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A grande missão dos liberais no século XXI é implantar a Governança Digital

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Desconfie daquele que se diz só progressista. Ou daquele que se diz só conservador.

A sociedade humana vive processos constantes de ajustes.

Hábitos, regras, normas precisam ser mantidas e outras alteradas.

Já vi liberais se definindo como conservadores.

Sim, propriedade privada, livre iniciativa, direitos individuais, entre outras, são bandeiras que sempre estarão no mastro do barco liberal.

Porém, há mudanças que precisam ser propostas, pois o liberalismo não é um projeto acabado, mas um projeto em eterna construção, justamente por não ter um centro definidor de rumos. As pontas são inquietas.

O que falta, a meu ver, ao movimento liberal no Brasil, talvez no mundo, é o encontro entre as duas escolas que estiveram na periferia do século passado: a Escola austríaca de Economia e a Canadense de Comunicação.

A Austríaca renovou o liberalismo e apontou caminhos para a retomada liberal do novo século, que, a meu ver, é inevitável.

A Canadense estudou as rupturas de mídia no passado e nos dá bases fundamentais para compreender quem somos, como mudamos e qual foi e é o papel dos liberais nos movimentos pendulares cognitivos da história.

A Escola Canadense nos legou um novo campo de estudos, a Antropologia Cognitiva, que nos dá uma macro visão da história com análise de séculos, entre diferentes Revoluções Cognitivas (fenômenos que ocorrem com a massificação de mídias descentralizadoras).

Sob esse olhar renovado, podemos dizer que há um movimento da humanidade, movido a aumento da complexidade demográfica e as novas possibilidades descentralizadoras da nova mídia, que influenciam e influenciarão fortemente o movimento liberal do novo século.

Quando temos descentralização de mídia, a espécie inicia um processo de criação de um novo modelo de Governança da Espécie mais sofisticado, como ocorreu com a massificação da escrita, via papel impresso, a partir de 1450.

Precisamos de uma sociedade mais sofisticada, com um novo modelo de empoderamento de cada indivíduo para lidar com a nova complexidade de 7 bilhões de habitantes.

O aumento da complexidade obriga uma sofisticação da Governança da Espécie, que se inicia com a massificação da mídia.

O que quero dizer é que antes dos liberais clássicos imaginarem a república e o capitalismo, o movimento da espécie já havia começado, em 1450. É um movimento maior da tecno-ecologia, que está acima das instituições, pois ele vem de fora para dentro e de baixo para cima, a partir dos efeitos descontrolados da massificação da mídia. Mídias se descentralizam a despeito dos centros de poder.

Assim, o movimento liberal clássico foi muito mais uma interpretação de um macro-movimento da espécie, que demandava que um novo modelo de organização social fosse implantado.

Não foram os liberais clássicos que criaram as condições materiais para a mudança, eles apenas perceberam a brecha que existia e a latência por um novo modelo.

Vou mais longe.

A plástica cerebral dos leitores de papel impresso pós-idade média sofreu uma modificação e estava incompatível com uma sociedade centralizada pela monarquia e clero.

Esse novo homo sapiens 2.0 (escrito impresso) exigia uma governança mais sofisticada, que os liberais clássicos conseguiram interpretar e criar códigos sociais, políticos e econômicos que dessem vazão a essa demanda.

A mudança social, assim, começa com a demografia, pressiona a produção, demanda inovação, que  nos lega novos modelos de comunicação, que nos permitem criar novos estilos de Governança da Espécie mais compatíveis com a nova complexidade demográfica.

O ser humano é a única espécie animal que não tem limites de tamanho da espécie, pois é uma tecno-espécie que muda suas tecnologias, bem como o modelo de comunicação e de governança.

Assim, há dois movimentos liberais (ou tecno-liberais) na história:

o movimento liberal conjuntural – que é a defesa dos conceitos liberais entre Revoluções Cognitivas, que podemos dizer que foram de 1800 a 2000, com a república e o capitalismo disseminados;

o movimento liberal estrutural – que é a defesa dos conceitos liberais, porém o início de criação de novos códigos sociais, políticos e econômicos, que nos permitam criar um modelo de sociedade mais sofisticado, com a ponta mais empoderada, que nos permitam viver com mais qualidade com o novo tamanho da população, com folga para receber ainda mais gente, que foi de 1450 a 1800, como começamos agora de 2000 em diante.

