fbpx

Quem pariu Mateus que o embale

Print Friendly, PDF & Email

Joaquim_Levy_WEF2A nova equipe econômica de Dilma Rousseff foi anunciada nesta quinta-feira, depois dos comentários de Mario Guerreiro abaixo. [N.E.]

Com fraude ou sem fraude, o fato é que Dilma ganhou a eleição e não adianta chorar o leite derramado.

Ganhou, mas não ganhou, se levarmos em consideração que foi uma verdadeira Vitória de Pirro.

Digo isto porque a bancada do PT no Congresso diminuiu bastante, o número de governadores ficou reduzido à Bahia, Minas Gerais, e outros poucos pequenos estados.

No todo, se há um vitorioso no Congresso, ou melhor: vitoriosos, são os partidos nanicos. Juntos, eles formam a maioria dos representantes do povo.

Que ironia! A maioria dos representantes do povo são justamente os membros de partidecos sem nenhuma representação política efetiva.

Na realidade, eles só representam a si mesmos e aos seus próprios interesses que nada têm a ver com os interesses do povo.

Contudo, isto é causado pela ausência de uma cláusula de barreira capaz de impedir essa exuberância de siglas, uma verdadeira sopa de letrinhas, que só prejudica o bom funcionamento da democracia.

Dilma ganhou a eleição, mas o PT, longe de se fortalecer, enfraqueceu-se. Isto para não falar nos sinais de dissidência interna no partido.

O grupo do “Volta Lula!” já mostrou sua insatisfação e a renúncia da Ministra da Cultura, Marta Suplicy – que eu gosto de chamar de Martaxa Suplício em Si – é um dos sinais dessa insatisfação com o governo Dilma.

Fora esses percalços de caráter político, há ainda os não menores percalços de caráter econômico.

O pibinho está murchando cada vez mais na direção de 0 (zero); a indústria, no caminho aparentemente irreversível da indústria argentina pós-peronismo.

A inflação já ultrapassou o teto da meta inflacionária, o grau da inadimplência dos consumidores não para de crescer.

A balança comercial do País já apresenta um déficit de alguns bilhões de reais, a credibilidade junto às instituições financeiras internacionais, cada vez menor.

É mole ou quer mais?

Só mesmo uma cínica como nossa Governanta insiste em não reconhecer a grave crise politicoeconômica que vai inevitavelmente se agravar em 2015, ainda que não tivesse sido detectado o escândalo da Petrobras.

Por questões meramente eleitoreiras, ela anunciou a demissão de Guido Mantega durante sua demagógica campanha presidencial.

Mas até agora, 25/11/2014, Mantega está com a espada de Dâmocles pairando sobre sua cabeça: não foi demitido e seu sucessor nomeado.

Lula sugeriu a Dilma o nome de Henrique Meireles, um competente economista que tinha sido seu ministro e desempenhado excelente papel no cargo.

Parece que o nome de Meireles encontrou objeções da parte de Dilma e do PT. Sendo assim, Dilma sugeriu o nome de Joaquim Levy, doutor pela Universidade de Chicago e alto funcionário do primeiro escalão do Bradesco.

Somente essas duas sugestões nos permitem inferir uma complicada situação no governo Dilma:

Os nomes de Meireles e Levy indicam que Dilma está desejosa de substituir o nacional desenvolvimentismo de Mantega por uma política econômica ortodoxa, respeitando a lei de responsabilidade fiscal, cortando gastos do governo, etc.

Mas para a maioria dos membros do PT, isso significa um abominável retrocesso ao “neoliberalismo” de FHC.

Desse modo, caso Levy venha a assumir o cargo, ele e Dilma contarão com fortes pressões das lideranças do partido e até mesmo com boicotes de alguns outros ministros de seu governo.

Fosse o caso de Lula, ele daria um soco na mesa e o partido aceitaria a decisão de seu grande líder.

Mas no caso de Dilma, ela poderia dar dez socos na mesa e botar fogo pelas ventas que o partido não a levaria a sério, seja por carecer do carisma de Lula, seja por nunca ter sido aceita pelo grupo do “volta Lula!”

Ora, essa indecisão prolongada traz uma grande insegurança para o mercado, principalmente para os investidores nacionais e internacionais que não se sentem seguros para fazer investimentos.

Mas estou pagando para ver como é que a Governanta vai resolver essa embrulhada criada por ela mesma, não pela crise internacional frequentemente apontada por ela como a grande vilã.

Afinal de contas, foi ela mesma quem pariu o mostrengo, e quem pariu Mateus que o embale.

imagem: WEF

Faça uma doação para o Instituto Liberal. Realize um PIX com o valor que desejar. Você poderá copiar a chave PIX ou escanear o QR Code abaixo:

Copie a chave PIX do IL:

28.014.876/0001-06

Escaneie o QR Code abaixo:

Mario Guerreiro

Mario Guerreiro

Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor do Depto. de Filosofia da UFRJ. Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Análise Filosófica. Membro Fundador da Sociedade de Economia Personalista. Membro do Instituto Liberal do Rio de Janeiro e da Sociedade de Estudos Filosóficos e Interdisciplinares da UniverCidade.

Um comentário em “Quem pariu Mateus que o embale

  • Avatar
    28/11/2014 em 9:04 am
    Permalink

    …???????
    Quer dizer que existir muitos partidos não é lá muito democratico?

    Então para uma verdadeira democracia se deveria proibir ou pelo menos difilcultar a criação de partidos nanicos?????

    Os partidos nanicos que elegeram a maioria na democracia representativa não representam a mioria do povo?????

    Somente os grandes partidos são representativos do tal de povo numa democracia genuina????

    Eu discordo absolutamente:
    – Numa verdadeira democracia não deveria haver qualquer impedimento para candidaturas.
    – Numa verdadeira democracia até mesmo duas pessoas, ou mesmo uma, poderia criar um partido e concorrer.
    – Numa verdadeira democracia não deveria haver periodo eleitoral onde a propaganda é permitida, mas sim o tempo todo deveria ser “eleitoral” para que ideias pudessem ser debatidas e assimiladas. O pequeno período para difusão de propostas e críticas leva a que eficiencia da propaganda supere qualquer ideia eficiente. Assim, as verbas de PROPAGANDA se sobrepõem a qualquer ideia.
    – Os partidos e candidatos deveriam ser absolutamente livres, sem concessões de verba e tempo de propaganda a qualquer concorrente. Assim, todos seriam iguais naturalmente: sem as diferenças impostas por lei.
    – Não deveria haver qualquer verba estatal para partidos e estes deveriam ser como empresas, inclusive sujeitas a impostos como quaisquer outras.

    Numa verdadeira democracia a escolha dos tais supostos representantes deveria ser baseada nos principios defendidos e nas propostas responsáveis. Assim todo candidato executivo deveria apresentar uma proposta para suas realizações e se descumpridas responder por tal descumprimento com as devidas PENALIDADES a estelionatários que não cumprem seus contratos. No legislativo igualmente teria que haver uma declaração de principios, tanto dos partidos quanto dos candidatos. Igualmente com violações puníveis.

    Só assim se poderia dizer que os eleitos o foram conscientemente.

Fechado para comentários.

Pular para o conteúdo