Por que tanta informalidade nas vagas de trabalho criadas?

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A taxa nacional de desemprego foi a 12,2% no trimestre encerrado em outubro, abaixo de julho (12,8%) e acima de igual período do ano passado (11,8%), segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, do IBGE, divulgada nesta quinta (30).

Mas a ligeira melhora no período recente segue mostrando que o mercado de trabalho brasileiro está “trocando” empregados com carteira assinada por trabalhadores informais.

Das 2,3 milhões de vagas geradas no país ao longo deste ano, 75%, ou 1,7 milhão, são informais. Os postos restantes foram gerados pelo setor público. As empresas privadas geraram apenas 17 mil vagas dentro deste ano, variação considerada estatisticamente irrelevante.

“No setor privado, praticamente 100% das vagas geradas foram informais. O restante foi serviço público”, disse o coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE, Cimar Azeredo, em entrevista coletiva sobre a pesquisa.

Ou seja, só o mercado informal ou o governo estão criando postos de trabalho para reduzir o imenso desemprego deixado pelo PT. Por quê? Qual a razão disso?

O mais curioso é que até sites comunistas, como o portal Vermelho.org, divulgaram a notícia, mas não conseguem atinar para as causas do problema. São incapazes de compreender o básico de economia, para saber que são justamente as “conquistas trabalhistas” que jogam tanta gente para o desemprego ou informalidade.

Os vermelhos acham que a reforma trabalhista, que flexibiliza um pouco o mercado de trabalho, vai ser ainda pior nesse sentido. Prova de que realmente não sabem nada de nada. As vagas são criadas na informalidade porque o custo da legalidade é proibitivo!

A informalidade é o ar rarefeito que os trabalhadores são obrigados a respirar por conta da asfixia causada pelo excesso de governo. Quando o governo cria inúmeras regalias, décimo-terceiro, décimo-quarto, férias remuneradas, dificuldade para demissão, licenças de todo tipo, vales para tudo, o que ele está fazendo é condenar os menos produtivos à informalidade, na melhor das hipóteses (via de regra será o desemprego mesmo).

Os encargos, que dobram o custo do trabalhador para as empresas, não aumentam de fato o ganho do trabalhador, apenas engordam os cofres do governo e dos sindicatos. É como se alguém faminto mandasse cortar a pizza em 12 em vez de 8 pedaços. Sendo que os 4 pedaços extras, na verdade, vão para o sindicalista e o político na mesa ao lado, enquanto as fatias do trabalhador ficam mais finas…

Se João só pode pagar R$ 1 mil a José, e se sua produtividade só justifica tal ganho, quando o governo cria diversas “conquistas” que dobram o custo de José, levando o montante efetivo a mais de R$ 2 mil, João simplesmente desiste de contratar José, ou então ambos fecham um acordo na informalidade, ou seja, fora das leis, sem qualquer direito ou garantia.

Os trabalhadores brasileiros, graças aos sindicatos poderosos e à esquerda hegemônica, possuem infinitamente mais “direitos” do que os trabalhadores americanos. Mas os americanos ganham, na média, cinco vezes mais do que os brasileiros, e o desemprego é bem menor. É porque os americanos são, na média, cinco vezes mais produtivos!

Mas a esquerda ainda acha que salário é uma questão arbitrária, de “vontade política”, e que basta colocar no papel para acontecer de fato. Pessoas com uma sensibilidade mal calibrada olham os baixos salários dos pobres e ficam revoltadas, achando que basta decretar mais “conquistas” para tudo ficar bem. Esses empresários gananciosos vão aprender uma lição agora! E eis que o pobre fica desempregado ou na informalidade…

O inferno está cheio de boas intenções. Quando se trata de boa intenção! Porque no caso dos sindicatos é pura defesa de privilégios mesmo, não só do emprego dos sindicalistas, como da reserva de mercado para quem já está empregado. Sim, porque quando se cria tantas barreiras, dificulta-se a contratação, e quem já está com seu emprego acha bom. Só não é muito divertido para quem está procurando emprego.

Desnecessário dizer que os jovens sofrem mais, pois estão entrando no mercado de trabalho e, portanto, são menos produtivos, deveriam ganhar menos. São eles que pagam o maior pato por conta das medidas sindicalistas. Não é por acaso que o desemprego dos jovens em países mais socialistas, como a França, chega a 30, 40 ou mesmo 50%! Um caldeirão revolucionário sendo preparado com a pimenta sindicalista.

A informalidade é um grito de liberdade do trabalhador oprimido. E oprimido pelo estado e pelos sindicatos, que fique claro. Quem ainda coloca a culpa nos “gananciosos empresários” realmente não entendeu nada. Mas já pode pedir uma ficha de filiação ao PSOL, PCdoB, PT ou Rede. Está pronto para ser um senador do Brasil, e colaborar com a desgraça dos trabalhadores.

Já que o setor privado não consegue mesmo criar vagas formais nesse ambiente hostil, resta olhar para o estado como o messias salvador. Seremos todos empregados do estado, como na União Soviética. O sonho desses comunistas. Que maravilha!

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Rodrigo Constantino

Rodrigo Constantino

Presidente do Conselho do Instituto Liberal e membro-fundador do Instituto Millenium (IMIL). Rodrigo Constantino atua no setor financeiro desde 1997. Formado em Economia pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ), com MBA de Finanças pelo IBMEC. Constantino foi colunista da Veja e é colunista de importantes meios de comunicação brasileiros como os jornais “Valor Econômico” e “O Globo”. Conquistou o Prêmio Libertas no XXII Fórum da Liberdade, realizado em 2009. Tem vários livros publicados, entre eles: "Privatize Já!" e "Esquerda Caviar".

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