Ação e Reação
Colaboradores
17.05.06
Ação e Reação
___ Gilberto Ramos*
A onda de violência que atingiu São Paulo e outros estados tem, na origem, um componente incontestável: a impunidade respaldada por uma legislação caduca. A justiça é, por definição, o equilíbrio entre o delito e a pena resultante. Nossa legislação penal está ultrapassada e a relação custo/benefício tornou-se vantajosa para o criminoso. Corrupção e assassinatos viraram manchetes habituais.
Compreendo que advogados e sociólogos, em geral, detestem matemática e física, mas seria bom que estudassem a atualidade sociológica das leis de Newton, sobretudo a 3ª, que trata dos movimentos de ação e reação: “em um sistema onde não estão presentes forças externas, toda ação será sempre oposta por uma reação de mesma intensidade e direção, porém, no sentido oposto”. Aí está, com respaldo de Isaac Newton, o “day after” que acontecerá inexoravelmente em SP e deve ser duríssimo, e que assim seja. A bandidagem que trate de se afivelar nas poltronas pois há nuvens negras no horizonte.
Mas precisamos desmistificar esse falso nexo causal que liga pobreza e violência, a qual tem mais a ver com as políticas e os políticos do que com a pobreza em si. Um bom exemplo é a comparação entre Brasil, Índia e Indonésia. Se temos 50 milhões de pessoas na faixa de pobreza, a Índia tem 500 milhões e a Indonésia outros 116 milhões, mas o contraste das taxas de homicídio por 100 mil habitantes nos humilha: a Índia tem 4,1, a Indonésia tem 3,1 e o Brasil ganha de goleada esta mórbida Copa do Mundo com seus 31,2 assassinados.
Enquanto discutimos causas conhecidas para a violência tupiniquim (educação, distribuição de renda, legislação, etc), fico alarmado com o sílêncio sepulcral sobre a questão da natalidade irresponsável. Onde estão os políticos midiáticos ? Não há de ser nada: nas próxima eleições vamos dar o troco e afastá-los. Pelo menos vamos economizar em mensalões e ambulâncias.
* Economista