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Sobre A Mentalidade Anticapitalista

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A obra A Mentalidade Anticapitalista de Ludwig Von Mises, publicada originalmente em 1956, não poderia ser mais atual. Quantas pessoas e quantos exemplos vemos, rotineiramente, nas redes sociais, daqueles que dizem serem contra o capitalismo? Artistas, intelectuais e figuras públicas que deveriam ser capazes de entender a importância e a necessidade desse modelo econômico, se manifestam veementemente de forma contrária. Pensamos: por que esses indivíduos pensam e agem dessa maneira? O que os motiva, não são eles capazes de enxergar o óbvio? A resposta para essas perguntas é muito bem apresentada pelo autor, que nos ajuda a reconhecer os cinco principais grupos sociais que defendem a mentalidade anticapitalista e as causas e consequências desse movimento.

Ludwig von Mises foi um dos maiores economistas e filósofos do século XX; desenvolveu uma ciência para análise da economia, baseada no axioma de que os seres humanos individuais agem propositalmente para atingir metas desejadas. Defendia que a única política econômica viável para o ser humano seria o laissez-faire irrestrito, de livre mercado, de respeito à propriedade privada e com Estado limitado a defender as pessoas e a propriedade. Escritor de grandes obras, Mises influenciou pessoas importantes do cenário político de sua época.

O primeiro capítulo, “As Características Sociais do Capitalismo e as Causas Psicológicas de Seu Descrédito”, inicia explicando historicamente de que forma o modelo capitalista permitiu a contínua melhoria da qualidade de vida das pessoas. Segundo o autor, o sistema de lucro torna prósperos os bem sucedidos em atender da melhor forma às necessidades das pessoas, sendo a riqueza apenas conquistada pelo seu próprio mérito e desempenho. Neste modelo, somos livres para evoluir de acordo com nossas conquistas e não somos reféns de sistemas de castas que não permitem a ascensão social.

Mises nos, apresenta, também, cinco grupos sociais que detestam o capitalismo e as suas motivações:

• Os frustrados: pessoas que não foram capazes de alcançar satisfatoriamente as suas ambições através de seus próprios feitos. A estes, a dureza do capitalismo torna evidentes suas derrotas e deficiências, sendo preferível optar por um modelo em que sua posição social será a mesma, independentemente de seu desempenho.

• Os intelectuais: grupos de profissionais, como médicos, advogados, professores e outros, cujo ego é atingido pelo melhor tratamento dado aos colegas de trabalho de melhor proficiência. A aversão ao capitalismo é proveniente do ódio pelo sucesso dos “colegas”.

• Intelectuais americanos: grupos de autores e cientistas que não fazem parte da considerada alta sociedade americana, formada por empresários e famílias ricas. Consideram os homens de negócios como bárbaros que vivem para o dinheiro. Sentem-se insultados por aqueles de menor escolaridade que possam vir a ganhar mais do que eles, não entendendo que quem oferece e produz mais daquilo que é de interesse das pessoas recebe o que lhe convém.

• Trabalhadores de colarinho branco: vaidosos, imaginam-se parte da elite gerencial das empresas, ficam furiosos ao saber que muitos operários braçais recebem maiores salários e são mais considerados do que ele. Para eles, é uma vergonha que o capitalismo não valorize o seu trabalho “intelectual” e dê tanta atenção ao simples trabalho pesado dos “incultos”.

• Os primos: pessoas pertencentes a famílias com elevado patrimônio, mas que não fazem parte da gestão ou da produção de riqueza. Consideram-se prejudicados pelos acertos que regulam as suas relações financeiras com a riqueza da família, acreditam que devam receber da mesma forma que os demais, independentemente da sua contribuição para a manutenção ou o aumento do patrimônio.

• Os artistas de cenário global: artistas que vivem do entretenimento, um recurso intangível, sendo capazes a qualquer momento de caírem no esquecimento e serem suplantados por outra novidade do momento. Vivem ansiosos e temerosos pelo futuro, e, por isso, o comunismo se torna atraente a eles, como uma verdadeira oportunidade de libertação.

Em seguida, no segundo capítulo, Mises mostra como o homem comum enxerga o capitalismo. Identifica como muitos não reconhecem que o progresso tecnológico dos últimos anos foi proporcionado pelas políticas econômicas que levaram ao seu desenvolvimento, acreditam que aperfeiçoamento material progressivo é algo automático. O autor também nos mostra como os termos “capitalismo” e “capital” são empregados, pela maioria das pessoas e por agências de propaganda, com uma conotação ruim. O que, na verdade, esconde que o verdadeiro progresso só é possível através do capital investido pelo acúmulo de poupança.

