fbpx

Usar reservas cambiais para fins creditícios e de dívida é uma boa ideia?

Print Friendly, PDF & Email

dolar-voandoO Globo traz hoje uma reportagem sobre um assunto que ronda o Palácio do Planalto há algum tempo: o uso das reservas internacionais brasileiras, que hoje totalizam pouco mais de 372 bilhões de dólares, para fins de aumento do crédito na economia e pagamento de dívida externa. Esse assunto tem se mostrado polêmico e traz diferentes visões sobre o papel do Estado na regulação cambial.

Para a visão liberal, especialmente a mais radical, não é papel do Estado fazer política cambial. Câmbio reflete preço de moeda, e política cambial é, em última análise, política de regulação de preços pelo Estado, o que traz completa ojeriza a todos os que possuem uma mínima racionalidade econômica.

Logo, o Estado não deveria possuir tais reservas internacionais, deixando o preço cambial livre. O fortalecimento da moeda deve ocorrer naturalmente a partir da não expansão da base monetária e de uma política fiscal verdadeiramente austera. Com isso, nossa moeda sempre estará em boa posição frente às demais, sendo uma moeda forte um claro indício de saúde financeira de uma nação.

Mas o que fazer com esses 372 bilhões de dólares, estando o Brasil em uma situação econômica precária justamente porque estimulou o consumo creditício através de empréstimos insustentáveis geradores de maus investimentos?

Estamos em um período de grave recessão justamente porque esses maus investimentos estão em grande liquidação, gerando dor e desespero para a população, especialmente a mais pobre. Adicionar mais 372 bilhões de reais em créditos, com expectativa de até 3 trilhões de reais em estímulo creditício, em virtude das regras do Acordo de Basileia, seria uma completa irresponsabilidade. Como medida anticíclica, até poderia amortecer momentaneamente a crise, mas geraria uma crise ainda maior alguns anos depois, quando na verdade precisamos é interromper esse círculo vicioso.

Além disso, esse gesto teria um gigantesco efeito inflacionário e, se não fosse suficiente, reservas internacionais criam segurança para os investidores, dentro desse viciado mercado que adora alguma segurança estatal, sendo sua dilapidação mais um fator de instabilidade em um período totalmente instável.

Isto posto, me parece muito atraente a ideia de uso dessas reservas para fins de quitação da dívida pública, especialmente se for feita através de leilão inverso da dívida, onde os  devedores com maior dívida, como os detentores de precatórios de longo prazo, ofertariam grandes deságios para receber o dinheiro devido. Essa seria a melhor maneira de uso desse recurso, mas o fim das reservas internacionais e de seu uso como manipulação dos preços cambiais só podem ser seriamente discutidos em um ambiente político minimamente são, o que não ocorre nos tempos de hoje.

O PT trazer esse assunto a tona nesse momento é de uma infelicidade típica desse partido.

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Bernardo Santoro

Bernardo Santoro

Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ), Mestrando em Economia (Universidad Francisco Marroquín) e Pós-Graduado em Economia (UERJ). Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ. Advogado e Diretor-Executivo do Instituto Liberal.

Pular para o conteúdo