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Resenha: O Chamado da Tribo

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O livro O chamado da tribo, de Mario Vargas Llosa, consiste em um ensaio no qual o autor destaca sete pensadores que o ajudaram a desenvolver uma linha liberal de pensamento. Esse ciclo de estudos veio após o seu desencanto com a Revolução Cubana e seus ideais socialistas.

Jorge Mario Pedro Vargas Llosa é um escritor, político, jornalista, ensaísta e professor universitário peruano. Ganhou grande reconhecimento na década de 1960 com romances como “A Casa Verde” e “Conversação na Catedral”. Além dos romances, Llosa se destacou por obras jornalísticas e críticas literárias. Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 2010.

Em O chamado da tribo, Llosa descreve detalhadamente a linha de pensamento de sete autores que formaram sua base de leitura durante seus anos de frustração com o socialismo: Adam Smith, José Ortega y Gasset, Friedrich Hayek, Karl Popper, Raymond Aron, Isaiah Berlin e Jean-François Revel.

Segundo o autor, optar pelo liberalismo foi um processo, acima de tudo, intelectual, de vários anos, muito ajudado pelo fato de ter residido na Inglaterra durante o governo de Margaret Thatcher.

Em suma, quando teve um contato mais próximo com movimentos coletivistas, Llosa percebeu que estes nunca defenderam a liberdade, pelo contrário, falavam sobre dominação e poder. Ao entrar em contato com as ideias liberais, percebeu que a liberdade era o valor central, devendo manifestar-se em todos os domínios: econômico, político, social e cultural.

Sobre Adam Smith, fica clara a defesa pela propriedade privada, uma vez que os governos surgem quando os membros das comunidades tomaram consciência da sua importância.

Entenderam que a propriedade deveria ser protegida por leis e autoridades que a fizessem cumprir.

Em Teoria dos Sentimentos Morais, Adam Smith observa que o homem nasceu com a necessidade de agradar os seus semelhantes e é isso que mantém a sociedade humana estável e em progresso. Trata-se de um estudo sobre as relações humanas e a maneira como estas permitem que uma sociedade funcione e surja uma solidariedade básica em seu seio, impedindo a sua desintegração.

Ao analisar outra obra de Adam Smith, fica claro que Llosa vê no livre mercado a única forma de se ter uma sociedade justa e livre. A Riqueza das Nações mostra que o livre mercado é o motor do progresso. Sem propriedade privada, igualdade dos cidadãos perante a lei, rejeição dos privilégios e divisão do trabalho, não há progresso nem justiça. Além disso, a propriedade que cada homem tem do seu próprio trabalho é a mais sagrada e inviolável, porque é a base de todas as demais.

Sobre Ortega y Gasset, o entendimento sobre o comportamento das massas fica evidente na formação de opinião de Mario Vargas Llosa. A massa consiste em indivíduos que perderam sua individualidade, abrindo mão de pensarem por si próprios, com seus próprios valores e convicções. Isso abre espaço para a implementação de sistemas, totalitários, como o fascismo e o comunismo. Llosa compreende esse movimento como um retorno ao primitivismo, ou seja, a perda da racionalidade em detrimento da busca de aceitação pelo grupo.

O terceiro pensador analisado por Llosa é Friedrich von Hayek. O autor não economiza elogios à obra de Hayek, afirmando que “suas ideias são tão renovadoras no campo econômico como na filosofia, no direito, na sociologia, na política, na psicologia, na ciência, na história e na ética. Em todos eles, manifestou uma originalidade e um radicalismo que não tem comparação entre os pensadores modernos”.

Em Arrogância Fatal, Hayek mostra que a capacidade de progredir é o que distingue o homem dos demais seres vivos. Essa progressão surge de “ordens espontâneas”, como a linguagem, a propriedade privada, a moeda, o comércio e o mercado. Isso transformou o meio em que se vive e não foi planejado. Por outro lado, o planejamento central defendido pelo socialismo não funciona, sendo o maior erro desse sistema. A pretensão de elaborar um modelo econômico central só é possível mediante a força.

Sobre Karl Popper, destaque sobre a sua percepção sobre a verdade, a qual é sempre provisória, durando enquanto não é refutada. Para se constituir uma verdade, uma hipótese precisa ter sido testada e negada. Caso resista a tal processo, ela faz avançar o conhecimento da natureza e da sociedade. O mais importante, no entanto, é fazer a seguinte reflexão: não é porque uma verdade não é eterna que ela não deve ser considerada. Enquanto ela é verdade, ela é concreta.

Raymond Aron é incansável na pregação “da democracia liberal contra as ditaduras, da tolerância contra os dogmas, do capitalismo contra o socialismo e do pragmatismo contra a utopia”. Foi um grande crítico a políticas imperialistas impostas por países europeus na África, visto que esses mesmos países defendiam o liberalismo e a democracia em seus próprios territórios.

O sexto pensador analisado por Llosa é Isaiah Berlin. Este defendia com veemência a certeza de que “a responsabilidade, a liberdade de escolha, a tolerância e o pluralismo são, mais que imperativos morais, necessidades práticas para a sobrevivência dos homens”. Nesse contexto, a soberania do indivíduo que deve ser respeitada, afinal, ela é a raiz da diversidade.

O último autor estudado no ensaio é Jean-François Revel. Ele trata sobre a liberdade de expressão e aponta a deterioração de uma sociedade ou instituição sem a sua presença. Segundo Revel, a grande desgraça do século XX é ter sido aquele no qual o ideal da liberdade foi posto a serviço da tirania.

Por fim, O chamado da tribo traz uma leitura leve e repleta de conteúdo, oferecendo inúmeras oportunidades de reflexão a respeito dos pontos salientados por Llosa no exame da bibliografia de cada um desses sete autores.

*Thiago Garcia – Associado I do Instituto Líderes do Amanhã.

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