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A Lava Jato deve ser protegida de seus inimigos: de dentro ou de fora

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Caos, contestações, tramoias, terrorismo – concreto ou midiático, configurado pelo tiroteio das narrativas e das linhas editoriais. Vivemos tempos difíceis e potencialmente sombrios. Nos dias que correm, cujo peso e cuja tensão constantes sentimos todos que nos manifestamos e acompanhamos os acontecimentos, é natural que as distorções e os temores nos dividam, nos confundam, nos mergulhem em conflitos e divergências de interpretação, ainda que tenhamos visões de mundo ou concepções sócio-políticas similares, e visemos a um mesmo fim.

Verdadeiras guerrilhas de esquerda, insufladas pelo terrorismo de Guilherme Boulos, atacaram Brasília provocando incêndio e depredação, sob o pretexto de reivindicar o irresponsável fim das reformas e, também, a queda de Temer. O governo federal se obrigou a convocar as Forças Armadas para reprimir a baderna e o assalto desse exército do caos e do atraso, parasitas financiados pelas verbas do imposto sindical.

Condeno, evidentemente, esses socialistas infames em sua loucura criminosa. Também não concordo com casuísmos ao arrepio da Constituição. Considero cúmplices da sandice todos que se indignam falsamente com a ação das nossas Armas para proteger a ordem. Ainda assim, sustentei, e continuo sustentando, com base em princípios, apesar do turbilhão, a correção e moralidade da saída de Michel Temer – presidente flagrado em conduta antirrepublicana. Ao fazê-lo, houve quem me dissesse que me “cobrará” as consequências disso, como se este pobre plebeu a escrever algumas linhas sobre os dramas que nos acometem fosse o responsável por trazer o Brasil a esta situação.

Minha consciência me diz que é essa a posição a tomar, que não posso negociar minha credibilidade e mentir à minha razão por qualquer que seja o motivo. Se errado estou, ora bolas, não serei o primeiro; é viável esperar que nós, em momentos de aguda crise histórica, estejamos sempre fazendo uso do correto discernimento, sempre à altura da decisão que será melhor lida à luz da perspectiva histórica? Somos, cada um de nós, pequenos e falíveis demais para isso. Ainda me prefiro guiar pelos ditames da minha convicção ética.

De todo modo, a despeito de considerar Temer culpado, não vejo que disso provenha a consagração absoluta de todos os atos de Rodrigo Janot, do ministro relator Edson Fachin ou dos procuradores de Brasília. O outro fato gravíssimo da semana foi a divulgação dos áudios com a conversa do jornalista da Veja (que agora se demitiu) Reinaldo Azevedo e a irmã do senador Aécio Neves, sua fonte, que estava interceptada pelas investigações. O diálogo continha críticas do jornalista à revista para a qual trabalhava e denuncia o óbvio: suas simpatias tucanas, que justificam o viés recente de suas publicações. Absolutamente, porém, não se constata qualquer crime ou ilegalidade no seu teor.

Associações de imprensa e a OAB se manifestaram em sua defesa, a Procuradoria Geral da República e a Polícia Federal trataram de emitir notas para “se defender” das suspeitas de que o alastramento desse conteúdo se tenha devido a algum tipo de manobra de intimidação política, pelas críticas que Azevedo fazia à Operação Lava Jato. Não sei quem foram os responsáveis e também acho secundárias análises de tecnicismo jurídico; simplesmente uma situação como essa não é normal ou aceitável. Independentemente mesmo do fato de sermos jornalistas, se por acaso, suponhamos estivermos em conversa com alguém investigado e dissermos intimidades nada ilegais, uma eventual investigação do interlocutor justificará nos expor dessa forma? Hoje, Azevedo é a vítima. Amanhã pode ser qualquer outro.

Somando-se isso aos incômodos benefícios obtidos pelos irmãos Batista na delação da JBS e à alegação de que a PGR não levou a efeito toda a averiguação necessária do ponto de vista técnico ao admitir o (ainda assim moral e politicamente condenável, e não isolado, se incluirmos os rastreamentos e documentos que se lhe somam) áudio de Temer e Joesley, cria-se, no âmbito da Lava Jato em Brasília, uma aura de suspeita quanto, quer à isenção total, quer à competência dos seus agentes condutores.

Seja como for que nossa sensibilidade nos encaminhe nesse turbilhão, enquanto as devidas apurações se fazem e a atmosfera política se adensa de maneira cada vez mais intolerável, acredito que um fator nos deve unir: a Lava Jato e o que ela representa. Nossas lideranças políticas, encasteladas nos mais diversos partidos, dos próceres totalitários e medonhos de Lula aos oligarcas sub-reptícios do PMDB e os falsos “bons moços” do PSDB, têm interesse em adulterá-la e travá-la, de fora. Se, de dentro, parte dela se inebriar em sua imperatividade e grandeza e oferecer tropeços ou más intenções que possam fortalecer as narrativas dos que a querem eliminar – a despeito de estarmos falando neste momento de Brasília e não de Curitiba, de Janot/Fachin e não Moro/Dallangnol -, tanto pior para toda a gente de bem. Incompetentes ou mal-intencionados, os responsáveis serão, de dentro, também seus inimigos.

As torpezas presentes em todos os poderes, inclusive no Judiciário, não se podem impor sobre a efetivação da justiça sem precedentes que se aplica no país, aproveitando-se das confusões e divisões do momento, para o bem do Brasil. A Lava Jato deve triunfar sobre seus inimigos – sejam eles de dentro ou de fora.

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Lucas Berlanza

Lucas Berlanza

Jornalista formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), colunista e presidente do Instituto Liberal, membro refundador da Sociedade Tocqueville, sócio honorário do Instituto Libercracia, fundador e ex-editor do site Boletim da Liberdade e autor, co-autor e/ou organizador de 10 livros.

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