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A ditadura do STF

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Assistindo à ótima série em formato documentário Grandes Momentos da Segunda Guerra em Cores, na Netflix, me deparei no segundo episódio com a conhecida frase de Winston Churchill: “nunca tantos deveram tanto a tão poucos”. O pai dos ingleses se referia aos bravos combatentes aéreos da RAF (a Força Aérea Real britânica), que resistiram bravamente aos ataques da temida Luftwaffe (a força aérea de Hitler) durante a Batalha da Grã-Bretanha, em que pilotos britânicos perderam suas vidas. Constatação perfeita de um estadista que ousou bater de frente com Hitler, quando seus próprios conselheiros o instigavam a aceitar o acordo proposto pelo tirano nazista. O primeiro-ministro britânico, no entanto, sabia que, se desse a mão ao Fürher alemão, ele exigiria também seu braço.

Churchill nos deixou muitos legados, entre eles o da luta pela liberdade; mas ele só conseguiu esse feito porque soube identificar o inimigo. Isso é fundamental, tanto em uma guerra como na política ou até mesmo na vida.

Ao ouvir no documentário sua frase (com áudio original), imediatamente me lembrei do Brasil atual, dos combatentes (o povo) e do inimigo mais perigoso: o STF – que decidiu na semana passada ficar ao lado dos bandidos e acabar com a prisão após condenação em segunda instância. Sim, o Supremo se tornou inimigo dos brasileiros.

A política dinâmica e o golpe bolivariano

Até há bem pouco tempo, se dizia que uma onda capitalista varria a América do Sul. Entretanto, nos últimos 30 dias o quadro mudou. Evo Morales foi reeleito de forma fraudulenta na Bolívia – o que gerou uma comoção popular que culminou com sua queda -, eclodiram as manifestações no Chile, Macri foi derrotado nas eleições na Argentina – que tem retorno da esquerda kirchnerista representada por Alberto Fernández. O bolivarianismo voltou a assombrar e a gerar instabilidades.

Aproveitando-se disso, para piorar, o tiranete Nicolás Maduro passou a latir da Venezuela contra o “imperialismo ianque” que, acredita ele, instaurado aqui no continente, é causador de miséria . Enquanto fala em justiça social, porém, trucida o povo venezuelano com fome, escassez, repressão e perseguições políticas. A rejeição a Maduro é enorme (cerca de 85%), mas a simpatia ao modelo socialista chavista ainda é grande por lá – o que é preocupante e demonstra o estrago cultural ocasionado por duas décadas de chavismo.

Coincidência ou não, em meio a esse levante bolivariano na América do sul, no Brasil o ex-presidente Lula, condenado em várias instâncias, é solto graças ao Supremo Tribunal Federal. A Corte mudou radicalmente o posicionamento sobre a prisão em segunda instância. Para muitos brasileiros, a decisão parece orquestrada com um fim claro, que está mencionado no tópico frasal deste parágrafo.

A mais alta corte de justiça do país, que deveria ser o exemplo máximo de retidão e de idoneidade entre todas as instituições, se expõe ao não conseguir esconder que não age apenas por critérios de justiça, mas sim por ideologia. Ao soltar um traidor da Pátria, invariavelmente, trai-se a mesma Pátria. O mais grave: ao conceder liberdade àquele que foi delatado por Palocci e cia. como chefe do maior assalto já realizado à nação – recentemente também apontado por Marcos Valério como mandante do assassinato de Celso Daniel -, acabaram beneficiando mais de cinco mil criminosos condenados. Isso sem considerar o precedente que se abre a partir de agora. O estrago está feito, e é grande!

Se invertido o sentido, a histórica frase de Churchill pode definir bem esse estrago causado pelo desprezível posicionamento dos seis ministros, que teve chancela do Dias Toffoli – o pupilo do mensaleiro José Dirceu: nunca tantos foram golpeados por tão poucos.

Podre Brasil; pobre Brasil! Forte sentença? O termo “podre” serve para as instituições corrompidas; o termo “pobre” se aplica a nós, reféns da ditadura do judiciário, como diria em outras palavras o grande Ruy Barbosa.

Assim como o povo britânico defendeu sua ilha da tirania do nazismo, os brasileiros de bem não podem admitir esse golpe do STF, que tem cheiro de bolivarianismo e coloca em risco a segurança e o futuro de todos os cidadãos. É verdade que, para tanto, o povo do Reino Unido contava com Winston Churchill. Já nós temos um presidente que não se manifestou após o absurdo cometido pelo STF. Nem uma palavra proferida.

Com isso, me fica evidente que somente o povo nas ruas pode mudar o quadro e terminar com a latrina ideológica da Corte. Outro caminho é pressionar o Congresso a reverter o fim da prisão em condenações de segunda instância via PEC. Sim, agora dependemos de parlamentares e senadores – os mesmos que, em parte, estão nas mãos do Supremo.

Gostaria de findar o texto parafraseando, mais uma vez, Churchill com o emblemático “We shall never surrender!” (Jamais nos renderemos!); mas o Brasil, infelizmente, não tem o Churchill. Para piorar, é um país dominado por uma cultura rendida ao populismo barato da esquerda – o que nos leva ao mesmo problema da Venezuela. Para piorar ainda mais, o presidente eleito pela direita que se viu representada no personagem de voz imponente e combativa à corrupção, como já mencionei, se cala diante da barbárie. Um leão contra a imprensa; um gatinho contra Toffoli.

O povo boliviano, por exemplo, não se rendeu e deu um pé no traseiro de Evo Morales, após a constatação de vergonhosa fraude na eleição. Assume, interinamente, a conservadora e oposicionista ao cocaleiro, Jeanine Añez. Que aprendamos, pelo menos nesse aspecto, com os bolivianos!

E é importante que o povo tenha consciência de que ele, somente ele, pode reverter essa aberração promovida pela Corte. No domingo, milhares foram  às ruas do país para protestar – o que é um bom sinal, porque antes de dezembro o Supremo vai “julgar a conduta” de Sérgio Moro sobre o levantamento de sigilo da delação premiada de Antonio Palocci.

Dependendo do que decidir a Segunda Turma da Corte – pasmem! -, Lula pode se tornar elegível novamente.

Podre Brasil; pobre Brasil!

Não à ditadura do STF!

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Ianker Zimmer

Ianker Zimmer

Ianker Zimmer é jornalista formado pela Universidade Feevale (RS) e pós-graduado em Ciências Humanas: Sociologia, História e Filosofia pela PUCRS. É autor de três livros, o último deles "A mente revolucionária: provocações a reacionários e revolucionários" (Almedina, 2023).

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