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25/11/2015: o dia em que o Brasil começou a mudar

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“Prisão de amigo de Lula preocupa PT e Planalto: Pecuarista teria feito operação fraudulenta com Petrobrás para saldar dívida petista”, foi manchete no jornal O Globo, na sua versão impressa.

O pecuarista em questão era José Carlos Bumlai, preso pela Polícia Federal no dia anterior, na 21° fase da operação Lava Jato.

Naquela quarta-feira, a prisão do amigo de Lula teria sido o destaque do noticiário junto com o maior leilão do sistema elétrico já realizado no Brasil, no qual 29 usinas hidrelétricas foram arrematadas por um grupo chinês, ao custo de R$ 17 bilhões.

Teria sido. Não foi.

O que tomou o noticiário foi um acontecimento que marcaria não apenas o início do desmoronamento do lulopetismo, mas também a completa desmoralização do Partido dos Trabalhadores.

Jornal O Estado de S. Paulo:

“PF prende senador Delcídio do Amaral, suspeito de atrapalhar Lava Jato: Líder do governo no Senado foi flagrado em áudio tentando evitar que seu nome e o do banqueiro André Esteves fossem citados pelo ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró”.

A prisão foi autorizada pela ministra do STF Carmen Lúcia, atendendo ao pedido da Polícia Federal.

Segundo a Folha, Delcídio tentou calar Cerveró “em troca de ele não aderir ao acordo de colaboração com a Justiça, revelando as irregularidades da operação de compra da refinaria de Pasadena”, o que comprometeria Dilma, que na época ocupava a presidência do conselho administrativo da Petrobrás.

Delcídio oferecia não apenas dinheiro para a família de Cerveró, que já estava preso pela Lava Jato, mas também um plano de fuga para o exterior, primeiro para o Paraguai, depois para a Espanha.

Também foram presos o banqueiro André Esteves, dono do BTG Pactual, e Diogo Ferreira, chefe de gabinete de Delcídio, e o advogado Edson Siqueira Ribeiro Filho, que defende Cerveró.

Foi a primeira vez que um senador foi preso no exercício do mandato.

A gravação foi feita premeditadamente pelo filho de Cerveró, Bernardo.

“Primeiro, se acreditou que a esperança venceu o medo. No mensalão, se viu que o cinismo venceu o medo. E, agora, que o escárnio venceu o cinismo”, disse Carmem Lúcia no despacho.

“A delinquência institucional cometida na intimidade do poder por marginais que se apossaram do aparelho do estado tornou-se realidade perigosa”, completou o ministro Celso de Mello.

Nos 95 minutos de conversa gravada, Delcídio afirmou também que contaria com a ajuda de um ministro do STF para soltá-lo.

Na conversa, o senador garante que conseguiria anular não apenas a prisão de Cerveró, mas também as do ex-diretor da Petrobrás Pedro Barusco, a do ex-executivo da construtora UTC Ricardo Pessoa e dos lobistas Fernando Baiano e Júlio Camargo. 

No áudio em posse da justiça, consta também que Delcídio do Amaral apresentava-se a pedido de Dilma.

Fernando Baiano, que cumpre prisão desde novembro de 2014 por ter intermediado propinas em contratos na Petrobrás, havia dito em depoimento que o senador do PT recebeu R$ 1,5 milhão no esquema da venda da refinaria de Pasadena. 

G1 registrou algumas reações à prisão de Delcídio.

“É importante registrar também que não há, em nada que foi dito até agora, qualquer tipo de envolvimento ou participação do governo”. Senador Humberto Costa, do PT.

“Nenhuma das tratativas atribuídas ao senador têm qualquer relação com sua atividade partidária, seja como parlamentar ou como simples filiado. Por isso mesmo, o PT não se julga obrigado a qualquer gesto de solidariedade.” Rui Falcão, presidente do PT.

Delcídio do Amaral seria defendido pelo advogado Ricardo Tosto, que fez parte do conselho administrativo do BNDES por indicação da Força Sindical, entre 2007 e 2008, até ser preso pela PF sob acusação de desviar recursos do banco.

O BTG Pactual, banco fundado por André Esteves em 2009, cresceu na medida em que se relacionou com o governo Dilma, tendo como principal interlocutor o então ministro da fazenda Guido Mantega.

O BTG tornou-se sócio da Sete Brasil e da Petrobrás na África, num negócio feito em valores menores do que os do mercado. Foi o segundo maior doador para campanhas eleitorais do país. Ao PT, foram repassados R$ 13 milhões, ao PMDB R$12 milhões e ao PSDB R$10 milhões, num total de R$ 42 milhões. Ou seja:  PT e PMDB receberam mais da metade de todas as doações. 

Especificamente para a campanha de Dilma foram R$ 9,5 milhões. Para a campanha de Aécio foram R$ 5,2 milhões.

A prisão de José Carlos Bumlai ressuscita o caso do assassinato de Celso Daniel, em 2002, então prefeito de Santo André. Segundo o depoimento de Fernando Baiano, Bumlai foi o responsável por pagar a chantagem que o empresário Ronan Maria Pinto fazia a Lula − segundo familiares de Celso Daniel, o PT estava envolvido no crime.

O Globo publica reportagem sobre os esforços do Palácio do Planalto em impedir o movimento de cassação de Eduardo Cunha a fim de evitar que ele aceitasse o pedido de abertura do processo de impeachment de Dilma.

Pressionado e constrangido, o senado aprova por 59 votos a 13 a decisão do STF de mandar prender Delcídio do Amaral. Nove senadores do PT votaram contra, dentre eles Lindbergh Farias e Gleisi Hoffmann.

Merval Pereira comentou:

“A tentativa de Renan Calheiros de manter o voto secreto na decisão do senado sobre a prisão do senador Delcídio do Amaral foi atropelada pela pressão da sociedade, que passou o dia nas redes sociais demonstrando que o país está mudando e que seria inaceitável pelos cidadãos que senadores, a pretexto de defenderem a imunidade parlamentar, votassem secretamente pela liberdade do companheiro”.

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João Cesar de Melo

João Cesar de Melo

É militante liberal/conservador com consciência libertária.

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