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O presidente Imaturo – Parte 4

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ROBERTO BARRICELLI*

Nicolas-Maduro

Não satisfeito em roubar lojas de comerciantes, limitar o lucro no mercado e tabelar o preço dos automóveis, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou que em 2014 empresários e o setor público não poderão demitir seus funcionários.

A nova medida soma-se às anteriores em busca do desastre. Tabelar o preço de automóveis obriga os donos de lojas do setor a venderem veículos de custo baixo e qualidade duvidosa, usados sem revisão (ou com ela porcamente feita) e com todo tipo de gambiarra possível. Os consumidores terão produtos ruins a preços incompatíveis, pois um veículo bom por um preço menor é barato, enquanto outro veículo sem qualidade (uma ratoeira praticamente), ao preço de mercado de um bom, é caro.

O mesmo posso dizer das lojas de eletrodomésticos, pois o Governo ou comprará produtos ruins e com custo pequeno, ou sofrerá um belo prejuízo após o fim do estoque roubado do ex-dono.

Limitar o lucro possui efeito parecido, produtos inferiores a preços de produtos superiores. Porém, a situação piora, pois essa medida desaquece o mercado, gera menos riqueza, distribui menos renda, estagna a geração de empregos e obriga os empresários a efetuarem cortes (principalmente de funcionários).

Se analisarmos com frieza, veremos que as medidas foram criadas para “resolver” os problemas uma da outra. Por exemplo, roubar as lojas e vender produtos bons a preços ridículos faz o estoque acabar rápido, ou seja, há a necessidade de reposição e o Governo terá que vender produtos inferiores para manter os preços baixos.

Com esse problema, para não deixar transparecer que só o Governo utilizará essa tática, Nicolás Maduro tabelou os preços dos automóveis para criar a impressão de que está agindo em favor dos mais pobres, o famoso populismo, estratégia de políticos narcisistas que se acham perfeitos e monopolizadores de todas as virtudes, mas com uma necessidade muito grande de serem “amados” pelo povo (e não só por questões eleitorais, pois a própria reeleição serve mais para alimentar o próprio ego do que para conquistar o “poder”).

Contudo, tabelar os preços do setor automobilístico gera efeito parecido ao do roubo das lojas de eletrodomésticos para vendê-los a preços baixos, com um agravante, como o Governo não pagou pelos eletrodomésticos, logo, obteve apenas lucro com a venda dos mesmos, agora, como as lojas do setor pagaram pelos veículos já em estoque mais do que o preço permitido para venda, ou elas vendem esses veículos no mercado negro internacional a preços menores, porém lucrativos, ou sofrerão prejuízos consideráveis.

Isso estimula o tráfico de veículos, roubados em outros países, para a Venezuela, pois paga-se por eles menos do que valem (apesar do risco da operação) e consegue-se vender ao preço tabelado com lucro aceitável. Ou fazem isso, ou venderão veículos sucateados e de baixo custo para obter o lucro.

Notem que todos esses problemas foram gerados pelas medidas de Maduro e que cada nova medida para “consertar” o problema que ele mesmo causou, gera um novo problema que se soma aos anteriores.

Não é diferente com a mais recente medida, a de proibir demissões nos setores públicos e privados. Maduro sabe, ou foi alertado, de que suas medidas resultarão em cortes (principalmente) de funcionários para possibilitar a obtenção de algum lucro (na melhor das hipóteses, ou no mínimo evitar a falência das empresas.

E qual a atitude de Maduro ao “descobrir” que suas medidas gerariam aumento do desemprego? Decretar que as empresas não poderão demitir, como se tal medida fosse eficiente. Esta ação de Maduro demonstra sua fé inabalável em si mesmo, na sua personalidade narcisista.

Não foi considerado que tal atitude impedirá os empresários de demitirem, mas os obrigará a efetuar outros cortes? Os produtos e serviços serão ainda mais sucateados para haver a economia necessária (necessidade essa gerada pelas medidas anteriores) sem que haja corte de funcionários.

Além disso, a Venezuela passará por algo já conhecido dos brasileiros. Como os empregados terão seus empregos garantidos pelo Estado não precisarão se preocupar com o serviço exercido, ou seja, não haverá motivação para trabalharem melhor e não haverá como os empresários compensarem essa falta de motivação com campanhas, pois não haverá verba para tal.

Sabe quando você usufrui de um serviço público e é mal atendido por um funcionário público que age como se estivesse lhe fazendo um favor? Pois é, imagine isso no setor privado. É o que vivenciará a Venezuela. Com o emprego garantido não há motivação para trabalhar melhor e os patrões perderão o controle sobre seus funcionários, gerando um atrito que desgastará as relações entre empregados e empregadores. Não duvido que, por causa desse conflito gerado pelo governo, Maduro estenda a medida por mais algum tempo, desgastando ainda mais essa relação até que a tensão se torne insuportável.

Estimular uma luta entre classes é tática antiga do socialismo. Quebrar um país para depois moldá-lo ao seu gosto, também é. O socialismo é implantado na Venezuela através da quebra forçada do país, da qual os esquerdistas tirarão proveito se anunciando como “salvadores do povo” e justificando estatizações, mais roubo e arbitrariedades contra os “inimigos” criados no imaginário deles: a direita e o imperialismo. Tentarão justificar a perseguição e atos violentos contra opositores (algo que já existe na Venezuela).

O Governo gera os problemas na Venezuela através do intervencionismo e finge resolvê-los com mais intervencionismo, piorando cada vez mais a situação do país, aumentando a escassez de produtos e serviços com medidas absurdas como limitar os lucros e tabelar preços. É como tentar curar um câncer aumentando os maços de cigarro diários.

No meio disso tudo, Maduro trabalha na criação de bodes expiatórios aos quais culpar pelos resultados negativos de suas ações, como empresários, opositores e “imperialistas”; algo feito historicamente pela esquerda culpando a “burguesia” pelos problemas do “proletariado”, ou o “neoliberalismo” pela fome na África (explorada há décadas por regimes socialistas), ou os judeus pelos problemas dos Alemães (Hitler se declarou socialista e assumiu, em seu livro “Mein Kampf”, que “bebeu” muito do marxismo, além de tomar medidas claramente socialistas como o fim de direitos individuais, controle do mercado, perseguição aos opositores e muito mais).

A verdade é que a culpa, pelos problemas que a Venezuela enfrentará, é de Nicolás Maduro e ele a colocará em quem desejar.

*JORNALISTA

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Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

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