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Zé de Abreu é a cara do picadeiro global

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Não lembro onde, mas o comediante Tiririca disse que os políticos demagogos e canalhas não deveriam ser comparados a palhaços, pois os artistas circenses vivem para o divertimento do seu público, não querem mais que gargalhadas e, com sorte, alguns aplausos. Ao contrário dos palhaços genuínos, os políticos chamados de palhaços são farsantes e demagogos que buscam ampliar seus poderes a todo custo – inclusive ao custo do ridículo. Penso que Tiririca tem razão. Mas ele se esqueceu de mencionar os artistas de carreira que eventualmente se comportem como políticos, isto é, interessados em adquirir poder e prestígio por meio do grotesco e do risível.

É assim que o ator José de Abreu consegue marcar presença nos noticiários e nas redes sociais: encenando uma ridícula paródia da atrapalhada presidência de Juan Guaidó na Venezuela. Se o ditador Nicolás Maduro ainda comanda parte das forças armadas, Guaidó conta com o apoio da sociedade venezuelana, reduzida à miséria humanitária que temos visto com apreensão. Logo, o líder da oposição a Maduro enfrenta dificuldades consideráveis para superar o poderio militar do ditador bolivariano. Em vista desse quadro dramático, a gentalha como José de Abreu acha engraçado se autodeclarar presidente do Brasil, em óbvia provocação ao presidente Bolsonaro e em flagrante insensibilidade com o drama venezuelano.

O que o ator faz é capitalizar popularidade sobre a tragédia socioeconômica em curso no país vizinho. Mergulhada na pior crise de sua história, presidida por um lunático indiferente aos sofrimentos de seu próprio povo, a Venezuela é motivo de chacota para José de Abreu, que vive confortavelmente no Brasil, longe da barbárie bolivariana. A sátira ainda é aplaudida e apoiada por outros políticos e artistas, todos programados à esquerda. Zé pertence ao meio-termo entre a classe política e a classe artística: quer a influência da autoridade política; quer os holofotes e a atenção que envaidecem todo ator de novela. Em tempos de democracia e comunicação de massas, os políticos e os artistas querem aparecer e influenciar. Isto é poder: o político quer o voto como o artista quer a audiência.

Para quem já brilhou nas melhores produções artísticas da Globo, o ator agora tem de bajular políticos e seduzir a militância esquerdista com performances tragicômicas em que se exibe publicamente como o histrião da canalhada petista. É o triste fim de José de Abreu: aos setenta e dois anos, ter de macaquear o papel de presidente autoproclamado do Brasil. Um septuagenário ajoelhado diante do tribunal ideológico, submetido ao juízo soberano de jovens universitários, políticos canalhas e burocratas da pior espécie. Mas quem brinca no chiqueiro tem de conviver com os porcos, e foi assim que Zé conseguiu a façanha de ser repreendido por jovens devotos de Santa Marielle, quando anunciou no Twitter que a psolista (lésbica) seria sua “primeira-dama in memoriam”.

Zé já foi empossado “presidente do Brasil” nas redes sociais, já foi ovacionado e aclamado por militantes desocupados, no aeroporto do Galeão. É o representante oficial da classe de artistas globais que adoram posar de politizados e cultos estudiosos das questões sociais. São todos palhaços no vexatório picadeiro da infâmia. José de Abreu, como ator experiente, deve treinar tão diligentemente seus papéis que acaba se acostumando a agir como palhaço em vez de agir naturalmente. Foi assim que, em 2016, o global cuspiu no rosto de um homem que o provocou em um restaurante de São Paulo. Zé justificou a selvageria como uma resposta à altura da provocação que recebeu – foi chamado de petista. Disse ter se inspirado no cuspidor Jean Wyllys, agora de férias na Europa com a credencial lisonjeira de exilado político.

Tiririca tinha razão. Os políticos não devem ser chamados de palhaços, artistas talentosos que fazem a felicidade de crianças e adultos em qualquer circo. Mas eu prefiro completar a frase do comediante e dizer que, pela mesma lógica, há políticos que não merecem o título de artistas. E o que José de Abreu tem feito nos últimos anos além de política?

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Rafael Valladão

Rafael Valladão

Licenciando em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense. Colunista do Burke Instituto Conservador, coordenador do Students for Liberty. É professor voluntário de Sociologia em pré-vestibular desde 2014.

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