-mae-esta-desaparecida.ghtml

https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2021/06/12/mulher-desaparecida-apos-triplo-homicidio-e-encontrada-morta-em-corrego-no-df.ghtml

https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/06/16/video-mostra-resgate-em-rio-de-familia-feita-refem-por-lazaro-em-goias-ouca-tiros.ghtml

https://g1.globo.com/go/goias/noticia/2021/06/15/caseiro-diz-a-policia-que-atirou-em-suspeito-de-matar-familia-em-ceilandia-e-que-ele-fugiu-depois-ele-gemeu-e-disse-que-ia-me-matar.ghtml

https://www.metropoles.com/distrito-federal/caseiro-que-trocou-tiros-com-autor-de-chacina-disse-que-ia-me-matar

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Gabriel Wilhelms

Gabriel Wilhelms

Graduado em Música e Economia, atua como articulista político nas horas vagas. Atuou como colunista do Jornal em Foco de 2017 a meados de 2019. Colunista do Instituto Liberal desde agosto de 2019.

Pular para o conteúdo