Revista Banco de Ideias 34
Ensino
A Universidade Ineficaz, Renato Lima
Economia
Crescimento e Déficit Nominal Zero, Antônio Carlos Pôrto Gonçalves
Destaque
Reforma Política: Representatividade e Governabilidade, Sergio F. Quintella
Especial
O Bom, o Mau e o Feio, Uma visão liberal do fato
Matéria de Capa
Por que os Intelectuais se opõem ao Capitalismo?, Robert Nozick
Sociedade
O Consumidor e o Poder Público, João Luiz Coelho da Rocha
Livros
O Império das Massas, José Ortega y Gasset – por Rodrigo Constantino
Notas Projeto de Lei sobre “Portos Secos”
Clássicos Liberais
A Sociedade de Confiança, Alain Peyrefitte – por Roberto Fendt
Editorial
Esta edição está enriquecida pelo trabalho do filósofo e professor (já falecido) Robert Nozick, no qual ele aborda um tema que é, certamente, uma das grandes unanimidades do Ocidente. Por que os intelectuais, em sua maioria, se opõem ao capitalismo? A análise de Nozick passa longe das abordagens habituais e da avaliação do sucesso do modelo capitalista vis-à-vis as sociedades baseadas em idéias socialistas. O estudo é original, e a nós, brasileiros, ajuda a entender a esquerdização da nossa Universidade.
Renato Lima, jovem jornalista pernambucano, um dos vencedores do Prêmio Donald Stewart Jr., faz um balanço da educação universitária no Brasil comparando alguns padrões numéricos com os de outros países sul-americanos e europeus. O investimento na universidade brasileira, como função da sua renda per capita, é muito maior do que o argentino e o chileno. Gastamos com o ensino universitário, por aluno, o equivalente a 16 vezes o que gastamos com o aluno no ensino básico. Entre os países mais ricos essa relação é de 2,2. Além de tudo, a Universidade brasileira faz da greve seu instrumento mais costumeiro de reivindicação. No ano que passou tivemos 112 dias de greve. De 1980 para cá a Universidade já esteve 17 vezes em greve, totalizando três anos e meio sem aulas.
Sérgio Quintella, empresário e vice-presidente da Fundação Getulio Vargas, nos traz um ensaio sobre reforma política. O país, afirma ele, carece de implementar com urgência um conjunto de reformas, modernizando-se de forma a que possa, com êxito, voltar a ter expressivas taxas de crescimento econômico, ampliar sua participação no mercado internacional e expandir o mercado doméstico.
É exatamente o crescimento econômico o tema abordado por A.C. Pôrto Gonçalves, da FGV, quando correlaciona o déficit nominal zero ao crescimento. Ele mostra com clareza a importância da produtividade e da poupança na criação de taxas de crescimento intensivo. É possível, afirma, reduzir substancialmente as taxas de juros desde que se contraiam igualmente as despesas correntes do Estado, resultando em déficit nominal zero.
O advogado e professor João Luiz Coelho da Rocha examina os avanços ocorridos em relação ao CDC – Código de Defesa do Consumidor, tornando evidente que ao Poder Público deve caber responsabilidade igual à que ocorre em relação aos produtos e serviços prestados pelo setor privado. O serviço mal prestado pelo setor público, seja por morosidade, negligência ou leviandade, deve ter uma resposta indenizatória que contemple as regras severas do CDC aplicáveis tão abertamente às empresas privadas.
Foi difícil selecionar, no período, os destaques da seção “O bom, o mau e o feio” por razões literalmente antagônicas. À abundância de eventos negativos no meio político brasileiro se superpõe a carência de positivos. O SEBRAE aparece como réu na seleção do melhor e do pior.
Na seção livros, Rodrigo Constantino faz a crítica do clássico “A rebelião das Massas”, de Ortega y Gasset.
Roberto Fendt sumaria “A Sociedade de Confiança”, de Alain Peyrefitte. É um livro imperdível.
NOTAS examina e faz recomendações sobre o PL dos “Portos Secos”. Como você pode ver, a leitura é variada e substancial.