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Crise do mercado de capitais, não do capitalismo

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COLABORADORES

28.10.08

 
 

Crise do mercado de capitais, não do capitalismo

JOÃO LUIZ COELHO DA ROCHA*

 
 

 
 

Com a chegada desse “terremoto” que está abalando os mercados acionários mundiais, já apareceram faceiros os teóricos que atestam uma crise estrutural do capitalismo, corroborando as previsões do barbudo filósofo alemão do século XIX, cujas lições doutrinárias, prenhes de complexos pessoais e irracionalismos, foram adotadas pelos filhos de Vladimir Lênin, resultando no pesadelo político, econômico e humanitário que assolou a século XX.

Falta a visão tão simples, a constatação tão evidente, de que o capitalismo– que Renè Peroux muito mais precisamente chamava de regime de livre empresa—não está em crise, nessa está o mercado de capitais, o que é coisa diferente.

A livre empresa privada continua produzindo bens e serviços de um modo muito mais eficiente, barato e disseminado do que o Estado o faz. Fabricam-se geladeiras, televisões, plantam-se, colhem-se e distribuem-se alimentos de maneira muito mais eficaz nos países capitalistas do que se o fazia nos países socialistas do passado recente, e claro, do que acontece ainda hoje nas poucas excrescências político-econômicas como Cuba, Coréia do Norte, etc.

Desde o começo da humanidade, é fácil reconhecer nos livros isentos de História e nos dados dos organismos mundiais, nunca se produziram tantos bens, nunca se gerou tanto progresso, nunca as classes mais pobres tiveram tanto acesso a bens como nos países capitalistas modernos.

Falar-se em desigualdade, esse conceito cunhado e super utilizado para ganhar a simpatia de todos, é desviar o foco da essência da sociedade justa que o capitalismo constrói. O importante é reduzir até eliminar, a miséria, para que não se tenha gente com fome ou comendo migalhas, para que todos tenham moradia e condições básicas. E daí para cima a desigualdade é uma conseqüência inevitável da diversidade dos projetos pessoais.

Isso também o capitalismo construiu com muito mais sucesso que o socialismo.

Pois são justamente a vocação diversa, o talento e a vontade diferentes de cada um, os fatores que tornam o capitalismo o mais humano dos regimes, proporcionando a todos a chance de prosperar mais, de criar, de arriscar, de investir no seu futuro criando mais riquezas.

Os defeitos humanos inevitáveis que se acham no bojo do regime da livre empresa são encontrados em muito maior proporção, em uma grandeza bem mais avantajada, no regime socialista.

Porque a ambição desmedida, a corrupção, o aventureirismo no mau sentido são vícios muito mais perigosos quando se acham– e os exemplos históricos são contundentes– no seio do Estado, do Príncipe, do Big Brother.

Para os cristãos talvez esteja aí o pecado original manifesto, vale dizer, a arrogância, o desejo desregrado de mais poder, a busca frenética do prazer representado já pelo dinheiro em si, já atrás dele, pelo grande poder que isso representa e aparentemente gratifica.

Essa busca desenfreada provavelmente foi o desvio de conduta que provocou a crise atual no mercado de capitais. Mas ela não é sistêmica ao capitalismo, à livre empresa, e, pelo contrário, ela pelo menos é mais aberta e transparente – sujeita, pois, às devidas correções — do que se acontecesse em um Estado fechado, tipo Venezuela de hoje, onde os”amigos do Rei” se locupletam e os pobres recebem esmolas oficiais.

O capitalismo, o regime de livre empreendimento, é o sistema que melhor estimula o ser humano na busca por melhorias, em sua liberdade de escolha de caminhos, e a crise que hoje grassa no mercado de captação de investimentos em nada elimina essa superioridade manifesta—e por tanto tempo comprovada– que ele tem sobre a condução estrita, fechada, viciosa, da economia, pelo Estado.

** Advogado sócio do escritório Bastos Tigre Coelho da Rocha e Lopes Advogados

 
 

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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