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Sobre Eduardo Paes e o petismo (II)

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ptpaes2Nota do editor: Este artigo faz parte de uma série em três partes, a ser publicada ao longo do dia, em que os autores expressam seus posicionamentos a respeito da relação entre Eduardo Paes e o petismo/lulismo. 

Sei que esse vai ser um dos meus textos mais impopulares. Vou ainda por cima, discordar, desta vez, de outro amigo, o Alexandre Borges. Vamos lá:

Está cada vez mais difícil de defender o prefeito do Rio, Eduardo Paes. A cada declaração de amor patética à presidente Dilma, eu procuro uma lixeira para vomitar. Mas qualquer um que o conheça sabe que ele não tem absolutamente nada de lulista ou dilmista. Zero. Nem de direitista. Nem de tucanista. Nem de porra-nenhumista. Apenas faz uma conta simples: Dilma Roussef, que ainda tem a caneta, tem o poder de decidir o seu futuro político.

Em sua cabeça, se Paes abandoná-la, em meio a um ajuste fiscal, poderá perder a verba federal para as dezenas de mega-obras em andamento na cidade – revitalização da zona portuária, corredores BRT, metrô, viadutos e arenas olímpicas, que formam um pacote de intervenções jamais feito por qualquer outro prefeito por aqui. Se seguir a estratégia do rompimento, correrá o risco de simplesmente não entregar as obras que deveriam consagrá-lo e, mais importante, de arriscar os Jogos Olímpicos. E dirá adeus a qualquer pretensão presidencial que tiver.

Caso Paes continue apoiando a presidente moribunda, sofrerá o desgaste político de associação a ela, é verdade, mas terá a certeza, como seu maior aliado, de que continuará recebendo o já escasso dinheiro da União. Entregará um Rio completamente transformado. Depois, poderá abandonar o lulismo e dilmismo com o mesmo desprendimento que descartou o tucanismo em 2007. E continuará sendo, no curto prazo, o único quadro relevante do partido do futuro presidente Michel Temer – que não poderá se reeleger. Não haverá candidato mais forte à presidência em 2018.

Eu concordo com sua estratégia maquiavélica e completa falta de compromisso com alguma linha ideológica? Como disse, ela me causa náuseas. E, apesar de ter trabalhado para ele em um passado longínquo e azulado, Eduardo Paes e eu estamos hoje em posições diametralmente opostas no espectro político.

Mas não se engane: trata-se de um político não alinhado com Foro de São Paulo, sob quem não pairam suspeitas éticas relevantes, com um razoável bom senso, respeito ao setor privado, boa relação com o empresariado, habilidade para transitar entre todos os partidos, um tremendo gestor e um cão de trabalho incansável. Ninguém me contou nada disso, eu vi pessoalmente.

E, no mundo real, isso é o melhor que teremos para o momento. Lamentavelmente, não tenho qualquer falsa esperança de um liberal-conservador convicto, capaz, com suporte político e chances de vitória na corrida presidencial de 2018. Os que tiverem apenas boas idéias, mas sem a capacidade de execução devem ficar no parlamento, ao qual pertencem e desempenham um papel fundamental. Como o próprioAlexandre Borges já disse, a política real é para quem tem estômago.

Em português claro: eu prefiro Eduardo Paes a Bolsonaro como Presidente da República, apesar da minha imensa e notória admiração por este último.

Agora podem sentar o pau em mim à vontade.

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Paulo Figueiredo Filho

Paulo Figueiredo Filho

Cursou Comunicação Social e Economia na PUC-Rio e é bacharel em Filosofia. Teve significativa passagem pelo setor público como assessor especial e chefe de gabinete no Governo do Estado e na Prefeitura do Rio de Janeiro. De volta à iniciativa privada, hoje atua como CEO do grupo Polaris Brazil, à frente de empreendimentos imobiliários e hoteleiros de porte internacional, incluindo o Trump Hotel do Rio de Janeiro.

4 comentários em “Sobre Eduardo Paes e o petismo (II)

  • Avatar
    17/12/2015 em 3:05 pm
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    Prezado Paulo,
    também acho que o Bolsonaro não tem perfil
    para cargos no executivo, muito melhor se sair candidato ao Senado em 2018, mas
    deixando a disputa presidencial que ainda está muito longe e falando da corrida
    a prefeitura no próximo ano, eu lhe pergunto, por que você não sai candidato a prefeito
    do Rio? Já está mais do que na hora de termos um candidato com capacidade executiva,
    bagagem intelectual, convicções sólidas e que não deva favores ao governo ou a
    partidos, muitos no Rio acham que Bernardinho e até mesmo, pasmem, Luciano Huck
    se encaixem nesse perfil, não eu! É desanimador
    que o NOVO não apresente um candidato e não tenhamos em outros partidos alguém com
    esse perfil, quanto a Paes, foi meu contemporâneo na PUC e desde aquela época nunca
    tive dúvidas de que era um canalha, torço muito para que ele se afunde para
    sempre com Dilma, Lula e o PT.

  • Avatar
    17/12/2015 em 10:44 am
    Permalink

    Como que um liberal pode aceitar esta alocação de recursos públicos feita por Paes e Brasília sem critério?Acho que ao autor está defendendo a amizade com o alcaide.

  • Avatar
    17/12/2015 em 10:34 am
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    Parei de ler em “sob quem não pairam suspeitas éticas relevantes”. Estou cansado de tanto cinismo e desinformação na mídia em geral! POXA, até aqui no Instituto Liberal não estamos livres disso? Que decepção! O nível do pessoal que acessa este portal não é o mesmo da manada que pasta diariamente na Folha, Uol, Globo, etc.

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    16/12/2015 em 7:29 pm
    Permalink

    Concordo com a sua opinião! Vejo o Paes como um político pragmático. Em verdade, não há esquerdistas, bolivarianos ou lulistas-dilmistas no PMDB, que é um partido essencialmente conservador. Todos a ala que se alinha ao governo o faz por pragmatismo político e porque ainda vê benefícios nessa proximidade. No caso do prefeito do Rio, tais benefícios são evidentes: a aliança é necessária para manter o fluxo de recursos que alimenta as reformas urbanas em curso.

    Escrevi um comentário um pouco mais sobre o assunto no artigo do Bernardo Santoro.

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