No terceiro capítulo, Mises aborda como o capitalismo encoraja a literatura e a liberdade de expressão. No passado, escrever era um passatempo acessível apenas para nobres e ricos, os autores pobres não conseguiam sobreviver dos frutos do seu trabalho. O advento do capitalismo proporcionou a evolução do mercado para os produtos literários, tornando os livros mais acessíveis às massas. No entanto, os críticos alegam que essa foi justamente a decadência da literatura, um grande volume de livros ofertados, mas em sua maioria de baixa qualidade em conteúdo. É evidente que eles esquecem que o autor escreve aquilo que o público deseja consumir. A pequena oferta de livros notáveis é apenas um reflexo do desejo da população de ler livros de conteúdo ruim.

Não é coincidência que, ao tratar da liberdade de imprensa, Mises parece descrever fielmente os atuais atos de prisões inconstitucionais orquestradas pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro. Segundo o autor, em comunidades socialistas, o governo tem poder de decisão sobre aquilo que pode ou não ser publicado. Assim, o Estado se torna o principal instrumento de opressão com o boicote a autores, editores e jornalistas que escrevam contra o governo.

O quarto capítulo aborda e confronta temas de objeções não econômicas ao capitalismo: o capital não traz felicidade, o sórdido materialismo, a injustiça social, a busca capitalista por uma falsa liberdade e o caminho da cultura oriental. A seguir, elenco alguns raciocínios apresentados no capítulo pelo autor:

• Argumento da felicidade: possuir um carro, ter uma casa ou adquirir um aparelho de televisão pode fazer um homem feliz? Talvez a aquisição de bens materiais não traga a felicidade plena na vida de uma pessoa, mas com certeza os bens e as posses são capazes de tornar nossas vidas mais fáceis e confortáveis, e não por isso merecem demérito.

• Materialismo: teria o capitalismo afastado o homem dos objetivos mais nobres e elevados? Teria a larga produção aniquilado a era da qualidade e da excelência? O que vemos aqui é que o homem é o único responsável por suas escolhas e por seus gostos; o capitalismo apenas permitiu o acesso a diversos bens e recursos antes não alcançados, como a literatura, a arte e a música. A oferta de conteúdos de baixa qualidade é reflexo apenas do gosto e do interesse das massas, e permitiu a muitos terem acesso a bens antes impossíveis de serem possuídos com o capital disponível. Móveis e casas baratas de larga produção trazem conforto, comodidade e segurança a muito mais pessoas hoje do que no passado.

• Injustiça: teria a natureza nos presenteado com parcelas de tudo que é oferecido à humanidade? Seriamos nós todos herdeiros de uma parte de tudo o que há disponível no mundo? Essa falsa doutrina de justiça natural e divina foge à realidade; a natureza não é generosa, ela restringe o fornecimento de todas as coisas essenciais a sobrevivência humana, possui forças e elementos capazes de aniquilar nossa espécie. Tudo o que o homem hoje possui foi proveniente da sua capacidade de cooperar através do trabalho, criando riquezas a partir do uso da razão e dos recursos escassos disponíveis.

• Liberdade: disfarçado de comunismo, socialismo e planejamento, o antiliberalismo tomou conta da mente das pessoas, camuflado de superliberalismo. Esses que, na verdade, buscam a abolição da liberdade individual e a instalação da onipotência do governo, usam do falso raciocínio de que a liberdade em uma sociedade laissez-faire só é atingida por quem possuir riquezas ou a oportunidade de comprá-la. Este argumento é apenas uma desculpa para aqueles que tentam esconder as falhas da própria inferioridade e sua falta de capacidade de realização. Concluem que o Estado deve efetuar a “justiça social”, presenteando a mediocridade frustrada de acordo com as suas necessidades.

O quinto capítulo é uma breve finalização da obra, em que o autor comenta sobre uma falsa frente anticomunista que deseja o comunismo sem as características inerentes a esse modelo. Segundo o autor, esse grupo faz uma distinção ilusória entre comunismo e socialismo, fingem rejeitar as aspirações ditatoriais do movimento, querendo levar a crer que existe um totalitarismo não totalitário. O grupo insulta o capitalismo sempre que recebe uma leve objeção ao comunismo e, para Mises, um movimento “anti qualquer coisa” possui uma postura puramente negativa e nunca terá a menor chance de sucesso.

Dessa forma, a obra surpreende pelas opiniões claras e diretas do autor, que não economizou em palavras para explicar as características do movimento anticapitalista. Nessa perspectiva, o leitor perceberá o embasamento fornecido, que nos permite enxergar as fraquezas de caráter e ilusões que levam alguns a desacreditar o modelo econômico que mais proporcionou prosperidade à humanidade.

*Amanda Viera Reginatto – Associada II do Instituto Líderes do Amanhã.

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