(Os liberais clássicos foram beber na fonte dos gregos, que também viveram a sua Revolução Cognitiva do alfabeto Grego, ler mais sobre isso aqui.)

A nova Governança Digital é o lado progressista que o movimento liberal tem que abraçar, pois não existe nada mais liberal do que um projeto como o novo modelo de trocas do Mercado Livre, no qual milhares de desconhecidos negociam com desconhecidos, regulados por um algoritmo que permite que o consumidor saiba em quem pode confiar com menos risco em cada transação, sem a necessidade de um centro regulador: isso é Governança Digital.

Esse modelo do Mercado Livre (eita nome mega liberal esse) é a base da nova Governança da Espécie, que nos permite qualificar, a partir dele, tudo na sociedade, desde políticos, leis, decisões de massa, fornecedores, artigos científicos, etc.

Tal aplicação é variada e passa por mudanças na escola, nas universidades, nas organizações, na política, na justiça.

Detalhei aqui na palestra, em 18/05/15, para o Partido Novo, aqui no Rio, esse macro cenário, procurando as pontes possíveis entre Austríacos e Canadenses.

Há muito que conservar, de fato, pois vivemos hoje na América Latina e no Brasil um retrocesso quase próximo à monarquia, em que se quer voltar para um modelo pré-república, ainda pior do que temos hoje.

Há, porém,  uma nova geração ávida por mudanças, que precisa compreender o liberalismo como um movimento que vai dar voz a essa demanda.

Os  liberais, talvez só eles, têm cultura e tradição para promover esse movimento rumo à Governança Digital com a segurança e dinamismo necessários. É preciso, urgente, que se conscientizem do seu novo papel histórico, pois a tensão entre centralizadores e nós, descentralizadores, só tende a aumentar.

É isso, que dizes?

 

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Carlos Nepomuceno

Carlos Nepomuceno

Doutor em Ciência da Informação pela Universidade Federal Fluminense/IBICT Instituto Brasileiro em Ciência e Tecnologia com a tese “Macro-crises da Informação”. Jornalista e consultor especializado em estratégia no mundo Digital, desde 1995 com foco no apoio à sociedade a lidar melhor com essa passagem cultural, reduzindo riscos e ampliando oportunidades. Atualmente, se dedica a implantação de laboratórios de inovação digital participativos em organizações públicas e privadas, incluindo Escolas. Atualmente, tem ajudado neste campo a IplanRio, empresa de tecnologia da Prefeitura do Rio de Janeiro e a Secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro e a ANTT – Agência Nacional de Transporte Terrestre, entre outros. Professor nos seguintes cursos do Rio: MBA de Gestão de Conhecimento do CRIE/Coppe/UFRJ, Gestão Estratégica de Marketing Digital e/ou Mídias Digitais nos cursos de Pós-graduação da Faculdade Hélio Alonso (IGEC) e Mídias Digitais Interativas no Senac/RJ, bem como, em diferentes curso de pós, MBA da Universidade Veiga de Almeida, além disso, professor do IBP – Instituto Brasileiro do Petróleo. Palestrante do AgendaPolis (Brasília), onde já promoveu oito encontros sobre o tema “Governo 2.0” para organizações dos Governos Federal, Estadual e Municipal. Autor do livro “Gestão 3.0 e a crise das organizações tradicionais”, publicado pela Editora Campus/Elsevier, em agosto de 2013. Escolhido como um dos 50 Campeões brasileiros de inovação, pela Revista Info, em 2007. É também co-autor junto com Marcos Cavalcanti do primeiro livro sobre Web 2.0 no Brasil: Conhecimento em Rede, da Editora Campus/Elsevier, utilizado em vários concursos públicos, incluindo o do BNDES.

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