Retórica com ignorância econômica
O populismo, o bom-mocismo desarrazoado e, especialmente, a ignorância econômica são características marcantes da “humanística” esquerda partidária. O grande mote desses “humanistas” é a distribuição de renda; porém, eles esquecem que a renda, a riqueza, não dá em árvore, ela precisa ser criada. Quem a cria são os “malvados capitalistas”.
O coletivismo, segundo todas as experiências pragmáticas, só conseguiu distribuir aquilo que plantou, ou seja, pobreza e fome. Não obstante, é a coqueluche latino-americana. É lamentável constatar que sistematicamente não é só a turma canhota benevolente que crê em fantasias e sofre de insuficiência de conhecimento econômico comprovado.
Já escrevi várias vezes sobre o tema, mas sempre me deparo com sujeitos razoáveis que caem na tentadora falácia do “compre do Brasil, compre do RS”. Kahneman e Thaler têm razão, poucos acionam o sistema 2… Desafortunadamente, esse lema é um tremendo equívoco – comprovado, um protecionismo causador de inúmeros estragos a saúde econômica, física e mental dos gaúchos e dos brasileiros.
As políticas nacional-desenvolvimentistas, introvertidas, que se verificaram nos governos petistas, por exemplo, são enganosas e burlescas, e conduziram o país a investimentos errados, redundando em produtos e em serviços mais caros e de pior qualidade.
Será que é necessário, por exemplo, lembrar o que aconteceu com os investimentos no polo naval de Rio Grande, durante a era petista? Em 1776, Adam Smith já enfatizava os benefícios do livre comércio e da troca de produtos por meio da especialização. Ninguém, tampouco algum país, pode ser “tudo para todos”.
Poucos atentam para o fato de que a importação é uma forma de produção indireta, tendo normalmente uma melhor relação custo-benefício. Iniciativas protecionistas são cobertores da ineficiência, uma vez que auxiliam empresas que não são produtivas, pois, caso não haja proteção, essas organizações deixam de ser competitivas.
O “compre o nosso”, auxilia intensamente somente a parte de “empresários” brasileiros que mantêm relações nada republicanas com alguns agentes estatais – esses são os grandes beneficiários dessas políticas. Atualmente, sentimos na carne os malefícios do grande chavão estatista nacional “o petróleo é nosso”.
Apesar de tudo isso, muitos ainda são aderentes a esse enfadonho clichê, embora a maioria perceba que não precisamos ser donos de nada. Necessitamos mesmo de produtos e de serviços de qualidade a preços mais baixos, isto é, de uma melhor relação custo-benefício.
O puro conhecimento econômico nos ensina que são os mercados mais livres e abertos aqueles capazes de gerar maior crescimento econômico e social para as populações. O que criará as condições para que os brasileiros tenham mais empregos, mais renda e mais prosperidade são políticas essenciais de abertura econômica efetiva, de uma reforma tributária simplificadora e redutora de tributos, de uma que elimine a estupenda burocracia que não agrega nenhum valor, além de uma mais profunda reforma em nível de relações trabalhistas.
Conhecimento econômico – e fato – é que mercados mais abertos e o comércio internacional trazem maior prosperidade. Ignorância econômica, populismo – e engodo – é que comprar de produtores “locais” é a saída para a economia e para a melhoria social.
Os populistas chutadores nunca estiveram tão em voga.